M A R A T O N A
Dagmar
Me sentei na cama do hotel já ouvindo o áudio do Bazilho. Não alterou a voz, apenas disse que queria que eu mesma contasse qual era daquele bagulho. Ele iria me ligar mais tarde, e esperava a minha versão, já que ele não ia se basear em terceiros.
Eu estava tremendo, não de medo, mas de raiva.
— Calma cara, respira fundo. Bazilho te ama, ele não vai acreditar em nada do que ela dizer. - Thamara me disse.
— Olha só o bagulho que ela fez Thamara, ela mandou as coisas que nem aconteceu cara! - Falei negando e indo pra frente da janela.
Eu suspirei fundo e fechei os olhos.
— Eu sei, mas eu sei que você não faria isso, você mesmo me disse lembra? E eu te conheço o bom o suficiente pra saber que você não teria coragem disso! - Thamara disse. - Agora vamos se arrumar, a gente precisa ir pra lá que o desfile vai continuar caramba, tu não pode parar o sonho por causa dela! - Thamara me disse puxando devagar.
Eu fui com ela até o meu quarto, ela me ajudou a se arrumar e foi se arrumando junto. Eu tava com a mente longe. Quando terminei de me arrumar eu fui saindo junto de Thamara. Eu estava possessa.
— Não saia de cima do salto, eu vou ficar contigo toda hora possível, mas tenha calma, se quiser quebrar ela, quebre lá no Brasil, aqui tu sabe que ela tem influências. - Thamara disse e eu assenti.
Pegamos o táxi e fomos pra aquele lugar, foi a mesma coisa do dia anterior, várias pessoas tirando fotos...
Eu sai com tudo e fui puxando Thamara que começou a acenar.
— Gente chata do caralho, odeio fotos! - Ela disse suspirando.
Quando entramos naquele lugar enorme, já estava cheio.
— Vamos, preciso ver as meninas! - Falei me referindo as modelos.
Thamara assentiu e fomos caminhando até eu sentir uma mão na minha cintura. Eu me afastei encarando Thomas.
— Pedir desculpa por ontem! - Thomas disse embolado.
— Como que fala vai se foder em inglês? - Perguntei encarando Thamara.
— Fuck you! - Thamara disse mostrando o dedo do meio.
Eu sai puxando Thamara até entrarmos no corredor.
— Eu juro que to a um passo de surtar, e meter um murro na cara desses dois, eles se merecem! - Falei suspirando.
— Calma, eu acho melhor você ir dormir comigo no meu quarto, menos perigo Dag! - Thamara disse e eu assenti.
Entramos no camarim e as meninas estavam com umas roupas cheio de strass.
Foi o primeiro look que fizeram.
Parece que eu esqueci de tudo que tinha acontecido vendo elas sorrirem.
— Não sei o que brilha mais, a roupa ou vocês dentro delas! - Falei sorrindo.
— Você nos enaltece muito! - Uma delas disse.
— E acho que vocês deviam se enaltecerem também. Vocês são maravilhosas! - Falei e me afastei junto de Thamara.
Fomos indo até as cadeiras, faltava alguns minutos pra começarem. Quando eu vi Débora chegando e sentando no mesmo local que o dia anterior eu estreitei os olhos encarando ela. Ela nem tinha me visto ainda.
— Olha pro palco, esqueça dela! - Thamara disse pegando minha mão e segurou.
Eu suspirei e encarei as luzes se apagando e as luzes do palco ligando.
******
Eu não tinha mais trombado com Débora. Quando terminou, eu fiquei um bom tempo lá conversando com quem vinha me dar propostas.
Quando deu o horário eu fui embora com Thamara. Cheguei no hotel, tirei toda maquiagem, toda roupa e só fiquei de sutiã e shorts.
— Liga logo pro Bazilho! - Thamara disse.
— Ele que disse que vai me ligar! - Falei me jogando na cama.
Fiquei esperando enquanto comia pizza.
Gente, pensa em uma pizza seca daqui, Deus é pai.
— Ala ele tá ligando! - Thamara disse.
Ela me entregou o celular e eu atendi video chamada.
• video chamada •
Bazilho: Fala Dagmar.
Ele fumava um baseado. Tava sem camiseta com as tatuagens do peito amostra.
Eu: Você acha mesmo que eu teria coragem de fazer isso contigo cara? Pelo amor de Deus Bazilho.
Bazilho: Eu acredito em ti, só que olhas as fotos caralho, se coloca no meu lugar Dagmar!
A voz dele tinha mudado, ele segurava o choro. Eu já nem segurei mais nada. A Thamara pegou me celular e virou pra ela.
Thamara: Eu sei que tu não me conhece, mas esse cara tá atrás dela, ela deixou clara que é casada e ele fica atrás. Ele fez tudo a força já que ela não quis. E a pessoa que te mandou, quer ficar com ele.
Eu me levantei pegando de volta o celular.
Eu: Eu jamais te magoaria, eu amo você, jamais eu me deitaria com outro homem, jamais trairia você que sempre esteve do meu lado!
Bazilho desligou na minha cara e eu suspirei negando. Dei meu celular pra Thamara e fui entrando no banheiro.
• aperta na estrelinha •
Aconselho a não tomar conclusões precipitadas...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.