Dagmar
Encarei aquele teto cheio de bolor e Fechei os olhos sentindo vontade de fazer xixi.
— Xixi! - Resmunguei.
Eu abri os olhos e encarei ao meu redor.
Cadê a enfermeira?
Olhei pros lados e não tinha nenhum botão.
— Eu quero fazer xixi carambaaa! - Tentei falar alto, mas minha voz tava fraca demais.
Essas horas um pinto faria bem, só tacar pro lado e lá vai chuva de mijo.
Eu não tava aguentando, eu comecei a fazer xixi ali mesmo e quando terminei a porta foi aberta.
— Não acredito! - Falei fechando os olhos.
A enfermeira tava entrando.
— Oi Dagmar, como você tá? - Ela perguntou vendo meu soro e logo começou a me encarar. - Que cheiro é esse? - Ela perguntou tirando aquele lençol em cima de mim.
— Ninguém veio aqui me ajudar a mijar, eu só queria fazer um xixizinho! - Falei.
Ela ficou muito sem graça...
— Me desculpa, tem um paciente com transtornos mentais e a gente tá em cima dele, ele é meio difícil! - Ela disse e eu concordei.
Ela começou a ajeitar as coisas.
— Vou chamar uma enfermeira pra me ajudar... - Ela disse e eu virei a cara sentindo uma dorzinha.
Ela saiu e logo voltou com a outra enfermeira. Elas me ajudaram a tomar banho e quando eu voltei pra cama, elas já tinham trocado tudo. Eu me deitei com o maior cuidado.
— Logo vem a janta, daqui a pouco eu passo aqui, tudo bem? - Uma das enfermeiras disse e eu concordei.
Elas saíram e eu fechei meus olhos, começou a vir aqueles flashes, comecei a lembrar e abri os olhos com tudo.
Como posso ser tão forte ainda?
****
2 semanas depois...
E lá estava eu encarando o médico assinar a minha alta. Eu tava morta de sono e bem puta.
Nessas duas semanas que eu estava acordada, eu vi quem veio e quem não veio. Veio todos, menos Bazilho e Cecília.
Dois filhos da puta.
E quando mandei mensagem pro Bazilho ele só visualizou e saiu.
Ele que se foda também.
Eu quase morro por ele e na hora de visitar eu, não vem, esquece...
— Vamos? - Meu pai disse chegando com a cadeira de rodas.
— Eu não to alejada não! - Falei.
Ele me olhou feio e eu me sentei rapidinho.
Ele foi me empurrando, eu comecei a ler aquele papel e não tava entendendo nada com nada.
— Não sei pra que essa letra, parece que escreveu com o cu! - Reclamei.
— Olha a boca porra! - Minha mãe disse e eu revirei os olhos.
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Libertinagem
Teen FictionEm uma sociedade totalmente preconceituosa, existe Dagmar, uma trans que corre atrás pelos seus direitos. Mas morando na favela, o que não tem é respeito, mesmo ela sendo filha de um dos traficantes mais temido do Rio de Janeiro.