Henry se acalma no quarto, após dez minutos em completo silêncio. De cabeça fria, sai do cômodo e bate na porta de Avril, a encontrando deitada, enrolada nos cobertores.
Ele se aproxima em silêncio, sobe na cama e abraça Avril por trás, a trazendo para mais perto.
- Hey, princesa, precisamos conversar. - Ele sussurra, mas a garota cobre o rosto com o edredom, deixando apenas seus cabelos de fora.
- Antes um tiro na minha cabeça...- ela diz com a voz fria e cheia de raiva.
- Avril. - Henry sussurra se sentindo culpado. Ela abaixa o edredom e encara a parede do quarto.
- Não precisa explicar os motivos pelos quais não podemos nos envolver. Eu sei muito bem cada um deles, Henry! Me deixe sozinha...
- Se sabia por que fica fazendo isso? Por que quer tanto estar machucada quando precisarmos seguir nossos caminhos?
- Porque eu gosto de você a ponto de querer o agora. Mas se você não quer, apenas vá embora e me deixe esquecer! - Avril afasta o cobertor, levanta limpando as lágrimas que insistiram em brotar e vai em direção ao closet. Ela se veste, de um jeito simples, uma regata, uma jaqueta e uma leaguin, calça os coturnos e sai do quarto, deixando Henry a olhando ir, ainda deitado na cama.
Ele ouve a porta do apartamento abrir e fechar, e o silêncio novamente paira na casa.
Avril dirige pelas ruas ja escuras, sem rumo, sem pressa. Algum tempo fora da cidade, estaciona em uma estrada vazia, cercada por pinheiros.
Deixa a cabeça repousar no volante, seu coração ja estava despedaçado muito antes de um adeus, apenas em pensar nele.
Aquele lugar foi palco de muito ensinamentos. Quando sua mãe queria lhe ensinar algo, a levava ali, não importava o clima, se fazia sol ou chuva.
Várias vezes a garota questionou a mãe o que tinha de tão especial naquele lugar, e Ashy apenas respondia que era especial.
- Ele está certo sua idiota! Deixe de ser egoísta...- Murmura escorando no banco do carro.
Henry andava de um lado para outro no apartamento, ele estava vestido com a mochila nas costas pronto para partir.
Inconveniente, recebeu uma ligação da base, o mandando retornar imediatamente, pois precisavam dele em uma missão, por causa de Jennie havia se ferido na última missão e não poderia liderar o grupo.
A ligação chamava até cair na caixa de mensagens.
- Avril... Eu sei que está magoada comigo agora. - Henry olha para o interior do apartamento. - Eu sei que eu poderia corresponder ao seu 'agora', mas eu penso no futuro. Penso nas lágrimas que vai derramar, na dor que vai nos consumir mais desastrosamente que essa conexão louca que compartilhamos... - Suspira abrindo a porta do apartamento para sair. - Eu fui convocado em missão, eu realmente precisei ir, princesa. Não sei quando volto... -Henry fecha a porta - Coma direito, durma o suficiente, e tranque a porta sempre que chegar... tchau princesa.
Henry chama o elevador, as portas se abrem e um homem engravatado, com seus cabelos grisalhos, ajeita o blazer e acena entrando no corredor.
Henry apenas suspira encarando a tela do telefone e segurando o capacete na outra mão.
" Perdão princesa, eu gosto de você o suficiente para não querer saber que estará sofrendo. "
***
Avril abre a porta do apartamento, as luzes estão ligadas. Ela fecha em silêncio e encara o homem no sofá que sorriu sutilmente.
- Oi filha.
- Pai...- Avril sorri ladino, sem muito ânimo. Se aproximando e recebida com um abraço apertado. - Mas você ja voltou, e sua segunda lua de mel?
Marco suspira e alisa os cabelos de Avril com carinho.
- Ainda estamos. Sua mãe está com seus irmão lá em casa, e tentamos falar com você, mas a senhorita não atendia o telefone. - Marco fica sério e Avril lacrimeja e funga. - O que aconteceu Avril?
- Eu apenas estava sentindo sua falta. - Ela volta a abraçar o pai com força.
- Eu vim te buscar para jantarmos todos juntos. Eu e sua mãe vamos voltar a viajar amanhã de manhã.
- Eu vou pegar meu telefone no quarto. Ja volto...
- Tudo bem.
Avril se afasta indo em direção ao quarto, ela vê seu telefone em cima da cama. Engole em seco ao se lembrar de Henry. No corredor, olha para Marco que estava no telefone falando com alguém. Ela atravessa o corredor em passos rápidos, abre a porta e encontra o cômodo perfeitamente arrumado como se nunca tivesse hospedado alguém ali.
Avril pisca algumas vezes, sentindo seus olhos marejar. Fecha a porta e respira fundo, forçando um sorriso tranquilo.
- Podemos ir?
Marco assente, passando o braço por cima do ombro da filha.
- Aliás, tinha uma moto na sua garagem quando cheguei.
- Deve ser da vizinhança. Alguém deve ter estacionado rapidinho. - Avril responde chamando o elevador e engolindo em seco.
***
Henry olha para sua dog tag, durante o vôo.
Quando o mesmo pousou na base, a colocou no pescoço e se apressou.
Jackie o recepcionou com um abraço e foram juntos para o centro médico.
Jennie estava medicada e por isso estava dormindo. Ela tinha a cabeça e a perna enfaixada. Jhon a examinava com mais tranquilidade. Beatrice veio com as radiografias em mãos.
- Ela não quebrou nada. Só precisa de repouso por alguns dias. - Diz séria.
Henry suspira aliviado.
- Você vai ter que assumir o comando até sua irmã se recuperar. - Jackie comenta um pouco tenso.
- E quanto a Ísis?
- Ela está descansando agora. Teve alguns arranhões, mas vai precisar de uns dias também. Quanto as suas férias, assim que as duas voltarem você pode tira-las de novo.
Henry concorda sem emoção.
- Eu vou me trocar... - Sai do centro médico indo para o alojamento para vestir o uniforme habitual.
Sua mente estava em Nova York, se perguntando se ela já havia chegado em casa, se ouviu sua mensagem, se estava dormindo ou acordada.
Ele só pensava nela. Voltava a recordar dos minutos que antecederam aquele desentendimento. Ele poderia ter apenas a retrucado e mantido tudo como antes estava, mas ja estava no seu limite e aquela declaração o fez ir muito além da linha permitida.
Henry aperta as amarras de seu coturno e encara o chão de cimento queimado. Dessa vez ele não tinha um batom para recordar que Avril era real, mas as marcas das unhas dela em seus braços.
- Desculpa princesa. Eu não posso pensar em você enquanto vestir esse uniforme... - Se põem de pé e avalia no pequeno espelho dentro do armário, a dog tag do lado de fora da camisa verde folha.
_________________________________________Ainda bem que te chamaram meu amigo...
Se não tava morto agora. Kkkkk
Boa leitura!
❤
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Decodificação
RandomLivro 4 - Assumindo por fim sua responsabilidade com a máfia, Avril, filha de Marco e Ashley, terá que lidar com assuntos de "gente grande". Ela foi treinada para ser uma mulher forte e inteligente, capacitada para lidar com a máfia e com qualquer s...