• capitulo 69 •

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Cecília

Parei do lado da Rânia e ela tomou um gole da água.

— Tá curtindo o pagode? - Perguntei.

— To sim, gostei! - Rânia disse encostando a cabeça na parede.

— Do pagode ou de um cara ali? - Perguntei e ela na mesma hora me olhou.

Ela negou rindo e mordeu a boca.

— Você não disse que ele é casado? - Rânia disse. - Então, pra mim não seria um problema, mas a mulher dele tem cara de louca! - Rânia disse.

Eu medi ela e ri pelo nariz.

— Ela desfigura tua cara, tu devia respeito pro teu marido lá, e ter vergonha de desejar marido alheio! - Falei negando.

Ela deu de ombros e saiu indo pra barraquinha.

Eu fiquei olhando ela e fui caminhando até Dag que sambava com Curió.

— Lá vem o negão, cheio de paixão, te catá, te catá, te catá. Querendo ganhar todas as menininhas, nem coroa ele perdoa não. - Curió cantava sambando. - Essa música é minha pô! - Curió disse sambando no maior pique.

Eu puxei ela e Curió continuou no pique.

— Essa daí é lobo em pele de cordeiro! - Falei negando.

— Ela mesmo mostra que ela é vagabunda! - Dagmar disse. - Se eu descolar algum babado, eu deixo ela pianinho no canto dela, ai ela aprende a ter vergonha na cara. - Dag disse voltando a sambar perto do Curió.

Eu neguei indo pra perto do Tsunami e puxei ele, ele deixou até cair o cigarro.

— Qual foi Cecilia? - Tsunami disse soltando a fumaça.

— Rânia tá te olhando? - Perguntei direto.

— Quem é essa? - Tsunami disse e eu Fechei a cara. - Sei lá, eu nem olho! - Ele disse.

— Dagmar vai acabar pegando ela no pau! - Falei.

— Eu to ligado, todo mundo já descolou essa idéia dela. A mina nem disfarça pô! - Tsunami disse acendendo um novo cigarro.

*****

Tava no fim do pagode já, eu tava deitada no ombro do Tsunami enquanto ele batia maior papo com Curió.

Dagmar tinha saído com Bazilho e quando voltou eles ficaram num canto meio distante.

— Ala a pirua! - Falei.

E eu que um dia esperei tanto pra ver ela...

— Nem quis comentar, é cria do teu pai, mas ela é safada pô, vem de jogando pra cima de mim, maior tiração! - Curió disse negando enquanto bebia o copão dele.

Ela olhava os dois. Dava pra ver a inveja e o desejo. Eu olhei pros dois e eles conversavam na maior tranquilidade.

— Ela já deu em cima de você? - Perguntei me referindo a Tsunami.

— Eu não dou corda! - Ele disse e eu virei o rosto.

Eu já tava cansadona, eu me levantei e fui abraçar Curió.

— Vou vazar, preciso descansar! - Falei.

— Oloco, e se rolar perreco, pô, Miriã não tá na disposição de deboche, tu tem que tá aqui fortalecendo eu. - Curió disse.

Perreco sem Curió, não era perreco.

Ele narrava a briga, comia, ria igual uma hiena e ainda botava lenha na fogueira.

“  Falou que a mãe não é homem ”

Se não rolou até agora, não rola mais! - Falei e fui indo até minha mãe.

Eu me joguei no colo dela e agarrei.

— To indo já, to com sono! - Falei suspirando.

— Vai, eu to indo já já, teu pai o nariz de bebida, e depois fica roncando igual um trator! - Minha mãe disse.

Eu ri e me despedi da Ellen.

Eu fui me afastando delas e senti minha bexiga encher, eu fui direto pro banheiro. Fiz minhas necessidades e quando sai do banheiro, Curió me esperava.

— Corre galinhada! - Curió gritou e foi me puxando com tudo.

Eu fui andando rápido até chegar no meio do pagode.

Meu pai parado encarando tudo sério, Dagmar falando várias coisas pra Rânia, e Rânia com aquele olhar de deboche.

Eu cheguei do lado da Dag e ela apontava enquanto falava alto com Rânia.

— Tu tá achando o que? Tu quer um? Vai atrás do teu porra, tu não vem querer ciscar no quintal dos outros não! - Dagmar disse peitando Rânia.

Bazilho foi puxando Dagmar e ela foi com tudo indo pra cima da Rânia.

Ela pegou firme no cabelo da Rânia.

— To grávida gata, tu é cobrada se relar em mim! - Rânia disse com olhar de deboche.

— É? Mais grávida apanha na cara quando é necessário! - Dag disse metendo um murrão na boca de Rânia.

Ela cambaleou pra trás e meu pai entrou na frente.

— Segura tua cria Orelha! - Meu pai disse.

Orelha entrou na frente cruzou os braços.

— Qual é a idéia Dag? - Orelha perguntou.

— Todo mundo tá vendo o que essa sonsa tá fazendo, não curto brigar por macho não, mas essa tá merecendo uma boas esmurradas na cara! - Dag disse fechando o punho. A Rânia mostrou a língua no deboche e Dag ficou mais possessa. - Eu espero tu não tá mais grávida amor, eu te quebro na pancada depois, marca bem o que eu te disse! - Dag disse apontando.

Meu pai ficou sem entender eu fui até ele.

— Rânia eu te avisei! - Falei.

Meu pai me olhou e olhou Rânia.

— Nem depois de grande tu cria juízo porra. Que vacilo é esse caralho, tua noção fugiu pra puta que pariu! - Meu pai falava alto.

Tem gente, que mesmo crescendo e tomando pancadas da vida, nem assim cresce e amadurece.

— Tu não pode relar nela porra, calma, tu cobra depois, da melhor forma! - Bazilho falava pra Dag na maior calma.

— Ah calma o caralho, e tu que devia cobrar aquela ranhenta da Tati e nem foi cobrar?! Me poupe! - Dag disse saindo do pagode.

A música tinha parado, tinha sido um dos motivos que o pagode tinha chegado ao fim naquele dia. Todos começaram a vazar e eu não fiz diferente.

Aliás, eu só pensava em uma coisa. Por que o marido de Rânia nem se toca?

• aperta na estrelinha •

Não pare de sonhar! ✨

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