Dagmar
Fomos todos pra casa, meu pai quis fazer um churrascão do nada.
Ficamos até de noite batendo papo. Depois que todo mundo vazou, a gente arrumou as coisas e fomos pro meu quarto. Eu tava cansadona, eu precisava deitar.
— Quero tomar banho, não to aguentando! - Falei pro Bazilho.
Ele me encarou e veio chegando me abraçando...
— Vamo pra minha goma então... - Ele disse.
Eu assenti e peguei minha bolsa com as minhas coisas e peguei roupa.
— Pra que tu tá pegando esses bagulhos? Tu não precisa mais trampar lá, tu tem tua própria empresa paixão! - Bazilho disse.
— Eu sei, mas eu preciso ir lá dar uma justificativa! - Falei.
— Tua coroa já foi lá, relaxa pô, tu precisa descansar e nem fazer esforço. - Bazilho disse pegando minha bolsa e colocando na cama.
Eu devolvi a roupa e peguei uma roupa qualquer. Fui saindo do meu quarto e minha mãe tava na sala.
Só vive ai.
— Já vão? - Minha mãe perguntou. - Você tá bem Dag? - Ela perguntou.
— Eu vou dormir lá... Eu to bem! - Falei.
Ela assentiu e eu fui saindo com Bazilho.
Ele quis levar a minha roupa, diz ele que menos peso pra minha era melhor.
A gente foi abraçados até lá, e quando chegamos eu fui direto pro banho. Tava meio friozinho.
Carioca é assim, não pode fazer um arzinho gelado que a gente logo aproveita a usar moletom.
21°C já é polo norte.
Tomei aquele banho sentindo um alívio, alívio por estar viva e bem.
Eu sai e me vesti com o meu pijama brega.
Eu fui caminhando até a sala e quando vi que Bazilho falava na ligação, eu parei e fiquei encarando ele que estava de costas pra mim.
— To dizendo pô, não faz barulho, minha mulher tá aqui, ela não pode nem sonhar caralho! - Bazilho disse.
Eu tomei um susto, eu fiquei parada de braços cruzados e quando ele virou, foi a vez dele de tomar um susto...
— Abre essa tua boca pra tu falar, antes que eu faça você engolir seus dentes! - Falei andando pra perto dele.
Ele ficou me encarando e negou com a cabeça.
— Relaxa, não é isso ai não! - Bazilho disse.
Eu fui indo pro banheiro pegar minha roupa suja. Ele me seguia e ficava falando que não era aquilo que eu tinha ouvido, que eu que tinha ouvido errado.
— E eu que fui achar que tu era o melhor que eu tinha tido na vida! - Falei pegando minhas roupas e indo em direção da porta.
Ele me puxou com tudo e me colocou entre a parede.
— É surpresa, eu to tentando de agradar hoje, confia pô, logo tu vê que não é essas paradas que tu ta achando. - Ele falou acariciando meus cabelos.
Eu encarei aqueles olhinhos e mordi a boca.
Não, ele tá tentando te convencer.
Eu dei um empurrãozinho e ele foi pra trás.
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Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.