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Avril recebeu uma calça e coturnos. Ela olhou com desgosto, mas não podia fazer nada a respeito.

— E quanto ao pneu do carro? Você disse que iria dar um jeito! _ protestou colocando as peças em seus braços em  cima de uma cama muito bem arrumada em um grande alojamento.

— Bom, sim eu disse! Mas se eu deixar de cumprir meus deveres agora, nós dois seremos arduamente punidos! _ Henry exclamou arqueando a sobrancelha vendo Avril retirar o sobretudo.

— Maravilha! Olha onde vim parar! Escravizada por militares!

Henry riu e se virou, ficando de costas para Avril. Ele caminhou até a porta do alojamento para garantir que ninguém entraria enquanto Avril se trocava.

Avril terminou de vestir a calça e calçou os coturnos. Se avaliou intrigada. Aliás, usar roupas militares não era todo dia que o fazia e nunca tinha o feito, mas ela sentiu que não estava nada mal. Sua camiseta preta fez um bom contraste com os coturnos.

— Caiu bem em você!

   Avril olhou na direção da porta onde Henry a observava.

— Obrigada!

— É melhor prender o cabelo. Vai por mim, acho que teias de aranha serão os menores dos problemas.

Avril fez uma cara de nojo e sentou na cama, dobrou suas roupas e começou a trançar o cabelo sozinha. Quando terminou, era uma trança de raíz farta, que ia até o início do quadril.

Avril seguiu Henry até uma parte afastada da base, era atrás dos alojamentos. Quando ele abriu a porta, o cheiro da poeira fez Avril espirrar. Ela ja entrou com uma vassoura balançando frente ao corpo, arrancando teias de aranha no caminho.

— Hey! Vocês deveriam deixar isso mais limpo!

Henry riu do comentário irritado enquanto a mulher olhava para a quantidade de teias na vassoura.

O cômodo era escuro e abafado. Eles começaram pelas prateleiras, organizando caixas de munições e limpando a poeira de armas.

— Como anda a máfia?

— É melhor não falar esse nome aqui! _ Avril o repreendeu. _ Vai bem! Como sempre... Todos os dias um problema novo. Essa é a emoção!

— Aprendeu alguma língua nova?

— Na verdade não! Me dediquei mais a educação de Jason. Ele ja sabe algumas frases em outros idiomas...

— Bom, isso explica ele ter falado em espanhol para o tio Kevin ontem. Foi engraçado! Uma criança de 3 anos com um dialeto mais perfeito que um adulto...

Avril riu baixo, e depois de muito tempo Henry ouviu uma risada dela. Ele ficou em silêncio a observando, enquanto ela estava de costas, se esticando para guardar uma caixa grande na prateleira mais alta. Henry se aproximou, a ajudando e se afastando logo em seguida.

— Você se feriu?

— O que?

— Em missão... Chegou ferido ontem?

— Só alguns arranhões bobos. Foi uma boa missão! _  Henry limpou a poeira de um fuzil AR-15 e o colocou no suporte. _ Como vai seus pais?

— Estão bem! Os seus são legais! Os seus tios também...

— Sim, eles são!

  O silêncio reinou por mais alguns minutos até que Avril espirrou mais uma vez, ela se virou para encarar Henry.

— Eu... Henry, você pode passar um tempo com Jason de vez em quando. _ Avril disse sem emoção e Henry a encarou intrigado.

— Você está deixando que eu...

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