Cecília
Eu estava trabalhando na pista e fazendo um cursinho de inglês. Tava muito ocupada e sem tempo pra mim.
Nem baile eu tava mais indo, não via Tsunami a tempos, mas eu sabia que meu pai tinha dado um esporro nele e ele tinha voltado com a boca.
Eu esperava que ele fosse feliz, com ou sem mim. Torcia mesmo, por que juntos eu não sei se daria certo.
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Eu cheguei em casa e ouvia alto gargalhadas. Eu fui pra cozinha e me deparei com Rânia.
Não vejo ela a anos.
— Como você cresceu! - Rânia disse me encarando por inteira.
Eu sorri e encarei ela com uma leve barriguinha.
Eu abracei ela e beijei a cabeça da minha mãe.
— Nem avisou que ia vir! - Falei.
— Quis fazer surpresa pra todos, aliás nem o pai sabe! - Rânia disse.
Eu assenti e fui saindo indo pro meu quarto, me joguei na cama e comecei a mexer no celular.
Recebi várias mensagens e uma delas era da Dag.
————–———–————————————Dag: Bora ir pra pracinha, quero tomar um açaízinho... - (20:17)
Eu: Bora quenga! - (20:22)
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Eu troquei de roupa e fui saindo guiando pra pracinha. Dagmar tava lá, ela e Tsunami.
— E aê amora da minha vida! - Dag disse dando um beijo no meu rosto.
Eu sorri e encarei o Tsunami.
— Bom, eu vou tomar meu açaí sozinha, pode ir se resolvendo! - Dagmar disse se levantando e me colocando sentada.
Ela foi indo e a gente ficou se encarando.
— Tu tá legal? Carinha de cansada amor! - Tsunami disse colocando uma mecha do meu cabelo pra trás da minha orelha.
Eu suspirei encarando aqueles olhinhos dele.
— Vida corrida, não to tendo tempo pra dormir, to estudando bastante de madrugada! - Falei suspirando.
Ele me puxou e eu deitei no peito dele.
Ele começou a acariciar meu cabelo e eu fechei meus olhos.
— To com saudades... - Tsunami disse. - Achei que nois dois não rolava mais, mas fico mo cota pensando em tu... - Ele disse.
Eu me afastei e olhei ele.
— E demorou todo esse tempo por que? - Perguntei.
— Teu pai tá na minha cola, to dia e noite trampando! - Tsunami disse.
Eu neguei com a cabeça suspirando.
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Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.