Cecília
Era ao total quatro pessoas no dia podia visitar a Dagmar na uti. Era duas pessoas, e depois de meia hora era mais duas...
Meu pai, Curió e Orelha tinham ido resolver. Já que pra polícia ia ser só um b.ozinho e os lazarentos sairiam pela porta da frente da delegacia.
Eu fui ver a Dag, eu ainda não tinha ido ver. Entrei naquele lugar e de longe deu ora ver o quanto inchada ela tava. Eu suspirei fundo mordendo a boca e caminhando até ela. Thamara tava comigo, não abriu a boca pra falar nada.
— Dag, sou eu a Cecília... To aqui com a Thamara! - Falei segurando a mão dela. - O dia tá bem bonito. Eu acho que não vai chover... - Falei suspirando.
— Será que ela ouve a gente? - Thamara perguntou.
— Eu não sei, mas se ouvir, eu vou vir todos os dias e falar pra ela como tá o dia... Dag gostava bastante de ficar olhando o céu. - Falei.
Thamara assentiu e ficamos falando coisas aleatórias como se Dag tivesse realmente ouvindo.
Não sei vocês, mas eu prefiro acreditar que eles ouvem...
Deu nossos trinta minutos. Saímos de lá e Thamara foi embora. Eu fui pro apartamento, eu estava cansada, sem dormir... E além disso, com a mente longe. A primeira coisa que fiz foi tomar banho e dormir, eu precisava daquilo. Ellen e minha mãe estavam na sala assistindo.
Eu dormi sem nem lembrar meu nome, sem lembrar que dia era e nem o ano...
*****
Marcola
Tsunami tinha ido atrás dos corre pra saber aonde morava. Ele trampava com uns bagulhos de motor de carro. Marcamos lugar e hora pra ele colar no local, papo que a gente queria um motor.
Otário do caralho.
O mano apareceu lá e ficou meio assustado. Olha o naipe nosso também. Veio todo malandro, até tropeçou no próprio pé.
— Boa boa. Seu Bento? - Ele perguntou.
De noite Marcola e de dia Bento!
— Opa! Renan tu parceiro? - perguntei e ele assentiu.
— Eu preciso checar teu motor, eu trouxe dois ali! - Renan disse.
Orelha tava de cara fechada. Ele foi pegar o motor, quando ele chegou perto do carro o Curió veio com pózinho. O mano caiu ali mesmo, pegaram ele e colocaram no carro. Entrei naturalmente, eles entraram e eu guiei indo pra um lugar longe.
Papo que nem eu sabia aonde tava guiando. Parei numa estrada. O mano não acordava. Já tinha se passado quase uma hora e o cara lá. Quando acordou, eu já tava até cansado.
Puta merda...
— Ô mano, caralho, cês são louco? - Renan disse.
— Que demora da porra em, achei que ia ter que acordar na pancada porra! - Falei saindo do carro.
Orelha saiu do carro e puxou ele pra fora. Orelha jogou ele no chão e abaixou indo pra perto dele.
— Abre a porra do teu bico, quem tava contigo quando tu estuprou minha menor porra, quero nome caralho! - Orelha disse pegando ele pelo colarinho.
O mano lá ficou com o olho estralado, eu fiquei de braço cruzado enquanto Curió filmava e ria baixinho.
— Eu não... Sei do que tá falando! - Renan disse.
— Vai ser pior porra, tu não sabe o b.o que tu se meteu. Quem tava contigo naquela festa, tu foi na maldade com minha filha porra! - Orelha disse dando um soco na cara dele.
Ele ficou zonzo.
— Teixeira, Higão e... André! - Ele disse.
— Desbloqueia teu celular e manda o papo pra eles colarem aqui - Orelha disse. - Coloca a ligação no viva voz. Qualquer vacilo, tua cabeça rola! - Ele disse.
Renan na hora concordou pegando o celular. Nariz dele já escorria o sangue. Encostei no carro bolando um baseado enquanto ele ligava pros manos lá, Orelha apontava a arma pra cabeça dele.
Quem é louco de vacilar?
O mano cagão do caralho. Ligou pra todo mundo. Colocamos ele de volta pro carro. Entramos e ficamos ali. Passou mo cota, apareceu o primeiro, o segundo e quando chegou o terceiro, eu já peguei a pistola, desci e coloquei na parte de trás da bermuda.
— E aê rapaziada! - Falei fazendo o sinal da hang loose.
Eles me encararam sem entender. Curió veio vindo com a pistola apontada.
Eu saquei a glock, eles arregalaram os olhos.
— Ajoelha! - Falei normalmente.
Na hora eles se ajoelharam.
Orelha saiu do carro e jogou Renan no chão.
— Conhece o Amorzinho de vocês? - Perguntei rindo.
Eles deitaram no chão e eu me abaixei até eles.
Peguei meu celular e entrei na foto da Dag.
— Conhece esse doce de coco? - Perguntei mostrando a foto.
Os três olharam.
— Não conheço! - Um deles respondeu rápido.
— Não? - Me levantei dando um chute na costela.
Ele gemeu de dor.
— Não conheço eu juro! - O outro disse em desespero.
— Jura não, a tortura nem começou ainda caralho! - Falei e ele começaram a implorar.
Respeitasse pô.
• aperta na estrelinha •
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Libertinagem
Roman pour AdolescentsEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.