Dagmar
Dias depois...
Nem acreditava que já tinha chegado o dia do casório, parece que tinha demorado horrores.
Quando deu uma da tarde eu já fui direto pro salão, fiz as unhas, hidratação no muco e umas trancinhas na lateral do meu cabelo.
— Ainda da pra meter o pé em Ceci! - Ouvi a voz da minha mãe.
Cecília tava fazendo o cabelo enquanto já tinha chorado horrores.
Pra ajudar a bonita tava na tpm.
Eu tava terminando de fazer minha sobrancelha e ainda precisava ir correndo pegar meu vestido e meu salto que eu tinha esquecido.
— Tá preparada Cecília? - A cabeleireira perguntou.
— To nervosa isso sim! - Cecília disse.
A moça acabou de fazer minha sobrancelha e eu sai correndo indo pra minha casa, peguei o vestido e o salto. Sai correndo pra fora de casa do outro lado estava o Bazilho.
Fingi que nem tinha visto, fui andando rápido e logo senti aquele cheiro de maconha me rodear.
Olhei pro lado e lá estava ele com o olho quase fechado, com a fuzil atravessada.
— Te acompanho, uma dama não pode tá ai sozinha! - Bazilho disse e eu ri pelo nariz.
Fui caminhando mais devagar.
— Tu vai hoje no casório? - Perguntei.
— Se eu for eu ganho um beijo? - Ele perguntou.
— Se você conseguir roubar um beijo... - Falei rindo.
— Será que consigo só roubar o beijo ou mais coisas? - Bazilho perguntou me olhando por inteira.
Me arrepiei inteirinha, meu coração disparou, eu fiquei excitada só de ouvir ele falando isso.
— Quem sabe se o beijo for bom! - Falei beijando o rosto e guiando de volta pro salão.
*****
Cecília
A maquiadora tava terminando minha maquiagem, eu encarei o relógio e já era sete horas da noite. Eu me desesperei.
Todo mundo estava pronta, só precisava terminar a minha maquiagem e fazer um penteadinho bem simples em mim.
— A gente vai indo filha, a gente se encontra no barracão, a Dag vai contigo! - Minha mãe disse e eu assenti.
— Quem vem buscar? - Perguntei.
— Curió! - Minha mãe disse gargalhando.
Tinha que ser, aquele ali não perde um.
Minha mãe e a Ellen foram. Terminei a maquiagem. E começaram o meu cabelo, a Dag colocou um funk pra tentar me distrair, mas me deixava mais nervosa.
Não desejo esse nervoso pra ninguém.
A cabeleireira soltou os bobs do meu cabelo e começou a prender alguns fios, ela deu uma ajeitada no meu cabelo e logo me encheu de brilho. Eu me encarei no espelho e ela sorriu com aquele semblante de satisfeita e cansaço.
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Libertinagem
Fiksi RemajaEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.