• capitulo 53 •

3K 324 33
                                    

Dagmar

Demorou tanto, que eu comecei a ficar com medo. Eu só consegui tomar banho. Aquele barulho de bomba que estourava toda hora me deixava mais em choque.

Só tinha bomba quando o bagulho era sério.

Depois de umas cinco horas de confronto, aquele barulho todo parou, e os foguetes lançados.

Favela venceu.

Minha mãe na hora pegou o celular e discou pro meu pai.

Minha mãe costumava ficar tranquila, mas nesse caso, qualquer um pirava.

Tsunami vai tomar bem gostosinho no cu.

— Alô? - Ouvi a voz da minha mãe, eu me virei e ela tava com o celular na mão. - Aonde tu tá Orelha? O que aconteceu? - Minha mãe perguntou.

Alguns barulhos foram feitos e entendi que tava no viva voz.

— Fica tranquila aê amor, logo eu dou um pulo aê, eu to no postão! - Meu pai disse.

— Orelha... - Minha mãe ia dizer e ele desligou na cara dela. - Filho da puta! - Ela disse suspirando aliviada.

Ela saiu do quarto e foi direto pro quarto dela. Eu me joguei na cama e mandei mensagem pra Miriã pra ver se Cecília estava bem. Cecília logo me respondeu no próprio celular.

WhatsApp 📞
————————————————————

Cecília : Oi, eu to de boa. E tu? - ( 23: 36)

Eu: Tava tudo tranquilo né, até esse b.ozão todo! Por que vocês não vieram na boa? Marcola não ia meter um tiro na cabeça do Tsunami sem bater um papo! - ( 23:38)

Cecília : Tsunami tava com medo, eu entendi ele! - ( 23:38)

Eu: Queria ter o medo que Tsunami teve de meter tiro em todo mundo da agência. A maioria morreu, até criança! Você tem noção? - ( 23:39)

Cecília: Pelo visto teu pai nunca matou ninguém não né? Teu pai não tem homicídio nas costas não né?! 🤮 - ( 23:41)

Eu: Meu pai tem homicídio, não passo pano pra ele não mona, mas tu devia ter dado aquele toque no Tsunami, ele matou geral sem motivo algum. E até crianças, isso meu pai sempre deixou claro, que matar criança é a mesma coisa de um tiro na própria cabeça. Fé nas crianças! - ( 23:44)

————————————————————

Bloqueei a ta e fui pra cozinha. Fiquei o tempo todo no quarto, eu tava varada de fome e cansada. Fiz aquele misto quente e quando me sentei no sofá meu pai abriu a porta entrando.

Minha mãe pareceu flash, quando vi já tava do meu lado sentada perguntando mil e umas coisas pro meu pai.

— E ai? Fala logo caralho! - Minha mãe disse mordendo a unha.

Meu pai sentou no chão e tirou o boné.

— Foi daquele jeitão, se não fosse maré dando aquele fortalecida, puta que pariu, Rocinha tava fodida! - Meu pai disse.

— E Tsunami? Tá com Marcola? - Minha mãe perguntou.

— Tsunami foi baleado. - Meu pai disse. - Bazilho foi baleado também, pô não sei quem tá com o estado mais grave, os tiro no Bazilho, foi bagulho feio! - Meu pai disse.

Eu engoli aquilo seco, o pão nem descia e nem subia. Eu deixei o prato de lado e fui pra cozinha pegando uma água.

Tomei uns três copos cheios, quando voltei meu pai tava comendo meu pão.

Tinha até perdido a fome mesmo...

Tsunami só sabia pedir perdão pro Marcola. Marcola quis ficar com ele sozinho na sala do postão, só sei que na hora que entrei, o mano tava todo em choque olhão arregalado. Diz Marcola que bateu um papo saudável! - Meu pai disse rindo mostrando todo pão na boca.

Minha mãe negou e eu fui direto escovar os dentes. Fui pro quarto e quando me deitei, eu fiquei agoniada.

E se ele morrer? Cacete...

Sabe aqueles pensamentos ruins?

Fiquei me virando de um lado pro outro e quando consegui dormi, já era hora de levantar.

Eu fiz aquela rotina toda de sempre, sai bem antes do que eu geralmente saio com um objetivo.

Vou pro postão!

• aperta na estrelinha •

Agradeça! ✨

LibertinagemOnde histórias criam vida. Descubra agora