Cecília
Três dias depois...
Ela ainda estava em coma. Já tinha realizado a cirurgia. Ellen pagou. Estava estável o estado dela. Ellen acabou avisando Orelha.
E vocês já imaginam né?
Veio Orelha, Curió e meu pai.
Meu pai nem parece que tem um morro pra cuidar. Quando é papo de quem ele gosta, ele pula na bala sem medo nenhum.
Não adiantaria nada a gente ficar lá no hospital. Uma que os três nem podia ir lá. Fomos todos pro ap. Thamara foi pra casa dela.
De começo não fui muito com a cara dela não. Mais a menina é firmeza.
— E ai? Qual é dos pilantras, aquele lá eu vou enfiar a vassoura até relar no cérebro! - Orelha disse.
Meu pai só encarava aquilo tudo.
— Vamo tira unha por unha com alicatinho pô. - Curió disse.
— Não! - Meu pai disse autoritário. - Amarra, abre as pernas dos safados e deixa os pit bull comer! - Meu pai disse.
Eu senti aquele arrepio. Que agonia.
Mas na favela é assim. Safado não passa. Estuprador não passa nem fodendo.
— Eu não preciso saber que jeito, mais mata esses caralho. - Ellen disse alto. - Aonde vão achar? Da onde eles são Cecília? - Ellen perguntou.
Esse que era o problema como a gente ia saber?
— Eu vou dar um jeito! - Falei.
Peguei meu celular e mandei mensagem pra Thamara. Ela disse que ia dar um jeito de entrar em contato com os povos que organizaram a festa.
Pra gente entrar lá, a gente teve que escrever o nome completo e o telefone.
Não sei pra quê...
*****
Thamara veio em casa do nada. A gente nem tinha dormido, viramos a noite enquanto meu pai, Orelha e Curió falava das mortes mais dolorosas pra morrer. Ellen cada vez ficava mais desesperada. A gente até tentou dar calmante, mas ela não tomava de jeito nenhum.
Thamara entrou no evento que tinha no face e foi vendo pessoa por pessoa. Eu comecei a ajudar vendo, era por volta de trezentas pessoas confirmadas no evento que tinha rolado.
Realmente, foi muita gente...
Ficamos olhando perfil por perfil.
— Achei o lazarento! - Thamara disse alto.
Eu tomei um susto. Todos vieram correr pra ver. Meu pai pegou o celular da mão da Thamara e ficou encarando.
— Oia a biografia do mano. - Curió começou a gargalhar. - “Primeiramente se eu te pegar você vai querer de novo.” Claro que vai querer de novo, pra dar umas pauladas nesse filho da puta! - Curió disse.
— Tu vai ver como já já nois descola aonde esse pela saco mora! - Meu pai disse.
Ele pegou o celular dele e tirou foto do perfil, mandou pra alguém e...
— O Tsunami é bom de ir atrás desses bagulho. Tu conhece? - Meu pai disse pro Orelha.
Eu engoli seco.
— To ligado não. - Orelha disse.
— Vocês viram ela com ele? - Ellen perguntou.
— Não, mas ela tá afim, a última vez que vi ela, ela tava se atracando com um! - Thamara disse.
Ficamos andando de um lado pro outro.
— Vamos focar na Dagmar! - Ellen disse.
Todo mundo olhou pra ela sem entender.
— Pô ela tá em coma. Eu quero foder com esse puto! - Orelha disse.
— Tá bom, mas a certeza a gente não tem nesse caralho. E se não for esse songo? - Ellen disse.
Pensa Cecília!
Encarei a Thamara e ela me encarou.
— Câmeras! - Falei empolgada.
— Eu vou procurar a que organizou e falo com ela! - Thamara disse mexendo no celular.
*****
Thamara conseguiu falar com a menina lá, depois de duas horas. Ligamos pra ela na mesma hora e ela deu o contato pra gente do dono daquele lugar. Entramos em contato na mesma hora. De começo ele não queria que fôssemos lá. Mas depois de muita insistência ele acabou marcando pra que fossemos lá de tarde.
Guiamos pra lá. Ele devia ter por volta de seus sessenta anos. Entramos naquele local. Parecia que eu via aquele montarel de gente pulando e dançando aquela música eletrônica.
— Então. As câmeras ficam ligadas 24 horas... - O senhor disse.
Ele foi caminhando, fomos indo atrás até uma sala que tinha um computador.
— Geralmente festa de faculdade assim, sempre tem algum problema, as pessoas não sabem só curtir igual na minha época! - O senhor disse sentando e ligando o computador.
Ele começou a mexer nas coisas até aparecer as imagens daquele dia. Ele passou desde a hora que começou, ele começou a apressar o vídeo e logo apareceu Dag pra fora com um cara. Eles se beijaram e logo ele se afastou, dava pra ver que ficou bravo com algo, logo já começou a agressão. Puxou ela pra fora. O senhor mudou a câmera de fora e deu pra ver ele empurrando ela e agredindo.
— E esses porra tudo olhando e não fez nada! - Orelha disse.
Tinha gente ao redor, e nada...
Mais alguns minutos depois, veio mais três pessoas. Eles começaram a agressão e eu já não quis mais ver. O senhor mudou a câmera pra ver os caras saindo pra fora e puxou zoom na cara deles.
— Tão fodidos! - Orelha sussurrou.
• aperta na estrelinha •
Meu amores, eu acho que o capítulo 21 não notificou que eu havia postado. Então quem não leu, leiam o 21. Muita luz, se cuidem!!! ❤️
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Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.