Bazilho
Voltei pra aquela sala. Tatão tava caído no chão agonizando de dor.
Como podia aquele filho da puta não morrer com tanta bala?!
— Tu não merece palavra minha não, comigo é sem massagem! - Orelha disse despejando o ácido na cara do Tatão.
Devia ter sido mais de cinco balas no peito e ele vivão.
Tatão começou a se contorcer, Tati tava do outro lado regaçadona mesmo.
Eu nem tinha chegado a meter a bala final, mas com o tanto que fiz sofrer, ela já tava com o corpo no inferno.
Orelha não demorou muito e já meteu um tiro na cabeça do Tatão, ele tava mais pro outro plano do que pra cá.
O Orelha saiu dali parecendo um foguete.
— Tu da um jeito nela? Eu vou mandar um vapor leva os corpos pro microondas. - Marcola disse.
— Leva ela pro microondas, vai ser morta queimada então! - Falei.
Tati tentou abrir um olho e não conseguia.
*****
Eu fiquei encarando aqueles dois pneus pegando fogo, e abaixei a cabeça virando as costas e saindo de perto.
Guiei pro postão, eu tava com a mente a milhão, dei de cara com aquele grupinho de negada.
— E ai? - Perguntei chegando perto da Ellen.
— Qual é teu tipo sanguíneo? - Ellen perguntou.
— Sei lá. Ela tá precisando de sangue? - Perguntei e Ellen assentiu. - Aonde é que vai pra doar? - Falei.
— Ela só recebe O-, e ninguém daqui tem! - Ellen começou a dizer ficando desesperada.
Eu cheguei perto dela e segurei os braços dela.
— Calmo pô, nois vai encontrar, confia! - Falei e ela mordeu a boca fechando os olhos fortes.
Eu me afastei e fui direto entrando atrás de alguém. A primeira enfermeira veio passar por mim e eu segurei ela.
Eu expliquei os bagulho tudo e ela me levou pra sala, ia ficar pronto depois de uns 30 minutos. Claro que acelerei ela.
******
Doei e meti o pé pra recepção, eu tava cansadão.
— E ai? - Ellen perguntou.
— Tem que esperar pra ver! - Falei sentando e fechando os olhos.
E pelo visto cochilei da hora. Fazia 48 horas acordadão.
Acordei com um barulho de risada, eu abri os olhos e era Curió.
— O que é, oque é, maconha enrolado no jornal? - Curió falava segurando a risada. - Baseado em fatos reais... - Ele gargalhava altão no meio do postão.
Eu neguei com a cabeça e Cecília beliscava ele pra ele parar de rir.
— Senhor Bartolomeu Santiago! - A enfermeira falou e eu levantei.
Não sei como não troquei pra Bazilho ainda!
Ela me guiou até uma sala e me deu o papel.
— Teu sangue é O+, não consegue doar pra Dagmar, mas vai ficar no banco de doações, será doado para outras pessoas! - A enfermeira disse.
Eu fiquei encarando ela.
Ela saiu da sala e eu guiei pra fora indo direto pra rua. Eu encarei aquele céu escuro e suspirei colocando as mãos no bolsos.
— Pô, por que esse bagulho? - Falei acendendo um cigarro. - Sou capaz de casar com essa mulher se ela sair dessa! - Murmurei baixinho.
— Eu ouvi em, falou tá falado! - Ouvi uma voz e encarei Curió acendendo um cigarro também.
— Eu vou botar a favela toda pra doar! - Falei fechando os olhos.
— Tem que ser rápido irmão! - Curió disse.
• aperta na estrelinha •
Seja como for, corra atrás da tua felicidade! ❤️
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Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.