Cecília
Quando Tsunami me ligou pedindo pra se encontrar com ele, eu fui frenética, cheguei lá na casa dele e acabamos transando. Ele tava estranho, mas deixei isso de lado.
Quando eu comecei a me vestir, ele se vestiu rápido e começou a acender um baseado.
- Vou trazer minhas coisas pra cá! - Falei na maior inocência.
Na mesma hora Tsunami me encarou e negou com a cabeça.
- Melhor não... Teu pai tá na minha bota, tu não sabe os bangue que ocorreu lá! - Tsunami disse.
Dava pra ver, qualquer um que olhasse via os hematomas, o rosto inchado.
- Deixa o meu pai, ele não vai mais relar em você! - Falei firme.
- Cecília, guia pra tua goma, na boa mesmo, teu pai uma hora dessas deve tá no toque já que tu tá aqui! - Tsunami disse, eu neguei abraçando ele. - Melhor a gente terminar também! - Ele disse na maior tranquilidade.
Eu me afastei dele e olhei ele que me olhava sério.
- Você tá brincando? Olha tudo o que aconteceu, e você quer terminar? - Falei alto.
- Fala baixo porra! - Ele disse virando de costas. - Cecília vai! - Ele terminou falando.
Eu engoli seco e sai dali batendo portas.
Comecei a subir aquele morro pensando a merda que eu tinha feito.
Coloquei a mão no fogo por uma pessoa que no primeiro choque, saiu de perto.
Eu perdi a confiança de todos, TODOS.
Guiei pra casa e percebi que não tinha ninguém em casa. Eu fui direto pro banheiro. Tirei a roupa e entrei de baixo daquele chuveiro gelado.
Eu caguei em tudo e nas minhas escolhas.
******
Dagmar
Tava em casa terminando de organizar meu quarto. Eu estava pingando de tanto sono, eu tava pronta pra dormir quando bateram na porta do meu quarto, eu fui abrir e dei de cara com Cecília.
Cadê o senso? Onze da noite caralho.
- Posso entrar? - Cecilia perguntou baixo.
- Quer morar aqui também? - Falei dando espaço pra ela entrar.
Ela entrou e eu fechei a porta indo até ela.
- Fala logo por que eu tenho que acordar cedo amanhã pra trabalhar! - Falei cruzando os braços.
Ela sentou na minha cama e bufou.
- Vim te pedir desculpa... - Ela disse. - Eu errei de verdade contigo. Tu é aquela pessoa que cresceu comigo, tu sempre tava comigo nas boas e nas ruins! - Cecília disse.
- Caiu a real só agora foi? Por que se foi, tá tarde demais em mona, pelo amor! - Falei negando com a cabeça.
- Ele terminou! - Cecília disse firme. - O negócio estreitou pro lado dele e ele pulou pra fora, eu to cansada emocionalmente, eu botei tanta fé nele e deixei os de verdade pra trás! - Ela dizia com os olhos cheios de lágrima.
- Apoiei vocês, acho que fui até errada nisso. Agora você arque com tuas consequências! - Falei.
— Vai me dar as costas agora quando eu preciso de você? - Cecília perguntou.
Eu fui até a minha cama e deitei fazendo ela se levantar.
— Não, mas vê se aprende que as vezes entre uma amizade e um macho, fique com a amizade em algumas circunstâncias. - Falei fechando os olhos.
A luz foi apagada e logo senti ela se deitar atrás de mim. Tipo conchinha.
— Sai de trás inferno, não curto tua fruta não! - Falei me afastando dela.
Ela se levantou e ficou o maior silêncio, eu me virei pra trás e ela tava parada me olhando.
— O que tu quer Cecília? Quer que eu carregue você e fale que eu te desculpo? Tu que deve reconhecer teu erro e ir atrás de pedir desculpas pras negada daqui! - Falei. - Se tu quiser ir dormir aqui, pega o colchão aqui em baixo, tu sabe aonde tem tudo! - Falei e me virei fechando os olhos.
Ela ficou calada e foi pegando as coisas.
• aperta na estrelinha •
Uma ótima semana! ❤️
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Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.