Dagmar
Bazilho acelerava rápido enquanto tocava Jesus chorou - Racionais mc's.
Ele cantarolava enquanto eu olhava a gente sair da favela. Passamos pela gávea, lagoa e humaitá, ai dim chegamos em Botafogo.
O carro foi parando na frente de um cartório, eu fui forçando a vista e logo avistei os povo da favela.
Eu olhei pro Bazilho e ele tirou do bolso uma caixinha e abriu.
— Casa comigo agora? - Ele disse sorrindo.
Comecei a tremer, eu sorri abraçando ele.
— Não to acreditando Bazilho! - Falei segurando pra não chorar.
— Bora! - Ele disse saindo do carro.
Eu fui saindo do carro e logo já começaram a gritar batendo palmas.
Chegamos perto deles e...
— Eu to tão emocionado de tu tá casando cara, trouxe um rolo de papel higiênico pra dividir com o Orelha! - Curió dizia com o rolo de papel higiênico na mão.
— Não to acreditando nisso tudo, como todo mundo sabia e eu não sabia! - Falei e logo meus olhos pararam na Cecília. - Biscate, você disse que era churrasco que ia! - Falei.
— E eu não menti, depois vou mesmo! - Ela disse rindo e puxando Tsunami pra dentro.
Fomos entrando, e não demorou muito pra começar com aquele juíz falando coisas enquanto o escrevente escrevia tudo.
O juíz começou falando uma frase:
Para um casamento: sabedoria, cumplicidade, amor, respeito, e realizações. A partir de agora o mundo não é mais apenas uma promessa, é o sonho dividido a dois.
— De hoje em dia teus laços estaram entrelaçados... Você recebe como tua esposa, Dagmar Gabriele Pereira Da Costa? - O juíz disse.
Todos olharam pro Bazilho. Ele olhou a todos em volta e me encarou sorrindo.
— Recebo como minha mulher pro resto de nossas vidas! - Falei colocando a aliança no dedo dela e dando um beijo em cima.
— Ô porra, me da o papel higiênico! - Curió dizia.
O juíz segurou e risada e me olhou.
— E você? Recebe como teu esposo, Bartolomeu De Lima Gonçalves? - Juíz perguntou e eu assenti.
— Eu aceito como meu esposo! - Falei sorrindo e colocando a aliança no dedo dele.
Eu depositei um beijo sobre a aliança e sorri vendo Bazilho sorrir pra mim.
— As testemunhas! - O juiz disse.
Eu olhei em volta, nem tinha lembrado.
— Pra mim eu escolhi Marcola e a Miriã! - Bazilho cochichou no meu ouvido.
Eu assenti e encarei todos.
— Todos são importantes pra mim, cada um de vocês fazem parte da minha história. Mas eu queria que a Cecília e Curió fossem! - Falei vendo Curió catarrar no papel higiênico.
— Nossa que momento lindo porra! - Ele dizia enxugando as lágrimas com o mesmo papel.
Ele foi o primeiro a ir a assinar.
Pensa em uma alegria.
Cecília veio assinou, e logo Marcola e Miriã também assinou.
— Como diz a igreja, eu os declaro, marido e mulher! - O Juiz disse rindo. - Beija logo tua mulher homem! - Ele disse rindo.
*****
Chegamos na favela, fomos direto pra casa dos meus pais, eu tirei aquele salto, coloquei meu chinelo e já fiz um coque.
Eles tinham preparado um churrasco, convidou as pessoas que eu e Bazilho era chegada.
Se fosse pelas pessoas que eu sou achegada, daria uns dois três, mas Bazilho...
Bazilho é povão, fala com todo mundo.
Tinha meio mundo ali comendo e sambando ao som de Beth Carvalho.
Eu senti me abraçarem e era Curió.
— Pô parabéns aê, fiquei felizão por vocês. - Curió disse e Bazilho logo chegou perto. - Eu vi essa menina nascer e crescer, se tu machucar a menina, tu acorda com a boca cheio de formiga! - Ele disse sério e logo começou a gargalhar. - Eu amo vocês! - Ele disse abraçando a gente e saindo.
Curió era uma das melhores pessoas que eu tinha na minha vida.
— Eu amo tanto você, você nem imagina! - Bazilho disse beijando minha testa.
— Obrigada por me fazer tão feliz, agora em diante vamos ser nós três pra sempre! - Falei sorrindo.
• aperta na estrelinha •
Seja você, não mude pelos outros! ❤️
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Libertinagem
Ficção AdolescenteEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.