Dagmar
Fui pra pista pra ver um vestido pra mim.
Tinha que ser babadeiro né.
Olhei mil opções e não vi nada de bom. Fui na última loja que eu tinha visto e depois de muita procura achei um vestido.
Era o vestido babadeiro.
Era um vestido longo azul clarinho, tinha uma fenda na perna e era tomara que caia.
Eu vesti no meu corpo e sabia que era esse que seria. Tinha sido feito pra esse meu corpitcho. Realçava bastante meus peitos.
Aluguei o vestido e guiei de volta pra favela.
Eu que não ia comprar um vestido pra nem usar depois.
*****
Quando cheguei em casa, minha mãe já falava com Miriã sobre o tipo de maquiagem que iria fazer, enquanto elas embalava as lembrancinhas.
— E ai Dag, achou o vestido? - Minha mãe perguntou.
— Achei mãe, muito lindo, tem um rasgo pra mostrar essas lindas pernas! - Falei jogando o beijo no ar e indo pro quarto deixar a minha bolsa.
Fui direito pro banho depois.
Só quem mora no Rio sabe o inferno que é...
Tomei aquele banhozinho né mores, pra tirar o cc deixo do braço que a gente nem tem.
Sai do banho colocando qualquer roupa e indo pra sala.
— Aquela véia vai vir aqui ver a decoração, pra quem dizia que não ia pisar aqui antes do casamento, pelo visto daqui a pouco tá sentando pra envolvido! - Miriã disse gargalhando.
— Nariz empinado ela em, vi aquele dia, de saltinho, bolsinha da Gucci, cabelinho penteado parecendo um piriquito! - Falei tampando a boca rindo.
Por que choras Brandt?
— Coitada da Ceci aguentar aquele bicho de sogra! - Minha mãe disse.
— Ninguém é louco de mexer com a minha filha, eu desço o braço naquela velha almofadinha também. Tá fácil então, coloca filho no mundo pra primeira mal amada tratar mal! - Miriã disse negando com a cabeça.
*****
Tava escuro já, desci pra tomar aquele açaí de lei e fui pro campinho ver os meninos jogarem.
Ô água na boca...
— Nem me chamou! - Ouvi a voz de Cecília.
Olhei e ela estava com uma enorme olheira. Tava de qualquer jeito.
— Tá parecendo um espantalho em, o que tá acontecendo pirua? - Perguntei.
Ela se sentou do meu lado e passou a mão no rosto.
— Esse negócio de casório tá acabando com o meu emocional! - Cecília disse.
Deixei meu açaí de lado e suspirei amarrando meus cachinhos.
— Já te disse o que eu acho sobre isso, só você que pode dar um jeito nisso. Se não te faz bem, pula fora caralho, para de ficar insistindo em um negócio que tu não quer! - Falei.
— Eu sei Dag, mas não acho justo eu terminar tudo com o João e ficar sozinha, não vai adiantar nada, nada vai trazer o Tsunami pra mim. Eu dei pra ele o convite com uns escritos, e ele nem veio atrás. Ele tá certo eu acho, ele tá fazendo a família dele, e eu devia seguir a minha vida, com o tempo eu esqueço totalmente! - Cecília dizia mordendo a boca pra não chorar.
Infelizmente a gente não manda no coração.
— Você ainda tem menos de um mês pra tu correr atrás desse b.ozão todo em! - Falei pegando de volta meu açai.
— Se Tsunami me quisesse ele teria vindo atrás! - Cecilia disse encarando os meninos jogarem.
• aperta na estrelinha •
Peguem as pipocas pro próximo capítulo! 🤫
Seus sonhos valem a pena! ❤️
VOCÊ ESTÁ LENDO
Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.