Dagmar
E mais uma vez eu estava saindo na mão com Tati. A coisa ruim tava falando do meu muco, falando isso e aquilo de mim, nem me movi, mas veio falar da minha mãe.
Ninguém fala de mamãe não.
Grudei ela, bati tanto, mas tanto que ninguém conseguia me tirar de cima dela.
— Fala da minha mãe agora sua vagabunda! - Gritei dando murros na cara dela.
Ela puxava meu cabelo e arranhava minha cara.
Eu tava o próprio tio lu.
Eu tentava bater a cabeça no chão, mas cada vez mais ela rasgava minha blusa.
Eu tava nem vendo, se ela queria que eu passasse vergonha só de sutiã, ela tava fazendo um favor pra mim mostrar pra todo mundo como tinha ficado meu silicone parcelado em 24x.
— Rapariga do cão! - Gritei dando um tapão na cara dela.
Senti aquele puxão em mim. Ela foi vim pra cima e eu chutei com tudo. Eu me virei pra arrumar o meu cabelo e meu pai me encarava com uma reprovação.
— Agora vai ficar atrás do Papai! - Tati disse gritando.
E adivinha quem estava atrás dela segurando ela?
Meu pai foi caminhando em direção a ela e parou.
— Tu vê aonde tu cita eu em, tu tá no erro porra, não vem com sonsidade pra cima de mim que eu to ligado que faz cota que tu tá atrás da minha filha, tu abre teu olho e respeita, ela não fica de perreco pra cima de tu não. Ela tem mais o que fazer. Cuida da tua vida, tu vai acabar rodando! - Meu pai disse apontando o dedo pra ela.
Existe sonsidade?
Ela ficou caladinha, engoliu seco. Tatão na mesma hora passou Tati pra trás e ficou de frente pro meu pai.
— Pô, mas minha mulher merece respeito também chefe, o bagulho não é assim! - Tatão disse.
Era melhor se tivesse ficado calado.
— E eu te mandei algum papo Tatão? Tu não vem bancar de galo não que nois corta teu pescoço também caralho, tua mulher deve respeito igual minha filha! - Meu pai disse.
— Dagmar é homem, na favela a gente não aceita essas parada caralho, ela meteu a mão na Tati! - Tatão disse.
Olhei pra um lado e encarei Bazilho encarando aquilo sério. Ele tava com as mãos nos bolsos enquanto olhava.
Do nada me aparece Curió tentando ver a briga.— Nem mandaram radinho do perreco porra. Não acredito que perdi! - Curió dizia negando com a cabeça.
— Tu lava tua boca pra falar da minha cria teu pau no cú. Tu não tá nem ligado no sistema memo pra tá abrindo teu bico. - Meu pai disse indo peitando Tatão, enquanto Tatão andava pra trás. - Instrui minhas crias que se negada da rua relasse a mão, podia meter o cacete, que depois se alguém se sentisse incomodando viesse mandar o papo comigo. Tu tá incomodado? Por que qualquer um tem vontade de meter um na orelha da tua mulher! - Meu pai disse indo pra cima de Tatão.
Na hora Marcola surgiu da puta que pariu e foi segurando Orelha.
— O bagulho vai ficar estreito pro teu canto arrombado, tu durma com um olho aberto pra não acaba acordando com a boca cheia de formiga filho da puta! - Meu pai dizia alto apontando pra ele.
Tatão tava sentado no chão ouvindo aquilo de cara fechada.
— Relaxa ai caralho! - Marcola disse colocando meu pai encostado na parede. - Tu cobra ele quando ele tiver já esquecido, assim que é bom, tu vê o desespero da lazarento, tu sabe que nada passa aqui! - Marcola dizia bem calmo.
Maior fumante de maconha da favela.
Tatão estendeu a mão pro Bazilho ajudar e ele passou reto vindo em minha direção. Ele tirou a camiseta dele e me deu.
— Teus peitos é bonito amostra! - Bazilho dizia com os olhos fixados nos meus.
Eu neguei rindo e logo avistei Tati e a amiga levantando Tatão. Eles foram saindo e logo se desfez a rodinha que estava.
— Tati vai acabar da pior forma. Tu nem imagina! - Bazilho dizia rindo pelo nariz.
V
amo ver se agora sai do meu pé...
• aperta na estrelinha •
Você é corajosx! ❤️
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Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.