• capitulo 3 •

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Dagmar

Acordei com a minha mãe me enchendo de tapas.

- Ai mulher! - Gritei me levantando.

- To te chamando a meia hora caramba. Já é sete horas, guia logo se arrumar, tá atrasadissima! - Minha mãe disse saindo do quarto.

Ô inferno.

Fui direto pro banheiro, tomei aquele banho de gato e vesti a farda correndo. Coloquei a minha legging.

Ai minhas gatas, não sei vocês mas eu com legging me sinto com um bundão, e olha que a minha bunda é de grilo.

Calcei o chinelo de dedo e peguei a bolsa.

Peguei meu celular e ainda era 6:50.

Eu sai indo pra cozinha e peguei um pão.

- Sério que me fez acordar? É dez pras sete ainda! - Falei.

- Único jeito de levantar e fazer as coisas rápido. Toda vez você demora! - Minha mãe disse.

Eu beijei a bochecha dela e sai de casa. Aquele sol que queimava minha retina. Eu desci aquela rua acenando pros moradores. Cheguei na frente da escola e Cecília tava lá, com a amiga sebosa dela.

Pensa numa mona horrorosa.

- Oi pirua! - Cecília gritou vindo correndo.

Continuei a pose, fui caminhando até ela e dei dois beijos séria.

- A gente vai matar aula, bora? - Cecília perguntou me puxando até a sebosa da amiga dela.

Era Paola. Maior rata.

- Eu bem que vou entrar pra escola, eu em! - Falei.

- Ah não nega, tu vai comigo sim, vai ter uns machos ai, umas bebidas e f1! - Cecília disse.

- E eu tenho cara que quero macho? Macho nenhum vai me dar futuro não mona, depois tu fica ai com bomba e não sabe por que. Eu vou bem é que entrar. Beijão! - Falei entrando pra escola.

Essa tiriça da Paola eu não confio não. Ela é maior pilantra da Rocinha. Já avisei a besta da Cecília. Mas não ouve.

*****

Sai da escola, e guiei pra casa. Eu tava varada de fome. Eu comi três pratos de macarrão com carne moída lá, mas ainda eu tava com fome.

Ruim de magreza more.

Cheguei em casa e fui direto comer, com a mochila na costa mesmo. Eu tava varada, meu irmão tava indo pra escola já, minha mãe ria falando na ligação que devia ser tia Miriã.

Abri as panelas e vi aquele feijãozinho preto mara que só mami sabe fazer. Enchi de arroz e depois de feijão.

Feijão por cima do arroz ou por baixo?

Peguei o bife e me sentei. Eu ouvi a porta bater e logo aquele cheiro de homem cafajeste.

Olhei pra trás.

Ah, é meu pai.

- E aê princesa, como tá na aprendizagem? - Meu pai perguntou se servindo.

A gente sempre fazia uma panela de arroz separada pra ele. Ele comia uma panela sozinho.

- Tá uma merda né, último ano da escola é só ladeira abaixo! - Falei colocando uma garfada.

- E eu que a ladeira tá desde a quinta série. - Meu pai disse rindo.

- Pelo menos você sabe decoradinho sobre fotossíntese! - Falei rindo.

A única coisa que sabe de escola.

Minha mãe desligou o celular e veio se servindo.

- A Cecília veio contigo Dag? - Minha mãe perguntou.

Eu encarei arqueando a sobrancelha e enchi a boca de comida. Ela virou me encarando e sentou na minha frente.

- Vi ela só na entrada, guiei pra casa só o flash, eu tava varada de fome! - Falei.

- A Miriã disse que ela não chegou até agora! - Minha mãe disse me encarando desconfiada.

Não da pra engambelar minha mãe não, ela é toda esperta, joga o verde pra colher maduro.

- Nem to sabendo aonde aquela lacraia tá, ela tava com aquele biscate da Paola! - Falei me levantando.

Minha mãe negou bufando.

A mãe da Paola vivia no pescoço do meu pai, minha mãe já tinha descido o cacete nela.

No dia, foi o maior babado, minha mãe desceu a cara dela no asfalto, Curió não deixou macho nenhum se meter, ele até desceu a cadeirinha dele de praia na cabeça de um homem que saia com a mãe dela.

- Eu sei que tu sabe Dagmar! - Minha mãe disse.

Eu fingi que nem era comigo.

Dagmar? Quem?

Sai da cozinha e fui direto pro quarto, coloquei um shorts, uma blusa qualquer e amarrei meu cabelo em um coque.

Escovei meus dentes e sai de casa indo até a praça. Deixa eu cuidar um pouquinho da vida dos povinhos que cuida da minha.

Eu sentei no banco encarando aquela gentinha que me olhava com um nojo.

Deviam tudo se engasgar com o próprio veneno.

- E aê parceira! - Ouvi uma voz familiar.

Olhei pra trás e era Tsunami. Ele sentou do meu lado enquanto bolava dois baseados.

- O que tu quer em? - Perguntei cruzando as pernas.

- Tua parceira cara, ela é filha do Marcola, como que faz pra bater um papo com ela? - Tsunami perguntou.

- Me arranja um amigo teu! - Falei.

- Tu escolhe qual! - Tsunami disse.

Eu assenti.

- Tu vem jogar bola que eu trago a piranha! - Falei.

- Fechadão mona! - Tsunami disse.

• aperta na estrelinha •

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