Dagmar
Homem quando fica com essa cara, é por que fez merda e vai vir com aquele discurso de macho escroto.
— Fala! - Falei seca.
Ele nem tinha ido de moto.
É lógico, vai terminar e deixar que eu suba de apé.
A gente foi caminhando e ele com as mãos no bolso encarando o chão.
— O que você fez Bartolomeu? eu não tenho tempo pra essa demora toda não, eu to cansada, quero ir dormir, amanhã seis horas eu já to lá trabalhando! - Falei parando e cruzando os braços.
Ele parou e me olhou.
— Não sei se foi bagulho certo, não sinto que foi, mas minha vida vai mudar se tu não quiser continuar comigo... - Bazilho disse e voltou a andar.
Eu fiquei encarando ele andando e deu aquele frio na barriga.
Tem mulher envolvida...
Eu comecei a andar perto dele e encarei aquele céu escuro, sem nenhuma estrela.
— Quer terminar? - Perguntei.
Ele logo pegou o cigarro do bolso e acendeu.
Tá nervoso...
Toda vez que ele fumava cigarro era por nervoso.
— Eu queria mandar o papo pra ti quando nois chegar em casa! - Bazilho disse.
— Eu preciso ir em casa! - Falei.
Ele negou com a cabeça.
— Depois te levo! - Bazilho disse e eu Bufei.
Fomos caminhando até a casa dele, foi um enorme silêncio, eu ficava apreensiva.
Ou ele tinha outra pessoa, ou engravidou outra.
Quando chegamos na casa, eu vi pepa janela que a luz estava acesa. Ele entrou e logo eu entrei atrás. Eu tomei um susto com Cecília sentada no sofá com um menino.
Ela se levantou e entregou aquele menino pro Bazilho.
— Eu preciso ir, boa noite gente! - Cecília disse e saiu.
Eu fiquei ali parada encarando aquele menino que devia ter uns dois anos.
— Vai me falar que você tem um filho e só vai me dizer agora! - Falei jogando a bolsa no sofá e me sentando.
Bazilho sentou do meu lado e colocou aquele menino sentado no nosso meio.
— A mãe dele quis vender ele por droga... - Bazilho disse. - Eu vou criar, eu vou dar meus pulos entendeu? - Ele disse acariciando o menino.
Eu arquei a sobrancelha e suspirei.
— Era isso que você tinha pra me falar? - Perguntei e ele assentiu. - E por que todo esse drama? - Perguntei.
— Sei lá pô, e se tu não aceitasse a cria, vou criar como se fosse meu! - Bazilho disse.
— Aceitar o que? Uma criança que a mãe, se é que posso chamar de mãe, abandonou! - Falei me levantando. - É muito sério tudo isso, ela ia vender ele e tu pegou, tu sabe que se ela vir aqui com justiça ou sei lá que merda, ela pega de volta né?! - Falei e ele negou com a cabeça.
— Ela tá a sete palmos da terra já... - Bazilho disse e eu arregalei os olhos. - Ela veio de ideinha errada sobre a criança, e pra ajudar ela tava devendo. - Bazilho disse.
Eu engoli seco, por que eu preferi nem ter ficado sabendo disso.
— Tá e agora? - Perguntei andando de um lado pro outro.
— E agora que ele fica! - Bazilho disse.
— Você fica mais na boca do que na tua casa, e ai? Eu trabalho também, o que for pra fazer eu vou te ajudar, mas ele não pode ficar sozinho! - Falei.
— Nem com a sogra? - Bazilho perguntou.
— Preciso ver com a minha mãe! - Falei andando de um lado pro outro.
— Tava pensando da gente morar juntão também pô! - Bazilho disse.
Eu encarei ele e peguei minha bolsa. Eu peguei aquele menino no colo e encarei ele.
— Eu vou levar ele comigo! - Falei indo pra porta. - Qual é o nome dele? - Perguntei me virando.
— Thales! - Bazilho disse e eu assenti.
Comecei a descer a rua e logo senti um braço ao redor da minha nuca, eu olhei e era Bazilho.
• aperta na estrelinha •
Fazer o bem faz bem! 🙃
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Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.