Marcola
Dia seguinte...
Eu guiei pra goma, dei de cara com Rânia com as malas na sala.
- Que bagulho é esse? - Perguntei.
- To indo, eu acho que já deu esse lugar, muita gente tóxica! - Ela disse pegando as malas.
-- Cadê teu marido? - Perguntei.
- Ele foi ontem, e ele não é meu marido! - Ela disse. Eu arqueei minha sobrancelha e ela se sentou no sofá. - Eu e ele faz um tempinho que não estamos mais juntos, mas depois que eu descobri que tava grávida ele quis acompanhar de perto, eu concordei só isso! - Ela terminou falando.
Deus o livre, se fosse assim tava até agora com a Coroa de Rânia.
- Tu grávida não pode doar sangue né? - Perguntei.
Ela me olhou sem entender e depois levantou os ombros.
- Acho que não, procura no google ai! - Rânia disse. - É pra louca lá? - Ela perguntou e eu encarei feio ela.
- Tu fica ai, não vaza em! - Falei subindo indo pro meu quarto.
Eu me joguei na cama por uns dois minutos, eu tava cansadão.
Eu peguei meu celular e comecei a procurar no google, vi muitas respostas que não, mas vi uns dois falando que podia mas com uns porém.
Eu desci rapidão e vi Rânia falando no celular, ela tava chamando um táxi, sei lá que bagulho era.
Ela desligou e eu encarei ela.
- Tu precisa vir comigo, depois tu vaza se tu quiser! - Falei e ela negou com a cabeça. - Tu pode ajudar uma pessoa cara, tu tem noção disso? - Falei.
- A mina deu maior show comigo lá e agora precisa de ajuda? - Rânia disse com um deboche.
Vontade de dar um coça na fussa dela.
- Tu vê o jeito que tu fala caralho, vai ficar nessa ainda? Ela pode morrer Rânia, eu tenho certeza que ela faria isso por ti! - Falei.
Ela bufou e foi saindo na frente.
Eu peguei a mala dela e fui guiando pro postão. Quando a gente chegou todo mundo ficou olhando, a foi direto entrando no postão e eu fui atrás com a mala.
- Ô enfermeira! - Rânia chamou.
Ela olhou e veio vindo.
- Eu posso ajudar? - A enfermeira perguntou.
- Eu vou gestante, eu poderia doar sangue? - Rânia perguntou.
A enfermeira não fez uma cara nada boa.
- Eu acho melhor você falar com o doutor ali! - A enfermeira disse apontando pro médico que tava no fim do corredor.
Rânia foi indo e quando cheguei perto eles já tavam no maior papo.
- Eu precisaria falar com teu obstetra pra ver como está a sua gestação, se você anda fazendo certinho os pré natais, se anda tomando ferro! - O doutor disse. - Eu não diria que você não pode doar, diria que você poderia, mas que teria que se cuidar, tomar ferro, e se cuidar mais ainda! - Ele disse.
Ficou maior silêncio.
- E pra fazer o teste pra saber qual tipo eu sou? - Rânia perguntou.
-Vou te encaminhar em uma salinha, o resultado sai em 30 minutos! - O médico disse levando ela.
*****
Cecília
Eu fui trabalhar e sai mais cedo, fui correndo pro postão e quando cheguei vi Rânia lá no maior papo com Curió.
- Já ouviu a história do passarinho sem cú? - Curió perguntou pra Rânia e ela negou. - Era um vez um pintinho que nasceu sem cú, ele peidou e explodiu! - Ele começou a segurar a risada e começou a rir igual um porquinho.
Ô Deus, quando que cria maturidade?
Eu me sentei pra terminar as lições do curso, e logo ouvi a voz do médico eu nem liguei, ele chamou Rânia e ela foi. Fiquei ali na maior concentração até ver Rânia saindo.
Eu encarei ela e ela sorriu sem mostrar os dentes.
- Eu sou O-! - Rânia disse.
Eu suspirei aliviada.
- Nem pra fazer uma família que viesse com teu sangue em! - Curió disse falando do Marcola.
- Ih qual foi? Cecília é meu sangue bola seca! - Meu pai disse.
Eu fechei meu caderno e Ellen se levantou indo até Rânia abraçar ela.
- Obrigada! - Ellen disse abraçada de Rânia.
• aperta na estrelinha •
Respira fundo, amanhã é um novo dia! ❤️
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Libertinagem
Ficção AdolescenteEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.