Orelha
Quando Ellen mandou radinho pra mim, eu nem tava ligado da gravidade que tava o bagulho.
Eu tava com a cabeça a milhão.
Guiei direto pra boca, Marcola tava já adiantando o lado dele pra ele vazar pro México.
— E aê satélite, to vazando na terça já, tu sabe que tu que vai comandar aqui em. Sem vacilo! - Marcola disse.
Eu suspirei e neguei com a cabeça, ele ergueu a sobrancelha direita e me encarou com os olhos estreitos.
— To vazando pra Sampa, aconteceu uns bagulho com minha menor, pô não posso ficar longe! - Falei.
Ele largou na hora a caneta que tava na mão dele.
— Tu tá escondendo algum barato de mim? Qual é do b.o? Que papo é esse? Dagmar e Cecília tão de boa? - Marcola perguntou.
— Estupraram ela Marcola, nem que se fosse a porra de qualquer pessoa ai, eu ia cobrar, agora sendo minha filha, o processo é pior. O bagulho é foda, minha mulher precisa da minha força, Dagmar precisa de mim pô, deixa Curió aê, eu to vazando pra São Paulo! - Falei.
Ele ficou quieto. Eu virei as costas indo em direção a porta.
— To indo contigo! - Marcola disse.
Eu encarei pra ele e neguei na mesma hora.— Qual foi pô, faz cota que tu tá de papo com as negada do México, pra tu é um passo do caralho essa parceria! - Falei.
Ele negou com a cabeça e acendeu um cigarro.
— Tu é meu parceiro, tu é sangue do meu porra, não da pra te deixar assim não, o bagulho do México eu ajeito depois pô, quando o papo é gente que mora aqui! - Marcola disse batendo no peito. - Vale mais que qualquer tráfico pô. - Ele disse.
Eu assenti e sai dali guiando pra goma. Benjamin tava lá, jogando. Sentei perto dele e ele parou de jogar e me olhou.
— Precisava bater um papo contigo! - Falei e ele assentiu. - To indo pra Sampa, tu vai pra casa do Curió, a Diana tá lá pra cuidar de tu. Logo nois já vai tá voltando! - Falei acariciando os cabelos dele.
— Por que pai? O que tá acontecendo? Por que a mãe foi e você também tá indo? - Benjamin perguntou.
— Relaxa menor, é só uma visita, nois logo volta. Coloca tua roupa na tua mochila e vamo! - Falei.
Ele deixou de lado o videogame de lado e foi.
Pensa num moleque tranquilão. Até acho que fuma maconha por ter esse jeitão dele.
Ele não demorou muito pra voltar. Colocou a mochila no sofá e foi pro banheiro.
Eu encostei minha cabeça no sofá e encarei o teto.
Meu coração tava disparado, eu sentia um ódio enorme, mexeram com um pedaço de mim, e isso eu iria atrás até o inferno pra foder com a vida da pessoa.
Prometi que meteria bala em quem fodesse com a vida das minhas crias.
— Vamo pai? - Ouvi a voz do Benjamin.
Me levantei, peguei a chave do carro e sai de lá. Benjamin veio atrás. Eu guiei com ele até a casa de Curió, Diana atendeu, pedi pra ela e ficar e ela aceitou. Eu guiei pra boca de novo, Marcola tava falando com alguém no telefone, Curió tava sentado bolando um e eu entrei fazendo com que os dois me olhasse.
Marcola terminou de falar e já desligou.
— Eu to indo! - Falei de braços cruzados.
— Curió vai junto! - Marcola disse guardando uns papéis.
— Pra que? O bagulho é minha menor! - Perguntei.
— Eu faço questão pô, considero a Dagmar pra caralho. Tu tá ligado! - Curió disse.
— E quem vai ficar aqui? - Perguntei.
— Bazilho! - Marcola disse saindo da salinha.
Eu guiei pra fora e Curió veio junto.
*****
Tava já chegando em Sampa. Curió tava roncando pra porra e engasgando com a própria saliva.
— Não to com cabeça pô. Eu amasso, sem piedade! - Falei quebrando o silêncio.
— Eu mermo escolhi os bagulho de tortura, tá no porta malas. - Marcola disse. - Lembra o Valdinho 157? Tu tá ligado que ele comanda uma favela de Sampa né? Qualquer bagulho é só chamar que ele tá ai! - Ele disse.
Nem lembrava. O bicho era ruim em.
— To ligado! - Falei suspirando pesado. - Tu não imagina a dor que tá aqui pô... - Falei batendo no meu peito. - Vai ser sem dó, bem lento e doloroso! - Falei tirando do bolso cocaína.
Fiz uma carreirinha em cima de uma agenda e cheirei com tudo. Eu precisava aliviar, cheirei uma segunda carreirinha e logo bolei um baseado.
Vai ser sem massagem, o cu dele vai ser estourado!
• aperta na estrelinha •
Me desculpem por não estar tão ativa, eu estou com alguns probleminhas, mas eu estou bem. Vou ficar mais ativa. Fiquem bem e se cuidem!!! ❤️
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Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.