• capitulo 6 •

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Dagmar

Sábado

Sai de casa com aquela saia babado, aquele cropped todo com brilho e uma sandália que eu tinha pego da Cecília.

Ela que lute, por que eu não ia devolver.

- Ala a carniça! - Minha mãe disse.

Todos olhamos e era Paola com a mãe dela.

Elas encararam e eu gargalhei.

- Ô gentinha feia em, quando eu tiver lá em Dubai, só vai ser glamour e gente bonita! - Falei negando com a cabeça e indo.

Eu fui caminhando na frente. Meus pais sempre passavam na casa do Marcola.

Eu cheguei lá e já tava o maior pancadão.

- Hoje tem vuco na favela dia de mandelão, de mini saia nós se revela, junto com os irmão! - Cantei já jogando a raba.

Eu senti alguém me sarrar e eu encarei vendo Cecília.

- Empurra que eu sou puta! - Cecília cantou do nada.

Eu beijei a bochecha dela e ela pegou minha mão indo pra barraca.

A gente pegou qualquer bebida e saiu indo pra pista.

- O tranqueira chegando! - Cecília disse rebolando.

Eu encarei pra trás e era Tatão com a mulher. Ela chegou já me encarando.

Eu me virei e comecei a curtir o baile. Os carinha tudo chegava na Cecília. Era tudo no sigilo, se Marcola pega, é tiro no miolo do coitado.

Eu subi pro camarote sozinha. Fui atrás da minha mãe e ela não estava lá. Eu me sentei ali e enquanto mexia o corpo pra lá e pra cá eu vi Tatão com a mulher. Ela dançava no colo dele e ele fumava e falava com um cara da boca.

Eu dei um gole da minha bebida e logo parou um volume na mi ha frente.

- Só não cobiçar você, por que eu e a Ceci é bff! - Falei rindo.

Tsunami sentou do meu lado e me ofereceu um baseado, eu neguei na mesma hora.

- E Cecília? - Tsunami perguntou.

- Ela tá lá em baixo não viu? - Perguntei e ele negou. Ele foi levantar pra ir ver na grade e eu puxei ele fazendo sentar de novo. - E o bofe lá pilantrinha, você disse! - Falei fazendo bico de deboche.

Ele riu e passou a mão na minha cabeça.

- Tu tá preparada? - Ele perguntou.

- Menino do céu, eu fechar os olhos e vou achar que to numa cama elástica! - Falei me abanando.

- Logo ele encosta ai, ai eu te apresento! - Tsunami disse.

- Ai para que eu fico nervosa, ai meu Deus. Será que hoje minha menstruação desce? - Perguntei mordendo minha unha de vidro.

Ele riu negando.

- Fez uma chuca boa? - Tsunami perguntou rindo.

- Tava saindo água potável, dava até pra beber de tão limpinho more! - Falei mandando beijo e ele bateu palma.

*****

Desci até o chão, beijei um boyzinho que era da pista real, coitado do colega, ele não sabia que eu era trans, devia tá bêbado demais, quando ele colocou a mão no passarinho, ele assustou. Deixei ele lá, eu em.

Voltei pro baile e fui até Cecília que já tinha passado o rodo em vários carinhas.

Marcola que lute.

- Beija bem? - Cecília gritou.

- Ele assustou quando colocou a mão no passarinho! - Taquei a mão rindo.

Ela negou rindo e continuou a dançar. Eu comecei a dançar também e logo apareceu Tsunami, ele parou do lado no desbaratino.

- Guia pra fora cês duas! - Ele disse.

Eu assenti e peguei na mão de Cecília, ele saiu na frente e depois que ele tava uma boa distância a gente foi indo. Olhando pra todos os lados.

A gente saiu do baile e fomos descendo a rua, uns três becos depois ele tava lá. E não tava sozinho.

A gente entrou dentro do beco que tava escuro mas ainda fazia claridade das casas.

- Teu macho aê dondoca! - Tsunami disse.

O negão pegou minha mão e beijou. Quando eu vi cadê Cecília e Tsunami?

Sumiram!

Eu sai do outro lado do beco e ele suspirou.

- Tu é trans? - Aquele voz grossa soou entre a gente.

Nunca senti um arrepio e as borboletas no estômago, como senti.

Muitas vezes eu falava e ali mesmo acabava o interesse da pessoa. Por que querendo ou não, eu não parecia homem, eu tomava hormônio feminino, minha voz era bem feminina, desde de nova eu tomava, meu corpo era feminino, eu não era grande e meu rosto era feminino.

- Sou! - Falei engolindo seco.

Ele me abraçou e continuando andando até a gente descer na praça. Ele sentou ali e eu sentei do lado.

- Tu tá tensa caralho, relaxa aê! - Sasi disse.

- Não é fácil ser trans, é muito preconceito. Achei que você iria ir embora! - Falei encarando ele.

Ele era bem cara de mal mesmo, cheio de tatuagem, pistola no quadril que era bem visível de ver.

- E dai? Qual o b.o de tu ser? Relaxa, eu te conheço de cota, sei como é tua caminhada, e se eu encostei aqui é por que eu to afim! - Sasi disse.

- As pessoas falam! - Falei.

- Deixa que fala pô, ninguém tem nada haver. - Sasi disse.

Eu senti um alívio enorme. Ele me puxou e deu aquele beijão.

• aperta na estrelinha •


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