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   Ashy bebericava uma taça de vinho tinto, seus cabelos negros estavam jogados de lado marcados com alguns fios prateados. Seus olhos azuis continuavam intensos e gelidos.

- Ora ora, se não é o meu clone. - Ashy comenta e Avril da um sorriso torto.

- Você não me fez sozinha mãe.

- É claro que sim! Eu só peguei emprestado um negócio do seu pai. Eu fiz o serviço sozinha... - Avril pisca para a filha que revira os olhos.

- Poupe-me dos detalhes.

- Sabe o porque de você gostar tanto de Porshe, filha? - Marco pergunta e os irmãos riram baixo. Todos eram adultos.

Avril piscou algumas vezes.

- Estão me dizendo que eu fui feita no banco de um Porsche? Por favor, que não seja em um maldito estacionamento. - A garota brinca humorada, se sentindo melhor, distraindo sua mente nebulosa.

- Estacionamento não. Mas que estava nevando bastante...- Marco responde sorrindo e pisca para Ashy.

- Isso explica porque eu sinto tanto frio. - Avril se joga no sofá, deitando a cabeça no colo de Charlotte que apenas a da uma olhada em forma de pergunta " E ele?" Avril responde com um olhar sério. " Agora não!"

- Para onde vão amanhã? - Charlotte pergunta acariciando os cabelos de Avril.

- Maldivas. E depois vamos ver a cordilheira dos Andes. - Marco responde.

- Seu pai vai pular de paraquedas depois disso. - Ashy diz com um sorriso malvado de canto. - Estou pensando em furar o paraquedas, assim ele morre logo e larga do meu pé.

- Meu fantasma viria assombra-la querida. - Marco se aproxima beijando a cabeça de Ashy. - E quem disse que eu vou sozinho? Levarei você comigo, juntinhos com um único paraquedas.

Ashy revira os olhos.

- Vocês estão bem animados com essa nova lua de mel. - Sara comenta sorridente.

- Na verdade eu e seu pai mudamos nossos planos. - Ashy diz bebendo mais um gole do vinho e encara Marco de relance. - Conte a eles.

- Nós vamos fazer um tour de 1 ano por todo o mundo. Vamos aproveitar a companhia um do outro. Fazer coisas perigosas, nos meter em encrenca....

- Assaltar um banco. - Ashy completa e os quatro filhos encaram os pais perplexos.

- Não exagera Ashy. - Marco resmunga.

- Qual é? Você tem um banco. Seria legal a gente assaltar nosso próprio banco. Depois a gente devolve...

Todos gargalham da ideia de Ashy que sorri tranquila.

- Hey, Avril! E a máfia ? - Brayan pergunta e a garota sorri sutilmente encantadora.

- É emocionante! Todo dia um problema novo para resolver. Esses dias me proibiram de comer antes de resolver outro problema. - ela diz irônica e Ashy lança um olhar afiado para Marco que encarava fixamente um canto da casa.

- Me contaram da farinha...- Marco conta segurando o riso e Avril revira os olhos.

- Estamos procurando onde está o lote real. - Avril responde séria, sentando no sofá e encarando a mãe. - Pensei que eles poderiam ter vendido para dentro do nosso próprio território e lucrado a nossas custas. Mas ainda não tive tempo de pesquisar...

- Faz sentido. - Ashy concorda séria analisando o rosto da filha que desvia o olhar e se infiltra na conversa dos irmãos. - Ela estava chorando...

Marco concorda em silêncio.

- Deve ser a pressão psicológica. Ela é jovem, vai demorar um pouco para acostumar com os problemas da máfia.

- Achou algo estranho?

- Nadinha. - Marco responde e Ashy arqueia a sobrancelha intrigada.

- Vou falar com ela depois.

***

- Major H. Willians Evans se apresentando como Comandante do BIRDS, senhor. - Henry diz sério abaixando a continência. - Estamos prontos para a missão.

Jackie avalia os rostos tensos, a madrugada se dava início e o grupo estava desfalcado, todos pronto para o que viesse.

- Boa sorte, BIRDS. Tratem de voltar bem.

O grupo acena e vai em direção ao avião, Henry fica ainda encarando o pai.

- Eu preciso desabafar antes de ir... - Henry diz sério mantendo seus olhos fixos no do pai. - Estou de volta ao meu trabalho, mas minha cabeça se recusa a sair do lugar que eu estava antes. E eu me odeio por não conseguir esquecer. Se eu falhar... perdão pai.

Henry acena, Jackie o encara sem expressão.

- Trate de voltar! Se você tem assuntos a resolver onde deixou sua mente, então faça questão de voltar sem falhas por isso! Não deixe assuntos pendentes! - Jackie diz firme dando as costas ao filho.

Henry caminha para o avião, ele é o último a entrar, seu grupo o olha sem expressão, acostumados com as missões altamente arriscadas, mas não com a possibilidade da morte. Ela sempre era o motivo da tensão em seus olhares.

" Tudo bem, mas não acho que depois de ter que sair as pressas ela irá me ouvir..."

***

   Avril entra no apartamento, ja era bastante tarde.

   Vai direto para o quarto, e coloca seu telefone carregar. Vai para o closet onde se livra dos coturnos e entra no banheiro para um banho rápido. O cansaço abatia seu corpo, ela limpa o espelho embaçado e se encara, vendo seu corpo marcado pelo que parecia ter sido apenas um delírio de sua cabeça.

Se afasta indo para o quarto, seu telefone ja havia ligado a tela e indicando pelos menos 20 ligações perdidas, de seu pai e Henry.

Havia uma mensagem na caixa de voz e ela a põem tocar.

— Avril... Eu sei que está magoada comigo agora.

  A voz de Henry a faz parar na porta do closet e se virar, olhando por cima do ombro para o telefone. Ele parecia um pouco triste e apressado.

— Eu sei que eu poderia corresponder ao seu 'agora', mas eu penso no futuro. Penso nas lágrimas que vai derramar, na dor que vai nos consumir mais desastrosamente que essa conexão louca que compartilhamos...

Ela ouve o suspira abatido  e porta ser aberta na mensagem. Ela se aproxima, sentando na cama e encarando o chão do quarto.

—  Eu fui convocado em missão, eu realmente precisei ir, princesa. Não sei quando volto...

A palavra princesa parecia uma mistura de sentimento vazios agora. Avril sente seus olhos lacrimejar com força, ela junta as mãos inquietas se segurando.

— Coma direito, durma o suficiente, e tranque a porta sempre que chegar... tchau princesa.

Esfrega o rosto, tentando se conter, levantando caminha para a sala e encara o chaveiro que balançava.

   Ela olha para o apartamento, aqueles poucos dias pareciam meses ao lado de Henry, eles se conectavam nas disputas, nas risadas, nas brincadeiras e brigas. Era estranho como sempre sentia que foram feitos um para o outro e ao mesmo tempo um amor mais do que simplesmente proibido.

— Como eu vou te esquecer? – ela sussurra com os lábios trêmulos e senta no chão da casa, abraçando as pernas e chorando baixo.

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Boa leitura!

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