Cecília
5 meses depois...
Me casei simplesinho com Tsunami, no cartório e depois um almoço. Nada demais mesmo.
Eu bati o maior papo com ele, que eu queria casar antes do Patrick nascer. E por fim, casamos.
Eu tinha entrado na casa dos nove meses, eu tava com o pé inchado, minhas costas doloridas e meus peitos pesando...
— Eu vou chamar tua mãe aqui. Olha o jeito que tu tá Cecília! - Tsunami disse.
Eu me virei olhando no espelho e encarei o quanto eu tava acabada.
— Não to morta! - Falei indo pra cozinha.
Eu não parava de comer por estar ansiosa. Era o dia todo se empanturrando de comida.
— Não tá morta, mas tá quase ganhando a criança! - Tsunami disse vindo atrás e eu nem dei corda.
Eu peguei três bananas e fui pra sala me deitando no sofá.
— Tchau, bom trabalho! - Falei no deboche.
Ele saiu de casa e eu comecei a assistir as notícias do rio.
******
Eu tinha acabado de limpar a cozinha toda. Peguei o pacote de biscoito e fui caminhando até a minha cama. Eu tava ofegante já, cansada.
Claro né, eu precisava tá de repouso.
Só foi eu deitar na cama quando eu senti uma dor.
— Tá me zoando né? - Falei baixo relando na barriga.
Eu suspirei fundo e logo parou.
Eu comecei a comer o biscoito e logo senti a dor mais forte do que a primeira. Eu me sentei e comecei a me assustar.
— Não acredito! - Falei pegando meu celular e entrando no WhatsApp.
Eu comecei a sentir as dores mais forte. Eu apertei na primeira conversa e era a da Dag.
WhatsApp 📞
Eu: Pelo amor de Deus. Aonde você tá? Tem como vir aqui? - ( 11:28)
Não demorou muito e ela logo visualizou.
Dag: O QUE FOI? EU TO INDO AI! - ( 11:29)
WhatsApp 📞
Eu fui caminhando pra fora do quarto. Eu cheguei até a porta da sala e abri saindo pra fora.
Aquele ar bateu na minha cara, eu suspirei fundo fechando os olhos e logo senti aquela dor vir de novo.
— Qual foi? Tá passando mal? - Ouvi uma voz e abri os olhos vendo Sasi.
Glória Deus alguém.
— Eu to tendo contrações, me ajuda! - Falei mordendo a boca.
Ele arregalou os olhos e peguei na mão dele apertando forte.
— Ai porra! - Ele disse gemendo baixo.
— Cecilia! - Ouvi a voz de Dagmar e encarei ela vindo com Thales no colo. - Cadê o Tsunami? - Ela perguntou chegando perto.
— Trabalhar... - Só consegui falar.
— Vai pegar um carro jumento, vai ficar parado ai com os olhos estralados? - Dagmar disse alto com Sasi que logo meteu o pé.
— Dag... - Falei.
Eu senti aquela água cair no meio das minhas pernas.
Ela olhou pro chão aonde eu olhava e se desesperou.
*****
Chegamos no postão, eu fui ser internada. Eu tava morrendo de medo, eu tremia.
Eu já estava na sala de cirurgia.
Eu teria que fazer cesariana, indicação do médico.
— Tá tudo bem com você? - O doutor disse chegando perto e eu assenti. - Eu vou estar aqui a todo momento, pode ficar tranquila Cecília! - Ele disse e eu assenti.
Ele voltou pra trás daquele pano e eu fechei os olhos.
— O pai da criança! - Ouvi a voz da enfermeira.
Eu senti aliviada. Logo Tsunami estava do meu lado.
— To aqui vida, to aqui! - Tsunami disse beijando minha testa.
Eu suspirei aliviada.
A cesaria foi indo, Tsunami falava comigo a todo momento.
Não demorou muito até ouvirmos o primeiro choro.
— Que lindo meninão! - O doutor disse.
Eu sorri sentindo as lágrimas correrem pelo meu rosto.
A enfermeira veio vindo com o bebê pra perto.
— Como eu amo você! - Falei baixinho dando um beijinho nele.
*****
Quando era umas oito da noite, eu já tava melhor. Patrick dormia no meu colo.
Ouvi a porta bater e logo vi a enfermeira.
— É o horário de visita, vou trazer... - Ela disse e eu assenti.
Comecei a acariciar Patrick e logo ouvi umas gritarias pelo corredor. Parecia briga.
Eu continuei intacta mas logo ouvi a porta abrir, eu encarei e era dali que vinha o barulho.
Entrou Marcola, Miriã, Curió, meus pais, Tsunami, Dagmar, Bazilho...
— Fala baixo! - Falei fechando a cara.
— A enfermeira disse que seria um por vez, e só dois podia ver. - Curió disse. - Tranquei ela no quartinho de limpeza! - Ele disse vindo. - Cadê o bonitão do titio Curió? - Ele disse vindo pegar.
— Todo mundo lavou a mão? Passou álcool? - Perguntei e todo mundo assentiu.
Eu entreguei a Curió e ele ficou lá falando igual um tonto com voz de criança.
Ai que começou a briga de quem ia carregar a criança.
Como eu amo essa galera.
• aperta na estrelinha •
Reta final...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.