Dagmar
Eu tava pronta, me encarei no espelho enquanto Thamara enfiava as roupas dela na mala.
— Essa porra não fecha! - Ela dizia pulando em cima da mala. - Depois dou um jeito! - Ela disse deixando pra lá e vindo até a mim.
— A gente conseguiu! - Falei abraçando ela.
— Eu amo você, muito obrigada! - Thamara disse.
Eu me afastei dela, peguei minha bolsa e fomos saindo do quarto. Descemos e avistei Bazilho falando com alguém, na hora que Bazilho me viu ele ficou me encarando.
Quando a pessoa se virou eu encarei atentamente Débora.
— É o último dia, calma! - Thamara disse pegando na minha mão.
Eu suspirei e fomos caminhando pra perto, Débora vazou e eu encarei Bazilho.
— O que ela queria? - Perguntei.
— Tu tá... Linda pra caralho pô! - Bazilho disse me olhando dos pés até a cabeça.
Eu ri dei um selinho.
Fui caminhando até o táxi e guiamos até o local.
Caramba, o último dia.
Chegamos entrando e Bazilho foi me puxando até um canto.
— Vou ficar de longe, não quero atrapalhar teu trampo. Qualquer coisa eu mato lá fora! - Bazilho disse e eu fiz cara feia, ele riu e deu um beijo na minha testa.
Eu fui me afastando dele e guiei até o camarim, Thamara já tava lá ajudando a arrumar as meninas.
— A Olívia disse pra você ir na sala dela! - Thamara disse e eu assenti.
Fui guiando até a sala dela, bati duas vezes e entrei dando de cara com ela e Thomas.
— Oi minha estilista favorita! - Olivia disse com um sorriso no rosto.
Eu sorri sem graça e fui entrando.
— Quer falar comigo? - Perguntei e ela assentiu fazendo o gesto pra mim sentar.
Eu estava desconfortável com Thomas ali, mas sabia que ele não faria nada com Olivia perto.
— Preciso que você assine este papel, o restante do dinheiro estará na tua conta! - Olivia disse.
Eu peguei o papel e comecei a ler, realmente era o que ela havia falado. Eu assinei e ela sorriu pegando o papel.
— Quero que volte ano que vem! - Olivia disse.
— Se me convidar, será uma honra voltar! - Falei sorrindo.
Ela veio me abraçar e eu retribui aquele abraço forte.
— Agradeço pela oportunidade que me deu! - Falei.
Ela se afastou segurando minhas mãos.
— Eu que agradeço por você ter vindo, muitas pessoas te adoraram. E como não te adorar minha querida?! - Ela disse sorrindo.
Eu sorri e fui saindo da sala. Faltava alguns minutos pra começar. Fui indo até o salão e de longe avistei Thamara e Bazilho em um canto conversando, ele gesticulava bastante. Thamara parecia escrever algo no celular. Dei de ombros e fui até Amélia que me encarava sorrindo.
— Estava lhe esperando pra lhe dar um enorme beijo minha querida! - Amélia disse beijando minha bochecha. - Você já vai pro palco? - Ela perguntou.
— Vou sim, a senhora quer que te acompanhe até as cadeiras? - Perguntei.
Ela assentiu e fomos caminhando. Eu olhei pra trás procurando Bazilho e Thamara e não os vi mais.
Eu guiei naquele enorme corredor.
— Já escolheu quem vai te apadrinhar? - Amélia perguntei e eu olhei pra ela sem entender. - Você precisa escolher alguém! - Ela disse.
Eu suspirei fundo.
Paramos no meio daquele corredor enquanto muita gente já entrava.
— Você aceita a ser a minha madrinha? Foi uma semana, e você foi uma das pessoas que eu mais amei conhecer! - Falei sorrindo.
Amélia sorriu largamente e me abraçou.
— Claro que aceito querida, estarei aqui para tudo! - Ela disse e eu suspirei aliviada. - Agora vamos, precisamos colocar a minha assinatura e meu nome lá nas anotações! - Ela disse.
Fomos guiando até um belo homem que geralmente falava o nome da estilista no começo do desfile. Amélia colocou o nome dela e a assinatura.
*****
Quando ouvi meu nome ser falado, eu entrei sorrindo vendo aquelas luzes. Todos me olhavam sorrindo, eu fui até o final daquele palco e pude ver o sorriso de Amélia. Virei as costas e fui voltando.
Logo foram as modelos. Foi um desfile lindo. Eu cheguei a me emocionar.
Quando acabou eu nem acreditei. Tinha passado rápido demais. Eu fui caminhando até o salão, falei com algumas pessoas que se interessaram mais ainda depois que eu desfilei e eles ouviram que eu era afilhada de Amélia.
Eu me despedi de Amélia e quando eu me afastei do abraço dela, Thamara me puxou.
— O que foi? - Falei enxugando as lágrimas.
— Precisamos ir, agora! - Thamara disse me puxando.
— Como assim o que aconteceu? - Perguntei enquanto saíamos daquele lugar.
— Prefiro que Bazilho te explique... - Thamara me disse acenando pra um táxi.
• aperta na estrelinha •
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Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.