• capitulo 50 •

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Cecília

Acordei com um barulho, avistei Tsunami enxugando o cabelo.

— Bom dia! - Sussurrei baixo.

Ele se virou e sorriu sem mostrar os dentes.

— Nois precisa vazar daqui! - Tsunami disse.

Eu me sentei na cama e arqueei a sobrancelha.

— Mas por que? - Perguntei.

— Sasi mandou o papo pra vazar daqui! - Ele disse.

Eu sai da cama e fui direto pra frente do espelho, eu estava com a maquiagem toda borrada, cabelo pro alto e só de calcinha e sutiã. Eu fiz um coque rapidamente e fui até aonde tinha algumas roupas do Tsunami, peguei uma blusona e me vesti.

— O banheiro é a do lado, vai lá e bora! - Ele disse e eu assenti.

Fui pro banheiro, fiz xixi e lavei o rosto. Logo ele bateu na porta.

Bafão de leão.

Eu sai e ele já pegou na minha mão e foi me puxando pra fora. A gente caminhou rápido até a moto, ele subiu e eu fui caminhando até o portãozão. Fui andando rápido e abri ele, Tsunami veio com tudo e parou bem na estrada de terra, eu Fechei aquele portão e de longe avistamos a avó do Tsunami, ela acenou pra gente e acenamos de volta pra ela. Eu montei na moto e agarrei nele.

Tsunami parecia que voava, ele entrava e saia de ruas, uma hora até achei a gente já nem tava mais no Rio.

Quando paramos em um lugar bem afastado de tudo, sentamos em baixo de uma árvore. Apenas o que tinha ali perto era uma pequena vila.

— Tu teria coragem de vazar pra fora do Rio comigo? - Tsunami perguntou.

Eu não sabia o que responder.

— Não sei, fiquei muito tempo longe da minha família, foi difícil! - Falei.

Ele assentiu e ficou calado.

Eu Fechei os olhos sentindo aquele vento bater em mim.

Será que não era mais fácil falar com meu pai? Será que ele aceitaria o Tsunami?

— Viver na pista é foda, eu tenho passagem! - Tsunami disse quebrando o silêncio.

— De que? - perguntei.

— Homicídio! - Ele disse.

Eu encarei ele e ele me olhou.

— Eu me arrependo! - Ele disse e eu abaixei a cabeça.

Ele só chegou perto de mim e ne abraçou de canto.

— E se a gente voltar? - Perguntei. - Meu pai tem que te aceitar, quem tem gostar de você sou eu e não ele. Eu já sou de maior! - Falei séria.

— Tu é de maior, mas o papo é que teu pai não é qualquer malandro ai que nois bate de frente e ele cai. Teu pai bate o pé e ninguém tem coragem de dar um passo! - Tsunami disse.

Eu bufei e ele pegou na minha mão.

*****

Dagmar

Tive que ir pra boca junto, como se eu tivesse a obrigação de falar alguma coisa.

— Você não acha que ela deveria ser feliz? - Perguntei.

Marcola até se engasgou com a fumaça do baseado.

— Acho que ela deveria ter mandado o papo. Ninguém colocou arma na cabeça dela, era só ter vindo na humildade e mandado o papo pra mim. Agora meter o pé? Parece bagulho de adolescente emocionado! - Marcola disse de cara fechada.

Saudades da minha época emocionada.

Não vou poder ajudar com nada, se tu ficou surpreso, imagina eu que sou melhor amiga dela e nem tava sabendo disso! - Falei e me virando saindo.

Eu que não uma ficar ali no meio de tanto cheiro de maconha.

Sai avistando Tatão vindo lentamente.

Diabo me persegue viu.

Eu fui passar por ele e ele me puxou.

— Tem como soltar porra? - Falei me puxando mas ele apertou mais forte meu braço.

— Não me deu mais bola, não me deu nem oportunidade de experimentar a nova buceta! - Tatão disse.

Fiz a cara de nojo e tentei puxar de novo.

— Bora comigo! - Ele sussurrou.

Eu empurrei ele com tudo e ele bateu as costas na parede.

— Tu tira as mãos imundas de mim. - Falei.

— O cu já era gostoso, bora ver a parte da frente. - Ele disse vindo na minha direção.

Eu mostrei o dedo do meio.

— Vai ver o tiro que vou dar no teu cu! - Ouvi uma voz saindo do beco. Eu olhei e era Bazilho. - Só quem faz morada ai sou eu,  tu devia ter postura de homem caralho! - Ele disse peitando Tatão.

Tatão fechou a mão e Bazilho destravou a pistola colocando na cabeça de Tatão.

— Se tu intimida ela de novo, te tiro aos poucos o que tu mais ama! - Bazilho disse baixinho.

• aperta na estrelinha •

Não cancele sua oportunidade de ser feliz! 🦋

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