Dagmar
Abri os olhos e fechei.
Tava claridade demais. Eu virei do lado e abri os olhos lentamente.
MEU PAI!
Eu levantei correndo. Me encarei e eu estava nua. Eu fui vestindo minha roupa e me olhei no espelho que tinha na parede.
Puta merda, como vou esconder esses chupões?
Eu peguei a sandália na mão e meu celular.
42 ligações do meu pai, 13 mensagens do meu pai e 68 mensagens da minha mãe.
Eu sentei na cama e suspirei entrando direto na conversa da Cecília.
WhatsApp 📞
Cecília pirua: Ou cade você? Volta logo que eu to aqui no baile já! - (01:43)
Cecília pirua: Teu pai sabe que tem alguma merda feita, eu to tentando te encobertar inferno!!!! 🤐 - ( 02:59)
Cecília pirua: Ô quengaaaaa, morreu na pica do negão? Eu to vazando do baile e teu pai atrás de tu! - ( 04:32)WhatsApp off 📞
Eu me levantei saindo daquele quarto, e olhando cada parte daquela casa lembrando da madrugada quente.
Eu sai daquela casa, tava um sol do inferno. Já era dez da manhã. Eu fui andando pelos becos.
E quando cheguei perto de casa, eu entrei pela janela do meu quarto. Coloquei um camisetão e um shorts. Me deitei na cama e apaguei.
Acordei com minha mãe me enchendo de tapas.
- Ô cavala veia, levanta, aonde tu tava em? - Minha mãe perguntou de cara fechada.
- Tava dando! - Falei sonolenta me virando.
- A gente não da. É distribuição! - A voz da minha mãe soou pelo quarto. - Tu toma cuidado com quem tu sai, to falando sério! - Minha mãe disse e eu assenti.
Ouvi ela sair do quarto e logo eu me despertei, peguei meu celular e já era uma da tarde. Eu me levantei indo direto pro banho. Aquele banho tão bom.
Meu cu tá latejando.
Eu sai do banho colocando a mesma roupa, só troquei o sutiã e a calcinha. Escovei os dentes e sai do banheiro. Fui pra sala e meu pai estava lá comendo.
Ele me viu e ficou parado.
- Aonde tu se meteu? - Ele perguntou
Eu não meti em nada, mas meteram uma em mim, que nunca mais vou esquecer.
- Eu dormi na menina que estuda comigo. Esqueci de avisar! - Falei suspirando.
Ele resmungou algum palavrão e eu fui direto pra cozinha. Fiz aquele belo prato de princesa, e bati aquele pratão. Escovei os dentes e sai de casa indo até a casa de Cecília.
*****
Sasi
Marquei o que entrava e saia no papel e Tsunami foi entrando.
- E aê! - Tsunami disse sentando na cadeira.
- O que tu quer? - Perguntei terminando de anotar.
- O que tu achou? Conta aê a lua de mel! - Tsunami perguntou.
- Tu é zé porva em. Porra! - Falei rindo. - Foi bom pô, agora cuida da tua vida! - Falei deixando o papel de lado e encarando ele
Ele assentiu e ascendeu o cigarro.
- Tu não ligou que a mina é trans né? Mo maneira e parceira ela é cara. - Tsunami disse.
Pô, eu to ligado, nunca sai com trans. A mina foi a primeira, to ligadão do rolo dela com o Tatão, sei do jeito que ele tratava ela e isso era um bagulho deselegante.
E daí se é mina, mona e mano, cada um com tua escolha e nois tem que respeitar pô.
A mina era da hora, sempre escandalosa, aquele jeitão extrovertido, mais o papo é que ela mesmo não sentia bem com ela mesmo, e aquilo eu me toquei na hora que ela veio falar que era.
- A mina é mina, foi a escolha da mina, se for pra ficar na amizade de boa, se for pra gente dar uns beijos, tamo ai! - Falei.
- Isso ai. Tu tem que fazer o que tu quer, os manos não tem que debochar não! - Tsunami disse.
- Debochar de que pô? Qual o problema de eu sai com mina trans, ninguém tem nada haver não. Se falarem muito, taco ela no posto de fiel num bailão. - Falei acendendo o baseado.
Ele assentiu e eu traguei sentindo a brisa.
• aperta na estrelinha •
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Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.