Orelha
Curió foi na frente e eu fui atrás. Entrei e dei de cara com Tsunami ainda ajoelhado, seu rosto tava inchado e roxo.
Marcola tava do lado apontando a arma pra ele.
- Mete o pé. Antes que eu meta um ferro no teu cu! - Marcola disse entre dentes.
Tsunami não conseguia levantar, Curió foi lá e ajudou ele a levantar. Ele pareceu um foguete, logo só restava eu, Curió e Marcola.
- Achei que tu tinha metido bala. - Falei suspirando fundo.
Ele negou com a cabeça e saiu da salinha. Eu sai e comecei a guiar Marcola.
Ele cheirado não era bom ficar sozinho..
Ele guiou pra sala dele e começou a andar de um lado pro outro.
- Senta ai caralho, tá quase atacando minha labirintite te olhando! - Falei me sentando no sofá.
- E o Bazilho? - Ele perguntou do nada.
Ele começou a bolar um baseado rápido.
- Tá daquele jeitão. Dag disse que deu aquela melhorada até. - Falei.
- Manda ele de volta pro postão! - Marcola disse saindo da salinha.
Fiquei ali sentado encarando o nada.
*****
Cecília
Minha mãe entrou no meu quarto com minhas roupas limpas e colocou em cima da cama.
- Mãe. - Chamei e ela me olhou. - Você acha que o pai mata? - Perguntei.
Eu tinha medo da resposta dela, eu tinha medo do que ele podia fazer...
- Acho que não, mas por você ele não mata! - Minha mãe disse. - Tsunami pisou na bola, sem mimimi! - Ela terminou dizendo.
Eu negava, eu ainda negava com tudo isso. Ele errou em matar tanta gente inocente, mas ele não podia ser julgado desse jeito.
- Vocês não deviam julgar ele desse jeito! - Falei firme.
- Óbvio que não devemos. Ele matou a agência toda, fez a gente quase morrer e ele não merece mesmo ser julgado! - Minha mãe disse em um tom de deboche. - O problema é que vocês fizeram tudo escondido desde o início, esse foi o erro. E ele acabou caindo no próprio erro, e eu te digo, teu pai é uma pessoa tranquila, mas não pisa no calo dele não, nem na família e nem na favela! - Ela disse saindo.
Eu sai correndo pra fora de casa.
Comecei a subir correndo até a boca de fumo que meu pai geralmente ficava.
Dei de cara com Orelha. Ele fazia as anotações da maconha.
- Cadê meu pai? - Perguntei ofegante.
Ele me olhou por inteira e virou a cara anotando.
- To sabendo não! - Orelha disse seco.
Eu revirei os olhos e sai dali descendo. Comecei a passar por becos e vielas e logo trombei com Curió conversando com uma mulher.
Eu comecei a chegar perto e...
- O crime só compensa se for pra roubar uns beijos seu... - Curió dizia bem perto da mulher.
Tava maior climão.
Ele estavam bem pertinho, eu fui lá e puxei ele com tudo.
- Ô caralho, qual foi? - Curió disse me olhando bravo.
- Ih, eu em, cadê meu pai? - Perguntei.
- E eu tenho o cargo pra ficar sabendo aonde ele tá? Eu sou gerente de boca de fumo, não sou guarda costas não! - Curió disse puxando a mulher pra mais longe.
Até o Curió?
Sai dali de perto e fui caminhando até a praça que eu sempre ia com a Dag pra ver os meninos jogarem bola. Eu encarei de longe e vi ela tomando açaí sozinha.
• aperta na estrelinha •
Relaxa, logo teus sonhos se realizaram! ❤️
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Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.