Marcola
Peguei o radinho e liguei pro Valdinho 157. Fazia tempo que eu não trocava uma ideia com ele. A última vez foi quando o Papagaio partiu.
Moleque faz falta.
• Ligação •
— E aê caralho, lembrou dos das antigas? - Ouvi a voz do Valdinho.
Toda vez a mesma ladainha, tu via ele num dia e no outro pra ele tu já tinha desaparecido por um ano.
— Qual foi cara, tu tá ligado que nunca morre a parceria! - Falei e ele riu do outro lado da linha.
— Qual é o b.o em Marcolita? Só liga pra mim quando aparece um b.o aê no Rio! - Valdinho disse.
— O b.o dessa vez é aqui em Sampa mermão. Eu ia precisar da tua força aê, foram na maldade com a cria do Orelha tá ligado meu primo? Trombamo com os safados, to querendo um canto de tortura pô! - Falei.
Ele ficou em silêncio.
— Qual foi irmão, tu sabe aonde é minha favela, tu sabe que aqui tá aberto pra tu, só cola aqui que os bagulho vai tá preparado pra tu aê! - Valdinho disse.
— Jaé! - Falei.
• Ligação •
Desliguei o radinho e fui em direção dos caras. Curió e Orelha tinham amarrado eles, eu peguei Renan com tudo e joguei no banco de trás do carro, Orelha já veio atrás com ele e ficou apontando a arma na cabeça dele.
Cueca já tava freiada fazia tempo!
Voltei e Curió tava colocando os dois outros no porta mala, ficaram um em cima do outro. Fui pra pegar o último e ficou lá se debatendo, logo já meti a glock com força na cabeça.
Moleque caiu desmaiado.
O cara de mais cagão, coloquei ele deitado no banco de trás do carro de uns dos caras.
Curió entrou no carro e eu guiei pro outro. Dei partida guiando pra favela.
LONGE PRA CARALHO.
— Eu juro eu não fiz nada! - Renan disse.
— Pô cala boca, tu tá me enchendo já caralho! - Bufei acelerando mais.
Odeio nego que fica na orelha.
Quando eu vi de longe a favela do Valdinho, eu até me senti aliviado.
Achei que não chegava mais essa porra.
Acelerei entrando vendo umas negada na laje cheio e fuzil.
Patrulhamento aqui precisa ser mudado, ai os gambé desce pra favela e os primeiro que toma bala é esse ai dormindo.
Subi aquela favela no pique. Cheguei na boca que Valdinho sempre tava, sai do carro e atrai olhares de todo mundo.
As tiriças tudo assanhada. Eu caminhei pra dentro sentindo alguém colocar a mão no meu peito. Um cara parou na minha frente. Medi ele e ele cruzou os braços.
— Qual foi parça, aonde tu tá querendo ir caralho? Tá maluco? - O vapor disse.
Eu medi ele e neguei passando, ele correu e para ou na minha frente de novo.
— Cocaína acabou porra, vaza! - Ele gritou alto vindo pra cima.
Vá pa puta que te pariu porra, grita não.
Meti um murro no nariz dele e ele pegou a pistolinha dele que devia ser de matar passarinho.
Eu peguei a minha e encostei na cabeça dele.
Ele ficou me encarando e eu ri pelo nariz.
— Mete a bala arrombado! - Falei baixinho.
A porta foi aberta e o mano olhou pro lado.
— Qual foi disso? - Ouvi a voz do Valdinho.
Eu olhei pra ele e neguei.
— Teu vapor mermo? Queria atirar em mim! - Eu ri negando.
Valdinho deu um tapa na cabeça do vapor.
— É, atira no cara que comanda a Rocinha mermo! - Valdinho disse.
O menor ficou pálido. Só faltou beijar meu pé.
Ele vazou dali, eu cumprimentei Valdinho e ele me puxou lá pra fora da boca.
— São quatro duquetreze. Foderam com ela pô, nois vai retribuir pior! - Falei cruzando os braços encarando Curió tirar os dois do porta mala.
Duqueteze = estuprador
— É aquele papo irmão, a sala é logo lá atrás, tá organizado pra tu! - Valdinho disse.
— Quero um pit bull! - Falei acendendo um cigarro.
Ele me encarou e riu.
— Eu tenho um! - Valdinho disse. - Qual é do que tu tá bolando ai? - Ele perguntou.
Eu ri encarando os quatros que me encaravam com um certo medo.
— Tu nem imagina. Tu nem imagina! - Falei rindo soltando a fumaça.
Tudo que vai volta, a lei do retorno logo vem. E chegou a hora!
• aperta na estrelinha •
Prontos pra tortura?
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Libertinagem
Fiksi RemajaEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.