Dagmar
10 anos depois...
Eu me levantei indo até a janela e vi aquela paisagem linda que angras tinha. Guiei até o banheiro, fiz minhas higienes e fui direto pra cozinha ouvindo gritaria.
— Não me enche Bárbara, se tu vir de graça pro meu lado, eu corto tua língua! - Thales disse enquanto comia o pão bravo.
— O que é isso? É jeito de você falar com tua irmã? - Falei olhando feio pra ele.
— Ele que começou, fica falando de uns bagulhos que eu não curto comentar! - Thales disse.
Ai essa idade de doze anos, tá sendo a mais difícil, ele todo rebelde.
Tem hora que tenho vontade de arrebentar na paulada.
— Parem de discutir, eu em, mando vocês dois passar uns tempos lá na Bahia com a sua tia Eduarda, quero ver! - Falei negando com a cabeça.
— Deus o livre! - Bárbara e Thales falaram juntos.
A Duda, irmã do Bazilho, continuava insuportável como sempre, mas pelo menos sabia respeitar. Ela casou com um cara da Bahia, foi embora pra lá, e pelo o que sabemos, mora no meio do mato, nem tv tem.
— O Patrick chegou! - Ouvi a voz de Bernardo berrar.
Eu olhei pra trás vendo ele abrir a porta e correr.
Não demorou muito e Bárbara correu pra fora.
— Que animação em! - Falei encarando Thales.
— Ninguém merece o Curió perguntando toda vez “ cadê as pitchucas”. - Thales disse revirando os olhos.
Eu ri me levantando e indo pra fora vendo aquela gente toda.
— Tia Dag! - Ouvi a voz da Pérola.
Eu olhei e ela veio correndo até a mim.
Pérola era a filha da Cecília com Tsunami.
Veio menina.
Pensem o Tsunami surtando em tudo com a coitada, chega a dar dó.
— Cadê a churrasqueira? - Curió perguntou com quatro sacos de carvão.
— Pra quê tudo isso? - Perguntei.
— Pro churrasco. Aqui vai ser o dia todo comendo carne! - Curió disse vindo beijando minha bochecha.
Ele foi entrando e eu Cecília veio me abraçar.
— Ai que saudade! - Ela disse me apertando.
— Saudade do que? Faz uma semana só que to aqui, até parece que faz um ano! - Falei negando e ela riu.
Ela foi pegando as malas e entrando.
Eu fui caminhando até Marcola e Miriã e ri dos cabelos grisalhos que Marcola tinha assumido.
— Assumiu os brancos? - Perguntei rindo.
— Deixa mais charmoso, Miriã fica louquinha! - Marcola dizia gargalhando.
Eu neguei rindo e fui logo cumprimentar meus pais. Os dois já estavam brigando pro causa de uma cerveja...
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O dia todo foi ouvindo uns sambas, comendo carne e aproveitando a piscina.
— E as tchutchucas Thalão? - Curió perguntou.
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Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.