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— Eu quero férias. – Henry diz diante de Jackie que fazia algumas anotações.

— Que decisão súbita... – murmura continuando sua tarefa.

— Eu realmente preciso de um tempo. Além disso, preciso achar minha identificação antes que a mãe me escravize.

   Jackie encara Henry, o garoto falava sério, mas havia algo em seu olhar que contava sobre mais algumas coisas que poderiam estar acontecendo. Como pai, Jackie queria conversar e aconselha-lo, mas como superior, não poderia dizer nada.

— Tudo bem. – Diz sem ânimo, abrindo a gaveta de sua mesa e pegando um envelope com as fichas de todos os oficiais em trabalho. Faz anotações na de Henry e suspira. – Não se meta em encrencas. Se por acaso o fazer, lembre-se que estará por sua própria conta no período de férias. As forças armadas não poderá aliviar as coisas...

— Tudo bem.

— Espero que essas férias ajudem a colocar miolos na sua cabeça. – Jackie murmura. – Mas você é igualzinho a sua mãe.

— Como assim?

Jackie apenas acena para o rapaz ir logo. Sem entender, Henry sai fechando a porta do gabinete.

O general se lembra de sua juventude ao lado de Beatrice, nunca esqueceu do dia em que a viu em uma boate de stripers, sua vontade era de esgana-la para que a mesma criasse um pouco de juízo. Mas nem mesmo a tirando de lá em cima de seu ombro, a mesma mudou de ideia.

   Jackie suspira pesadamente e esfrega o rosto cansado de fazer suas anotações.  Se levanta, caminhando tranquilo até o centro médico, onde encontra a esposa avaliando algumas radiografias.

— Eu ainda não te perdoei. Não tente voltar a falar comigo...– Jackie se inclina, afundando o rosto no pescoço de Beatrice.

— Eu só estava pensando em quanto minha esposa é uma mulher espetacular... – Ele diz rouco e Beatrice abaixa as radiografias o olhando de relance. – Desculpe pelo perfume. Você sabe o quão linda você estava naquele vestido vermelho? Eu me sentia um mero humano diante de uma deusa. Eu precisava de algo para me fazer lembrar que você era real, e não uma alucinação...

Beatrice bufou.

— Egoísta. Eu não roubei nada seu!

— Roubou sim...– Jackie protesta arranhando os dentes na pele do ombro de Beatrice. – Meu coração, corpo e alma.

Beatrice sorri ladino.

— Jackie...

     Um oficial entra mancando no centro médico e Beatrice se desvencilha rapidamente de sua cadeira. Jackie suspira frustrado.

— Querido.– Beatrice o chama antes de dar continuidade ao atendimento. – Eu te perdou. Te vejo em casa... – Ela sorri e pisca para ele.

Jackie sorri ladino.

— Deixe Jhon cuidar das coisas por aqui...– resmunga, ouvindo da sala apenas a risada baixa da esposa.

O filho aparece limpando as mãos sujas de sangue.

— Eu ouvi meu nome...

Jackie bufa e sai do lugar abatido.

***

  Henry acelera a moto Kawasaki, cortando a enorme fila de carros que parecia não ter fim. O congestionamento já pendurava por cerca de meia hora.

Avril estava irritadiça pelo seu atraso, rosnando em uma ligação que parecia estar a deixando um pouco pior de ânimo.

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