Dagmar
1 semana depois...
Eu não tinha ido trabalhar e nem ia. No relógio marcava uma da tarde já, eu tinha limpado a casa, feito comida e dado a Thales.
E pra piorar, justo hoje que a assistente social iria vir, Thales tava com uma febre.
Bazilho fumava um cigarro atrás do outro de tanto nervoso.
— Matar ela resolveria? - Bazilho perguntou. - A gente enterrava e boa! - Ele terminou de dizer e já foi levantando.
— Ai que piora. Relaxa o cu, não sei por que tu tá assim. Você não precisa falar no que você é envolvido, tu nem ficha suja tem, já pagou com o que tu fez! - Falei abraçadinha com Thales.
— Olha pra minha cara Dagmar? Tenho cara de pastor por acaso? - Ele perguntou como se fosse óbvio.
Nem dava pra falar nada, a cara do Bazilho já dizia tudo.
— O que tem tua cara? Tem muitos pastores que são pior que os que é do tráfico ué! - Falei negando com a cabeça.
— A mulher vai pegar minha ficha, ela vai ver que eu já rodei uma vez. - Ele disse.
— Tu já pagou caramba, para de ficar nervoso que isso me deixa mais apavorada. - Falei.
— Ela vai querer a renda mensal! - Bazilho disse sentando e bolando um baseado.
Vocês conhecem o Fumaça? Só quem conhece sabe. Bazilho deve ser parente dele, certeza!
— E daí? - Perguntei.
— E daí que tu sabe quanto eu tiro por mês, ela vai se ligar que é tráfico! - Bazilho disse.
Eu sai dali e fui pro quarto deitando Thales no berço dele. Eu sai e fui pra sala de novo.
— Quer se preocupar? Se preocupe quando ela vier. - Falei pegando o baseado da mão dele e jogando pra fora da janela.
******
Era três e meia quando ficamos sabendo que ela estava na barragem.
Meu cu gelou. Eu fui até Thales e ele estava sentado assistindo desenho. Graças a Deus a febre já tinha passado.
Com tantas preces do Bazilho, Thales ficou bom logo.
Bazilho tinha ido de encontro com a assistente. Eu fiquei sentada no sofá, do lado do Thales. Eu rezava tanto pra que desse tudo certo.
Querendo ou não eu tinha pego o maior amor nesse menino. Mal chegou e já ocupou uma boa parte do meu coração.
Quando eu vi a porta abrir, eu senti a minha garganta secar, eu só conseguia olhar aquela mulher que devia ter seus trinta e poucos anos, bem arrumada e com a maior cara de séria que alguém podia ter.
— Você que é a Dagmar? - Ela perguntou e eu assenti estendendo a mão. - Eu sou Hilda, a assistente do caso do Thales! - Hilda terminou dizendo dando um 360 com o corpo encarando cada lugarzinho daquela casa.
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Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.