Dagmar
1 semana depois...
Fazia uma semana e nada de Cecília.
Tentaram hackear o celular do Tsunami mas não dava sinal. O da Cecília tinha ficado comigo.
Deixei de canto toda essa história, até por que eles meteram o pé pra der feliz.
Eu fui bem que me preocupar com o meu emprego, fui chamada pra uma entrevista e uns dois dias depois eles deram a resposta que era meu.
Era uma das empresas com nome forte aqui no Rio. Era feito os vestidos e mandados para fora do Brasil.
Resumindo, uma enorme responsa pra mim. Eu tinha que desenhar o que era pedido e ir pro lado da produção pra escolher os modelos, tecidos e detalhes mínimos.
Ajudava a costurar.
Aliás, fazia um pouco de tudo.
Se eu quisesse ser o que eu sonhava, eu teria que fazer um pouco de tudo ali no momento.
O que eu queria mesmo era abrir a minha empresa. Mas isso era com o tempo.
*****
Eu trabalhei o dia todinho, fiquei até um pouco mais tarde, minha costa tava fodida já.
Sai do meu trabalho e fui caminhando até uma rua aonde meu Uber me esperava. Eu entrei e fomos indo, eu mexia no meu celular até do nada ele frear com tudo. Eu olhei com tudo e tinha algumas bopes atrás de algo.
— Santo Deus, que maluquice isso, qual é do babado dessa vez em? - Falei voltando a atenção pro meu celular.
— Perseguição de um cara ai, tava passando na tv! - O Uber disse.
Dei de ombros e senti minha reta. Ele me deixou na frente da favela, eu paguei e desci.
Encarei e tinha mais vapor ali...
Só faltava o babado ser aqui!
Fui caminhando olhando pra todos os lados e de costume meu pai estava ali me esperando.
— Bora! - Ele disse pegando na minha mão e caminhando rápido.
— O que tá acontecendo? - Perguntei confusa.
O rádio do meu pai começou a tocar.
— Orelha? Aonde tu tá, mete o pé rápido pra boca! - Marcola dizia.
— To guiando porra! - Meu pai disse e começou a correr.
Eu comecei a subir aquele lugar correndo sem entender nada. Meu pai me deixou na frente de casa e eu entrei dando de cara com minha mãe.
— O que tá acontecendo? - Perguntei.
Minha mãe me puxou com tudo pro quarto e trancou.
— Bope vai entrar com os federais! - Minha mãe dizia tremendo.
Eu joguei a bolsa na cama e passei a mão no rosto.
— A bope sempre entra, o que os federais vai vir? Marcola não paga pra eles não? - Perguntei.
— Eles querem a cabeça do Tsunami, Tsunami entrou em uma agência, meteu tiro em todo mundo, pegou o dinheiro e vazou. - Minha mãe disse.
— E o que a Rocinha tem haver? - Perguntei.
— Cecília tava junto. Tsunami avisou Marcola que vai entrar na rocinha com Cecília, prometeu, é o que Marcola quer. Eles tão atrás do Tsunami! - Minha mãe disse. - E você sabe, a primeira oportunidade que eles tiverem de pegar a cabeça do Marcola eles pegam! - Ela terminou de dizer.
Tomar no cu, Tsunami não sabe nem fazer merda certo!
Eu me sentei na cama e peguei meu celular.
WhatsApp 📞
————————–————————————+55 21 xxxx-xxxx: Ia dar um beijinho na boneca, mais vi que o sogrão tava junto pô. - ( 18:27)
+55 21 xxxx-xxxx: Se cuida aê. - ( 18:35)
Eu: Quem precisa se cuidar é você, tem que ficar inteirinho em, pelo amor... Juro que te dou uma recompensa! 🤫 - ( 18:41)
Bazilho: Tu tá me atentando lazarenta, eu deixo o bagulho aqui e vou aê agora em... - (18:42)
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Bloqueei a tela e suspirei. Desde que a gente tinha transado, não rolou mais nada. Eu tava com a minha correria do trabalho.
Mais um que só vai servir pra sentar.
— Só espero que ninguém deles morra, dessa vez o negócio é sério! - Falei negando com a cabeça.
— To com sensação, e não é boa! - Minha mãe dizia abanando.
Deus é mais!
• aperta na estrelinha •
Que sua semana brilhe igual a você! 🌠
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Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.