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— Qual foi sua pior missão? – Avril pergunta tranquila.

— Senhorita, estamos fazendo algo perigoso aqui!São todas confidenciais... Posso ser preso se informações vazarem. – Henry encosta na cabeceira da cama.

— Não precisa dar detalhes.

— Quando diz pior, está se referindo a algo que foi um fracasso ou mais difícil?

— Mais difícil.

Henry tira a jaqueta e mostra a tatuagem cobrindo a cicatriz.

— Mas te convencer a me deixar te ajudar foi bem mais difícil. _Avril ri baixo. – Não da para abaixar a guarda la fora. É vida ou morte.

— Você disse que estava entediado até mesmo fazendo o seu trabalho. Se ser um oficial do comando especial, não está te dando emoção, por que continuar? – Avril pergunta curiosa.

— É uma questão de família. Cresci vendo os laços com o exército. Eu gosto muito, mas ultimamente tenho tido dificuldades em achar algo que supra minha necessidade de uma boa adrenalina. Algo difícil de verdade...

— Falando assim minha mãe até que ia gostar de você. Ela ama as coisas difíceis. Tem uma facilidade enorme em lidar com problemas com uma mão nas costas e olhos fechados. A vida dela é pura adrenalina desde o dia em que ela conheceu o meu pai. Eles vivem em uma linha tênue entre o amor e o ódio.

Henry ri do comentário.

— Meus pais, acho incrível a conexão deles. Estão sempre dando um passo na frente do outro, mas sempre se alcançam. Eles sabem decifrar o que o outro está pensando sem precisar se ver... É uma loucura...

— Intrigante relação.

    Henry observa de relance a garota beber o whisky, a gota do álcool ficar no batom e ela esfregar seus lábios.

— Você é sedutora assim de propósito ou é naturalmente? – Henry sussurra e Avril levanta o olhar o encarando. Os olhos azuis prendem Henry novamente por um momento.

— Não estou tentando te seduzir se é o que está pensando. – ela revira os olhos com um sorriso sutil nos lábios que a deixava ainda mais bonita e sedutora.  – Se estivesse você já estaria latindo aqui aos meus pés.

— Eu não duvido. – Henry responde tranquilo desviando o olhar para a janela do quarto. – É intrigante...

— E você sabe ser convincente com as mulheres. A maioria dos homens não sabe ser assim. Teve ajuda divina ou é galanteador assim naturalmente? – Avril rebate e Henry sorri de orelha a orelha sem que ela possa ver.

— Minha mãe. Ela nos ensinou a lidar com mulheres. Mas...– Henry sussurra e beberica o líquido. – Se eu quisesse, você já estaria na minha cama naquele mesmo dia na boate.

— É de acreditar... – Avril sorri maliciosa e Henry a olha de relance a vendo olhar para a garrafa de whisky fixamente com um olhar sedutor.

    Avril termina seu copo, o deixando na mesinha de centro. Se levanta e olha para a chave de seu apartamento.

— Eu já vou indo. Bom... Até que você trabalha bem. – Ela diz enfiando as mãos nos bolsos traseiros da calça e Henry arqueia a sobrancelha.

— Já? A gente não chegou nem na metade da garrafa.

— Eu nunca bebo mais que um copo. É perigoso. – Avril olha de relance para a garrafa. – Nós provavelmente nunca mais vamos nos encontrar, então... foi um prazer conhece-lo, mesmo você sendo um perseguidor.

— Digo o mesmo, princesa.

Avril acena um adeus, e vai em direção a porta, levando a mão a maçaneta, mas Henry a toca primeiro.

— Me dê o seu número.

— O quê?

— Pode ser que precise da minha ajuda algum dia.

— Isso está fora de cogitação!

— Não me faça roubar seu telefone novinho também. – Henry sorri lascivo, mostrando o telefone da garota em sua mão.

Ela o toma abruptamente e o encara friamente.

— A minha resposta continua sendo não.

— Então irei roubar outra coisa. – ele ameaça, descendo o olhar para a boca com o batom vermelho vinho. – Esse batom é bonito.

— Vai roubar meu batom? O que vai fazer? Vende-lo? – Avril diz irônica.

— Tira-lo... – Henry sobe o olhar, fixando o seu ao dela e Avril cora abruptamente.

— Nem ouse!

    Ela se desvencilha rapidamente, abrindo a porta do apartamento e saindo apressada.

— Avril! – Henry a chama na porta e ela o olha por cima do ombro. – Esqueceu uma coisa...

— O que você roubou dessa vez? Seu pais deve se envergonhar de você, ladrão em pele de militar.

   Henry ri baixo, descendo o olhar para os sapatos, e volta a encarar sério.

— Fique bem.  Você é fortinha e incrivelmente esperta, mas pedir ajuda não é vergonha.

— Eu não sinto vergonha em pedir ajuda. Só não gosto de envolver pessoas em assuntos perigosos. – Avril volta a olhar para o corredor a frente. – Não morra em missão..

— Certo! – Henry sussurra a vendo acenar um adeus sem o olhar. Ela chama o elevador e entra tranquila. Ele abre a mão vendo a chave do carro. – Ela vai voltar...

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— O que esse imbecil está dizendo em "tira-lo"? – Avril resmunga, ela bate a mão no bolso da jaqueta notando a ausência das chaves do carro.

Com ódio, bate o indicador no painel do elevador, as portas fecham.

As portas se abrem novamente no andar, em passos duros e rápido ela atravessa todo o corredor, bate na porta com força e impaciente.

Henry abre a porta, deixando o braço escorado e a mostra sua tatuagem, ele sorri provocativo.

— Pois não?

— A minha chave! – Avril avança na gola da camiseta do rapaz, agarrando com força e o fazendo ficar na altura de seus olhos. – É melhor parar de brincar com a minha paciência! – Ela rosna entre os dentes.

    Ele apluma tranquilo e toca a mão dela a fazendo soltar a gola de sua camiseta e deixa a chave nas mãos da garota.

— Seja mais atenta.

Ela bufa e se afasta indo embora, quase como uma comitiva de trem a soltar fumaça.

— Bobo!

   Henry sorri e abaixa o olhar. Cada minuto que se passava, era ainda mais difícil aceitar que teria que mata-la.

***

   Ela entra em seu apartamento e começa a fazer as malas, queria deixar tudo pronto com antecedência. Desistiu ao notar que estava jogando seus preciosos sapatos um por um com raiva dentro da mala.

— Esse cara....– Ela rosna bagunçando os cabelos.

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— Essa garota...– Henry sorri arrancando a camiseta e jogando em cima da cama. Alisa os cabelos para trás e olha para o copo em cima da mesinha de centro próximo a garrafa de whisky.

   Joga a toalha no ombro e segue seu caminho para o banheiro. Iria tirar um cochilo logo em seguida, antes de pegar o vôo de volta para Nova York e de lá para a base do comando. Ele adiaria sua missão de abater Avril Bradso.

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Sentiram isso?
😏🤫🤭🤭🔥

Boa leitura!

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