Dagmar
Cecília e Tsunami meteram o pé, todos ficaram sem entender enquanto buxixavam.
— Mano, olha o caô que ele foi arranjar! - Curió disse passando a mão na cabeça.
Logo Marcola começou a caminhar em minha direção, ele tava com aquela cara fechada dele.
— Tu tava sabendo desse esquema todo né? Pra onde foram caralho? - Marcola disse.
— Eu queria mesmo ter ficado sabendo, ninguém nem me contou nada! - Falei encarando o buquê.
Ele me encarou com aquele olhar que parecia que tava vendo todos os meus pecados.
— Bora Curió, manda radinho pro resto, ninguém sai e ninguém entra! - Marcola disse saindo.
Curió foi de trás e logo meu pai também.
E eu que achava que esses bafão só acontecia em novela.
Fui caminhando pra perto da minha mãe que falava algo com a Miriã...
— Desculpa Miriã, mas foi o melhor casamento que fui em toda minha vida! - Minha mãe dizia gargalhando.
— Demorou pra ela meter o pé, demorou! - Miriã disse.
Logo veio a mãe do João, João continuava intacto lá na frente encarando a porta, como se Cecília voltasse e pedisse perdão a ele.
— Sua filha é realmente uma grande inútil, aonde já se viu deixar o meu filho e ir embora com outro homem? Pelo visto esse jeito dela de vadia veio de você, a educação vem de casa! - A mãe de João disse com uma cara esnobe.
Miriã se levantou e chegou bem perto dela, enquanto a mãe do João dava passos pra trás.
— E tu é quem pra falar da minha filha? Foi tu que pariu? Saiu da tua buceta? - Miriã começou a falar alto, a mãe do João devia ter se arrependido de abrir a boca, só pela cara dela. - Se liga velha feia, lava essa tua boca imunda pra falar da minha filha tá ouvindo? A próxima vez eu te como na porrada! - Miriã disse grudando no cabelo da mãe do João e puxando bem forte.
João foi pra vir e minha mãe entrou na frente dele empurrando ele. Logo veio o velho pai do João, fui pra afastar o velho e eu acabei escorregando e caindo de bunda no chão.
Eu comecei a rir alto enquanto eu ouvia Miriã discutindo enquanto puxava o cabelo da mãe do João.
— Levanta que tu tá pagando calcinha. - Ouvi uma voz.
Olhei e era Bazilho, ele me deu a mão e me levantou.
— Gostou da calcinha? - Perguntei baixo.
— Nem deu pra ver direito, bora comigo que a tu me mostra... - Bazilho disse soltando um sorriso safado.
Eu neguei com a cabeça e logo o rádio dele tocou.
— Bazilho. Tu tá aonde? Da um pulo na barragem! - Ouvi a voz no rádio.
Ele me encarou e piscou pra mim.
— Ainda hoje eu guio atrás de tu! - Ele disse quase me comendo com os olhos e saindo rápido dali.
Pena que tem cara de cafajeste...
Me virei vendo minha mãe segurando Miriã, enquanto João falava com a mãe dele.
Eu fui até minha mãe e suspirei.
— E a comida toda? Devia liberar do mesmo jeito! - Falei e Miriã assentiu.
Ela se levantou e parou bem no lugar que João e Cecília tava na hora do casamento.
— Pessoal, eu primeiramente como mãe peço desculpas pelo momento... Foi tudo planejado com muito carinho, e até mesmo a festa, então quem quiser ir na festa, é no barracão ao lado, é só ir lá que vai ter comida! - Miriã disse enquanto todos ouviam.
******
Miriã e minha mãe não ficaram lá, Miriã quis ir atrás da Cecília e eu fiquei comendo e guardando as coisas em uma sacola.
Eu que não ia perder essa oportunidade de levar a comida embora.
— Posso falar com você? - Ouvi a voz do João e me virei assentindo.
Eu sei que foi erradão tudo isso, o que a Cecília fez foi errado, ela podia muito bem ter largado dele antes e não ter feito ele de bobo na frente de todo mundo, mas ninguém imaginava que Tsunami ia fazer isso.
Maluco em.
— Ela não me amava né? - João disse.
Eu olhei pra ele e vi o semblante acabado dele.
— Vou ser sincera contigo, ela amou, mas o erro dela foi encontrar com ele. O culpado não é tu, relaxa, tu foi maravilhoso com ela e ela confirma isso, o problema é que ela ama demais ele, eles não conseguiram ficar separados... - Falei. - Siga sua vida João, eu espero que você fique bem! - Terminei falando e me levantei me virando e vendo Bazilho e Curió entrando.
— Ê caralho, rango de graça! - Curió dizia indo até a mesa.
Eu fui caminhando até Bazilho e ele guiava até a mim com as mãos no bolsos, com o olho entre aberto me olhando toda.
— Te espero lá fora... - Falei passando por ele.
Fui caminhando até a porta e quando olhei pra trás ele olhava minha bunda.
É hoje!!!!
• aperta na estrelinha •
Fique tranquila, tudo tem seu tempo, tudo vai dar certo na sua vida! ❤️
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Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.