Marcola
Sai da salinha dando de cara com Orelha.
— Leva pra tortura! - Falei apontando pra minha sala.
— Tu vai meter pipoco? - Orelha perguntou.
— Não vou! - Falei. - É pra aprender, depois eu dou um pulo lá! - Falei e ele assentiu.
Eu meti o pé pra goma. Cecília me esperava sentada no sofá, quando me viu, veio vindo.
— Cadê ele? O que tu fez com ele? - Cecília perguntou.
— Matei! - Falei seco indo pra cozinha.
Dei aquele abração na minha gata e peguei um prato me servindo.
— Você é louco? Eu te odeio porra! - Cecília gritou batendo a mão no meu prato.
A comida caiu toda no chão, o prato quebrou em vários pedaços.
Eu levantei meu olhar devagar encarando ela.
Eu fui chegando perto dela e ela me encarava firme.
— Matei a confiança que eu tinha em tu! - Falei. - Teu namorado fodido tá vivo, não por mim, mas por tu. Por que eu teria arrancado os órgãos e vendido! - Falei me afastando dela.
Miriã foi pegar a comida do chão e eu segurei ela.
— Tu não pega não, quem vai pegar vai ser a Cecília! - Falei. - Tu pega toda essa porra que tu derrubou, e tu cria respeito pra cima de mim caralho, tu tá achando que tu tá falando com quem? Tu mora de baixo do meu teto, e até tu morar aqui, tu deve respeito a mim e pra tua mãe! - Falei firme.
Ela ficou em olhando feio.
— Pega logo Cecília! - Miriã disse calma.
Eu sai metendo o pé de casa. Fui direto comprar uma quentinha, comi no lugar mesmo.
******
Orelha
— Tu se ligou? Tu errou feião, tu fazia mo trampo lá na boca, mas tu pisou no calo do Marcola, foi um do seu maior erro. Nunca pise no calo dele! - Falei acendendo um cigarro.
Ele negou se encolhendo no canto.
— Não fiz por mal não pô, fiz pensando em viver tranquilo com a Cecilia aqui! - Tsunami disse.
Eu tossi com a fumaça e neguei.
— E por que tu não mandou o papo pro Marcola caralho? Tu se fodeu mané, fodeu legalzão mesmo! - Falei rindo pelo nariz.
Ele ficou calado.
Logo ouvi a porta abrindo, olhei pra trás e era Marcola. Ele tava agitadão, o nariz já mostrava que ele tinha cheirado.
— Vaza Orelha! - Marcola disse caminhando pra perto do Tsunami.
Marcola arrancou a pistola e colocou na cabeça dele.
— Marcola, tu disse... - Fui falar e ele me interrompeu.
— Tu é filho da puta! - Marcola gritou metendo chutes na cabeça do Tsunami.
Tsunami caiu no chão se protegendo.
Marcola começou a xingar ele enquanto metia murro.
Do nada ele me tira um estilete, eu fiquei encarando cada movimento dele.
Ele tava loucão.
Pro Marcola cheirar o bagulho tava louco.
— Tu fodeu a Rocinha! - Marcola dizia passando o estilete nas costas dele.
Tsunami começou a gritar.
Marcola começou a passar na perna. Eu me virei saindo da salinha.
— Qual é do b.o? - Ouvi uma voz e me virei vendo Curió.
— Tsunami! - Falei.
— Menos um cpf? - Curió perguntou.
— Não dúvido nada, Marcola cheirou legal! - Falei.
Curió passou as mãos no rosto negando.
Marcola cheirado, nem demônio pode com ele.
— Não me mata por favor! - Ouvimos a voz do Tsunami gritar.
E logo em seguida um tiro!
Curió arregalou o olho e foi correndo pra dentro da salinha.
• aperta na estrelinha •
Resista! ❤️
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Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.