Dagmar
Me produzi toda na casa da Cecília. Coloquei aquele vestidinho agarrado, uma rasteira no pé, passei um salon line no cabelo, e aquele batomzão vermelho.
E olha que é um churras basiquinho.
— Tão pronta? - Tia Miriã disse entrando no quarto e nos encarando. - É só um churrasco, precisa disso tudo? - Ela disse rindo.
— A gente tem que tá belíssima. E se eu encontro meu presente de Deus? - Falei rindo e ela negou saindo do quarto.
A gente saiu do quarto e guiamos pra fora da casa, fomos subindo até o churrasco.
— Teu boy vai tá lá! - Cecília sussurrou e eu mostrei a lingua pra ela.
Não demorou muito e a gente já tava lá. Os gerentes das bocas tavam tudo lá, eu rodei meu olhar e vi Sasi. Ele me encarou e fez sinal de “vem” eu logo neguei. Fiz sinal pra ele ir lá fora e ele assentiu.
Eu avisei Cecília e fui saindo de volta. Eu tava indo em direção ao beco, e logo senti me abraçarem por trás.
Ai boy, nem vem que ai eu me apaixono.
A gente entrou no beco e eu encostei ele na parede, ele segurou firme minha cintura e cheirou meu pescoço.
— Tá cheirosona! - Sasi sussurrou.
— E tu tá bafônico em nego! - Falei dando um selinho.
Ele me abraçou forte e a gente ficou assim um tempinho.
— Vai embora comigo hoje? - Sasi perguntou.
Eu concordei sem nem pensar. Ele me puxou pra um beijo e logo já começou a rolar mão boba.
Quando vi eu já tava empinada, ele tava metendo em mim, enquanto eu segurava os gemidos altos. Ele segurou firme meu cabelo e a minha cintura, ele encostou a boca no meu ouvido, e ficou falando coisas sujas, eu tava já caída por aquela pica.
Ala, a quenga emocionada.
Ele bombou mais umas quatro vezes e tirou dentro gozando pra fora.
Eu me ajeitei. Ele me puxou pra um beijo e eu sai na frente. Eu entrei no churrasco. Tsunami ficou me encarando tipo...
To sabendo aonde tu tava safada.
Eu fui direto com a Cecília, quando ela me viu, ela me puxou na hora.
— Tu tá maluca? Tua boca tá toda borrada de vermelho! - Ela disse limpando.
Ela mr puxou até o banheiro e eu limpei minha boca. Passei o batom que a Cecília tinha levado e sai de novo.
— E cadê o bonitão? - Perguntei.
— Bazilho? - Cecília perguntou e eu assenti. - Ele nem chegou ainda. Mas o Tatão com a corna, tão ali! - Ela disse negando.
Quero só ver do babado.
A gente pegou um prato e fizemos aquela bela montanha de comida. Sentei perto da minha mãe e bati aquele belo prato.
Minha mãe fofocava com Miriã e Diana sobre o bonitão que se achava.
Pensa em uma pessoa que tava curiosa pra saber como ele era.
Comi uma segunda vez, terceira vez e na quarta vez eu vi Marcola entrando com um carinha. Marcola pediu silêncio e eu até parei de comer.
— Queria tá agradecendo a cada nego que fortalece a rocinha, hoje foi um dia complicado mas que a gente conseguiu mais uma vez derrotar as negada que quis a cabeça do Bazilho. Bazilhão tá de volta, vai cuidar das biqueira da parte de trás da Rocinha! - Marcola disse.
Começaram a bater palmas e logo aquele deus grego deu um tiro pro alto.
— Maior satisfação de tá aqui com vocês, fiquei maior cota lá atrás das grades, mas lili cantou, é nois rapaziada, muita fé! - Bazilho disse.
Aquele homem, cheio de tatuagens, com bigode, cabelo cacheado na parte de cima, queimado do sol.
Me abençoe senhor.
Voltou a música e ele foi pegar a cerveja.
— Você quer ele? Por que se não quiser eu quero! - Cecília disse.
— Vamos ver quem pega primeiro! - Falei rindo.
Ela assentiu e foi se levantando.
• aperta na estrelinha •
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Libertinagem
Novela JuvenilEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.