Dagmar
Meses depois...
Fácil não foi, Bazilho ficou muito tempo em casa, ele me ajudou real.
Não fez mais que a obrigação.
Ele queria que eu focasse total nos meus projetos. Que até então, Amélia me ajudou muito. Ela me fez conhecer pessoas que eu jamais imaginei ter a oportunidade de conhecer um dia.
Com ela eu viajei pro Chile, lá eu tive a maior honra de mostrar meu trabalho. Fiquei encantada pelas pessoas de lá, como as pessoas importantes dali, ficaram muito interessada sobre minha pessoa.
Ela já planejava viagens para a Argentina, Milão, Paris e São Paulo. Ela já tinha ido atrás para alguns meses que eu fosse a Milão. Iria ter Milan fashion week. Era o terceiro desfile que faz mais sucesso mundialmente.
— Tu tem que ir atrás dos teus sonhos, eu escolhi a vida do tráfico, eu não tenho mais que correr atrás de nada. Mas tu, tu corre sim, não esquenta a mente que eu cuido das cria, tu sabe! - Bazilho disse depois de me ouvir falar sobre o desfile de moda em São Paulo.
Eu lembro que quando eu estudava lá, eu pesquisava muito sobre São Paulo fashion week.
Meu sonho.
— Eu sinto que não sou tão presente na vida deles! - Falei agarrada com Bárbara.
E sim a menininha chamava Bárbara, já o menino, Bernardo.
— Tu acha que é ausente? Você só fica longe na hora do trampo, tu sabe que você é um grude com esses três cara! - Bazilho disse.
Eu dei de ombros e fui indo pro quarto. Deitei Bárbara no berço e fui ver Bernardo que dormia.
Falam que se tiver muita convivência, eles pegam traços das pessoas que moram juntos. Eu que o diga, não sei por que, mas toda vez que olho Bernardo, lembro de Bazilho.
Voltei vendo Bazilho colocando o cigarro no bolso e jogando a camiseta no ombro.
— Eu to indo, qualquer coisa manda o papo! - Ele disse e eu assenti.
Ele veio me dando um selinho e saiu.
Eu fui pra sala e me assustei vendo Thales.
— Não da pra tirar o olho de você por um minuto né! - Falei vendo que ele tinha derrubado todo Nescau no chão.
— Não fiz mamãe! - Ele disse chegando perto e acariciando minhas pernas.
Eu peguei ele no colo e coloquei na cadeirinha que tava ali perto. Comecei a limpar toda aquela sujeira.
— Tava pensando aqui... - Falei. - Consegui tudo o que eu sonhei! - Falei passando o pano pelo chão.
Eu terminei de passar o pano e peguei Thales, coloquei ele no chão e ele saiu correndo pela casa.
Eu fui indo atrás dele até ouvir a campainha tocar. Eu fui guiando até a porta quando abri vi Cecília com Patrick no colo.
— Faz tempo que não aparece em! - Cecilia disse entrando.
— Sou ocupada né?! Acha que eu ainda tenho dezoito anos? Ô época boa, eu só sabia tomar açaí vendo os bonitão jogar! - Falei rindo.
Ela riu sentando no sofá e eu fui atrás procurando Thales. Ele tava deitado na cama enquanto chupava chupeta e assistia um desenho qualquer.
Não sei como que consegue colocar em desenho. Eu fui aprender a usar a televisão esses dias mesmo.
Voltei pra sala e Cecília dava de mama pra Patrick.
— Tá enorme em. Meu Deus! - Falei sentando no sofá.
— Tu viu, só mama também! - Cecília disse. - Precisava te contar uma coisa! - Ela disse.
— Qual é da vez? - Perguntei.
— Tô grávida! - Ela disse.
Eu arqueei a sobrancelha e ela começou a rir.
Se ela soubesse o quanto que da trabalho, meu Deus...
*****
Deitei no colo do Bazilho no sofá. As crianças estavam dormindo. Devia ser uma da madrugada. Eu estava pingando de sono.
— Pensei o dia todo lá na boca... - Bazilho disse. - Quero uma goma lá em Angras, quero passar mais tempo com vocês todos juntos. Um lugar diferente, sem perigo de do nada ter que vazar por tiroteio! - Ele disse.
— Do nada assim Bazilho? - Falei e ele assentiu. - Tem que ver isso, não é fácil as coisas assim não! - Falei.
— Eu to ligado. Por isso que já comprei! - Ele disse.
Eu encarei ele na mesma hora.
— Que papo é esse? Nem me disse nada! - Falei.
— Quis fazer uma surpresa. Qual foi, não curtiu? - Ele perguntou.
— Vindo de você, eu deveria imaginar! - Falei abraçando ele.
• aperta na estrelinha •
Penúltimo capítulo...
Corra atrás dos teus sonhos! ❤️
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Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.