Bazilho
Meti o pé da goma dela e depois de uns dois becos eu trombei com Orelha.
— Alguém deu abertura pro Tsunami passar pô! - Orelha disse mas eu nem tchum.
Ele deu um empurrãozinho e eu arqueei a sobrancelha.
— Qual foi cara? - Falei passando a mão no rosto.
— Eu falando contigo pô, tu viajando aê, qual foi, fumou um? - Orelha perguntou.
Eu ri pelo nariz.
— Fumei em, queria fumar de novo daquele! - Falei.
Orelha negou.
— Guia pra boca principal, Marcola quer bater um papo com todas as negada! - Orelha disse e eu assenti.
Guiei daquele jeitão pra boca. Cheguei lá Marcola tava putão.
Se demorar muito eu meto o pé e vou dormir.
— Ê Bazilho, aonde tu tava caralho? Eu atrás de tu! - Marcola disse chegando perto de mim e me oferecendo um baseado.
Neguei.
— Foi mal aê, tava ocupadão com uns barato meu! - Falei.
Ele deu de ombros e foi mexer no celular.
Quem daria abertura?
Fiquei caminhando de um lado pro outro.
— Chamou? - Ouvi uma vez e encarei.
Sasi!
Ele parou num canto perto de Marcola, eles trocaram algumas palavras e ele logo saiu.
Guiei atrás dele.
— Ê Sasi! - Gritei e ele virou com tudo, ele diminuiu os passos e eu acelerei. - Tu tem uma cria né? - Perguntei.
— Tenho, qual é do papo? - Sasi perguntou.
Eu empurrei ele com tudo na parede
— Tu imagina se vazam com tua cria, tu ia ficar doido, tu é pai, teu instinto é proteger. - Falei estreitando os olhos. - Marcola tá na mesma fita, e tu sabe, tu é parceirão do Tsunami, tu sabe que se metir tu roda junto! - Falei me afastando.
— Eu não to ligado dos passos dele não pô, to aqui querendo saber também cara, tu acha que eu vou ficar escondendo os bagulho que o Tsunami faz? - Sasi disse.
— Tu fica esperto neguinho! - Falei subindo de volta pra boca.
******
Era aquele mesmo papo, tinha que tá fazendo aquele tour na casa dos parente dele.
Pior de tudo, era que parente?
Tsunami era sozinho na vida, escolheu entre o tráfico ou os pais.
Hoje em dia é gerente de boca.
— E a mulher dele? - Marcola perguntou me tirando dos pensamentos.
Era quatro da matina, eu tava dormindo em pé.
— Ela mora de frente com o bar da Cassilda. - Orelha disse.
Marcola assentiu e foi saindo.
Orelha foi de trás e eu meti o pé pra minha goma, 48 horas ligadão sem tacar a cabeça pra dormir.
Bati a nave legal, nem deu tempo de lembrar da cacheada que acabou comigo legal.
******
Marcola
Meti o pé na goma da mulher do Tsunami. Ela recebeu na maior humildade.
— Se vocês vieram falar do Tsunami, eu não tenho mais nada com ele, OK? - A mulher dele disse.
Mal entramos e ela já disse isso.
— Teu nome? - Perguntei.
— Talita! - Ela respondeu.
— O papo é o seguinte, Tsunami meteu o pé com a minha cria. Tu é uma das negada que tinha contato com ele, ele nem parente tem, tu sabe de algum bagulho? - Perguntei.
— Como se ele fosse realmente me dizer que ia fugir com a amante! - Ela disse.
Fechei o punho e suspirei fundo.
Eu me virei de costas e Orelha foi pra perto dela.
— Ô caralho, manda logo o papo se tu souber de qualquer b.o! - Orelha disse alto.
Ela suspirou pesado e eu me virei.
— Eu não sei, ele me disse que não queria mais me enganar e que amava ela. Ele devia tá planejando a uns dias, por que as roupas dele começou a sumir de uns dois dias pra cá! - Talita disse.
— Ele não tem parente mesmo? - Perguntei.
— Não, depois que ele veio pra favela ele nunca mais teve contato com ninguém, o mais longe de contato é com uma velha que deve ser avó, mas isso já eu não posso responder pois eu não sei mais! - Ela disse.
Eu assenti e sai pra fora. Eu comecei a caminhar encarando o céu que tava quase pra clarear e suspirei.
— Qual é dessa de fugir? Mandasse o papo, Cecília só da dor de cabeça em, puta que pariu! - Falei passando a mão na cara.
— Relaxa ai, nois caminha Rio todo atrás cara. - Orelha disse...
Fugir por amor?
Chegasse, mandasse o papo. É difícil de engolir, mas nois ia relevar cara!
• aperta na estrelinha •
Desculpem pela demora de capítulo, eu voltei a trabalhar e eu chego cansada demais, prometo voltar com a frequência de capítulo...
Já já capítulo novo...
Seja luz! 🌠
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Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.