• capitulo 32 •

3.3K 343 63
                                    

Dagmar

Fui andando pra fisio. Era uns dez minutos da facul até lá. Mas também, parei umas cinco vezes nas sombras.

— Eu devo tá no Rio ou no inferno mesmo, deve ser uma amostra grátis da onde todo mundo vai parar mesmo! - Falei me abanando.

Cheguei na clínica e quase tive um piripaque com aquele ar condicionado gelado.

— Benza Deus em. Que ar bom, até parece que ta geando aqui dentro! - Falei limpando o suor da minha cara.

Derreteu metade da base da cara.

E olha que eu selo com o pó.

— Oi, é com a Viviane né? - A moça da recepção disse e eu assenti.

Ela me liberou e eu fui indo naquela mesma sala.

Eu deixei minha bolsa no chão e fui tirando o tênis.

— Tirar tênis é a mesma coisa de tirar uma calcinha fio dental depois de um dia inteiro com ele enfiado no rabo! - Falei me abanando e fazendo um coque no cabelo.

Logo veio a Viviane. Ela tinha maior paciência, ainda bem que não escolhi ser fisioterapeuta, por que eu não tenho paciência alguma, ainda mais com uma pessoa igual eu.

Toda vez finjo que minha pressão cai pra dar aquela descansada.

— Eu vi que você anda muito bem... Hoje vamos usar o choquinho, você reclamou da dor nas costas... - Ela disse e eu concordei.

******

Sai de lá e peguei um busão. Cheguei em casa e Cecília tava dando o maior faxinão sozinha e sem reclamar.

— Vou chamar todo dia João Berto pra ver se limpa todo dia sem reclamar! - Falei e ela riu.

Eu fui direto pro banho. Eu tava soada. Tomei aquela duchinha rápida e fui pro meu quarto. Me deitei lá só de calcinha e acabei capotando legal.

Acordei com a sonsa da Cecília me cutucando.

— Me ajuda! - Ela disse.

— O que caralha? - Perguntei coçando os olhos.

Ela me puxou com tudo. Eu fui até o quarto dela e tava cheia de lingerie em cima da cama.

— Qual você acha que fica melhor? - Ela perguntou.

— Qualquer uma ué. Não adianta escolher, por que no fim você vai acabar ficando sem mesmo. - Falei ela riu. - Pega a preta! - Falei saindo do quarto.

Fui pro meu quarto colocando um camisetão e sai pra janela olhando o céu que estava escuro já.

Cecília entrou pro banho e eu fiquei ali olhando tudo em volta.

Aqueles pensamentos sempre rodeavam a minha mente.

Rodeava em minha cabeça sobre aquele dia, eu tentava não lembrar, tentava deixar de lado, mas era impossível.

Eu que sempre fui mo animadona tava desse jeito, pra baixo. Nunca vou esquecer, mas posso deixar pra trás.

— Do mesmo jeito que eles me mataram por dentro, eu mato esses pensamentos e sentimentos. Não posso ficar nessa não, nunca fui assim! - Falei suspirando e soltando o ar pela boca.

LibertinagemOnde histórias criam vida. Descubra agora