Dagmar
1 mês depois...
Tava daquele jeitão a favela. Marcola tava ainda muito puto com todo o acontecimento. Tsunami tinha começado a usar crack, e isso tava acabando legal com ele.
Cecília sofria muito ainda, e adivinha quem tinha que ouvir?!
Depois daquela transa com o Bazilho, não rolou mais nada, nem beijo. Ele tava correndo atrás da boca de fumo dele. E eu falei que a gente podia ir devagar com esses baratos, mas nunca mais tinha visto o bonito.
Correndo entre aspas né, por que mesmo se recuperando ele ainda manca.
Hoje ia ter baile, e era comemoração dos anos que Marcola era linha de frente do comando.
Eu tinha trabalhado o dia todo e quando cheguei em casa, minha mãe pintava as unhas dos pés.
Eu fui direto pro meu quarto, abri o guarda roupa e não vi nada do que eu queria.
— Que caralho viu, não tenho nenhuma roupa! - Falei bufando.
Comecei a tirar todas as roupas e logo peguei uma saia jeans. Comecei a ir atrás de uma blusa, cropped ou até mesmo um body. Mas quem disse que eu achava alguma coisa...
Eu deixei tudo e fui pro banheiro, tomei aquele banho e sai colocando a saia e um top qualquer. Vesti uma rasteira e fui penteando meu cabelo.
— Tá sabendo? - Minha mãe me tirou dos pensamentos. - A mulher do Tatão tá grávida! - Ela disse.
E demorou ainda em, eu que tava quase ficando grávida!
— Será que é dele mesmo? - Perguntei.
— Não duvido nada não ser, ela é sem vergonha. - Minha mãe disse e saiu do quarto.
Não sei como ela tá viva ainda, Bazilho é um frouxo mesmo, a menina pisa em cima dele e ele lá perdoando.
Passei nenhuma maquiagem na pele não, só um creminho e um batomzão vermelho na boca.
Me arrumar pra ficar soando? Eu não.
Só passei um spray no suvas, um perfuminho de quenga, e o creminho Lily que faz qualquer um se apaixonar.
Peguei meu dinheiro, enfiei no peito e fui pegando o mesmo batom que eu tinha passado.
Sai do meu quarto e fui saindo de casa.
Tava cedissimo ainda, mas como uma boa menina eu iria bater um pastelzinho com cana antes de brotar no baile.
Fui lá no seu José.
Gente fina demais.
Ele faz promoção, três pastéis mais dois litros de caldo de cana, sai por quinzão tudo.
Eu me acabo.
Pedi pra ele e fiquei lá sentada fazendo a pose de fina.
— Ê Dagmar. - Ouvi gritarem.
Ninguém pode me ver comendo que já vem na intimidade.
Olhei pra trás e era Curió descendo parecendo uma criança vendo doce.
Ele beijou minha cabeça e sentou do meu lado.
— Vai fazer a boa de hoje? - Curió disse sorrindo e colocando o guardanapo de papel no colarinho da camiseta.
— Fazer a boa pra mim, por que eu mereço, ralei a semana toda! - Falei.
— E eu também. Nem cometi homicídio essa semana, já vale uma medalha de bom comportamento pô! - Curió disse e eu neguei.
Logo José chegou com os três pastéis e com os caldos de cana.
— Um pastel pra tu e um pra mim, o outro a gente divide! - Falei e ele assentiu dando duas mordidona no pastel.
Pastelzinho de frango com catupiry, com um caldo de cana. É pra acaba com qualquer um.
— No dia do meu casório eu quero é que tenha pastel com caldo de cana. - Falei bebendo um golão.
Quando eu deixei meu copo na mesa, eu encarei logo a entradinha de uma viela e me deparei com Bazilho abraçado de uma mona, ele beijou a cabeça dela enquanto os dois sorriam.
Eu fiquei intacta, continuei comendo olhando.
— Ê Bazilhão, boa! - Curió gritou levantando o caldo de cana na mão.
Bazilho parou de andar e se virou nos encarando, eu fiquei bem com meus olhos no meu pastel.
Como dizia Tati Quebra Barraco “ homem é pra sentar, mas vocês quer amar ”
• aperta na estrelinha •
B r i l h a! ❤️
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Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.