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Avril acelera mais o carro, olhando sempre no retrovisor para ver se ainda estava sendo seguida.

Henry murmura pela teimosia da garota, tomando uma rápida decisão, acelera mais a moto, chegando bem próximo ao carro. Abre a viseira do capacete e olha rapidamente para ela.

— Qual é Avril...

A garota aperta um botão no painel, e a capota eletrônica começa a subir tornando o conversível um carro normal, ela fecha as janelas com vidro fumê.

— Não vou aceitar seu pedido de desculpas! _ rosna baixo olhando de relance para Henry.

O rapaz  acena positivamente.

— Você não vai me dar escolha... ótimo! Você vai parar!
 
Henry acelera ainda mais, ultrapassando Avril e sumindo de sua visão. A garota ficou tensa, apertando o volante com força e diminui a velocidade.

Ela olhou pelo retrovisor o caminhão com o carregamento de droga se aproximando, escoltado por mais alguns carros blindados. Voltando a atenção para frente, viu o túnel que logo se daria início.

Apertou atrás do volante atendendo a chamada que se iniciava.

— Leve para o galpão! A mercadoria deve ficar armazenada lá até eu achar outro comprador em potencial !  _ diz em voz alta e autoritaria.

   O túnel começa e Avril relaxa no banco, sua mente não parava de pensar em Henry e seu aparecimento repentino. 

Ela apluma o corpo ao o ver em uma boa distância  com toda moto bloqueando o caminho. Ela ri histérica, se ajeita no banco do carro com uma postura ereta, segura o volante com as duas mãos e acelera. Apertando o botão no painel novamente a chamada se inicia.

— Mantenha uma distância razoável!  Não passa por cima! Só um sustinho ...

— Sim senhorita!

Avril acelera ainda mais.

Henry nota a aceleração do carro em sua direção. Ele abre a viseira do capacete encarando a visão de Avril séria vindo ao seu encontro com um olhar mortal.

— Ela não vai fazer isso! Ela não me odeia a tal ponto... Ou odeia? _ Henry estremece, mas continua no mesmo lugar.

A garota diminui um pouco a velocidade, e Henry suspira aliviado por vê-la  diminuir. Bem próximo, Avril gira o volante abruptamente, puxa o freio de mão e o carro roda na pista. A roda traseira passa muito perto da moto de Henry.

A fumaça dos pneus impregna no corredor. Avril sorri ladino, troca de marcha, abaixa o freio de mão e acelera, fazendo os pneus cantarem.

Henry respira após prender a respiração por alguns segundos, mas seu tempo de alívio se vai ao ver o caminhão de carga ja bem próximo buzinando. O militar liga a moto apressado, mas a freada do caminhão o faz perder  a cor.

— Chefe, acho que ele morreu do coração!

— Maravilhoso!   _ A garota responde continuando seu caminho, saindo do túnel e pega outro caminho.

***

A bala é posta na bandeja e Avril a pega com cuidado, a suspendendo rumo a luz e observa os detalhes.

— Esse projétil é fabricado especialmente para alguém. _ o legista comenta retirando as luvas manchadas de sangue. _ Ja olhei para muitas balas, mas está é interessante.

Avril devolve a bala para a bandeja.

— Os mecanismos dela são diferentes. Ela parece laminada. Foi feita para entrar fazendo um grande estrago. _ comenta e retira as luvas e as joga no lixo. O outro legista acena para que ela se aproxime.

  Ele começa a abrir a parte ja cortada, mostrando o percurso da bala dentro do peito do defunto esticado em uma mesa metálica fria.

— Feita especialmente para destruir os órgãos no percurso. Ela parece ser uma bala convencional, mas as lâminas são sutis a visão, além de serem diamantadas o que as tornam ainda mais eficazes. Seja quem for, não gosta de atirar duas vezes para ter certeza de que matou seu alvo.

Avril arqueia a sobrancelha intrigada, pensativa a respeito.

— Talvez... Continuem avaliando o projétil! Tentem descobrir quem trabalha com esse tipo de munição! Eu tenho que conferir uma coisa...

   A garota olha de relance para o corpo pálido do morto semi-aberto e se retira rapidamente. Na porta da frente, a moto de Henry estava estacionada na calçada, mas ele não estava junto a ela.

— Se veio pedir desculpas, é melhor ir embora!  Eu não tenho tempo para brincar com você agora Henry! _ Avril rosna e o rapaz bufa desescorando da parede do estabelecimento, enfiando as mãos na jaqueta.

— Nós ainda temos assuntos pendentes! _ Ele diz sério.

— Nós? Eu não tenho nenhum assunto pendente com você! _ A garota caminha em direção ao carro, mas Henry segura seu braço a trazendo de volta.

— Mas eu tenho com você!

   Avril o encara severa e depois abaixa o olhar para a mão firme em seu braço. Henry a solta entendendo o recado.

— Apenas vá embora! Estou pensando no futuro quando você ficar deprimido! Essa coisa de conexão é idiotice! Foi apenas uma atração boba! Eu sou uma mulher ocupada com minhas responsabilidades! Volta pra sua base, Henry! Vai ser melhor assim... _ da dois passos para trás ainda o encarando com frieza no olhar, e o da as costas.

  Destrava o carro e entra, acende os faróis e arranca sem dar mais brechas para conversas.

   O caminho inteiro foi repleto de resmungos. Ao chegar novamente no abatedouro, estacionou o carro em um lugar escondido e desceu apressada. Usou a lanterna do telefone para iluminar seu caminho. Percorreu novamente o percurso até próximo a escadaria, olhou para as caixas e se abaixou afastando o isopor. Achou uma munição isolada e a iluminou com a lanterna.

Mas a luminosidade era fraca de mais para reconhecer. Enfiou a bala no bolso da jaqueta e ficou de pé.  Puxou um pouco para baixo o vestido justo cinza, que havia subido um pouco.

— Apenas uma para análise..._ sussurrou baixo desligando a lanterna do telefone e sentiu a mão quente e firme cobrir sua boca e a tirar do chão, a levando contra sua vontade para algum lugar mais afastado.

— Sou eu! Fica quieta! _ Henry rosnou bem próximo de seu ouvido a levando a escadas a baixo. _ Temos companhia e não são dos seus!

Ele ainda a mantém  sem tocar o chão, encontra um contêiner vazio e a coloca lá dentro, entrando logo em seguida e fecha a tampa, deixando uma brecha para verem a movimentação.

— O que você está fazendo aqui? _ Avril rosna entre os dentes em um sussurro.

— Você achou que eu ia me dar por vencido?

— Qual parte você não..._ Avril falava e Henry volta a cobrir sua boca.

   Ele faz sinal de silêncio eles apuram a audição ao ouvir passos na escadaria que estava não muito distante.

— A droga foi levada, mas deixaram as armas.

— Menos mal. Ela foi esperta em não levar nada que não fosse dela. Carreguem as armas. Vamos sair daqui!

   Avril olha diretamente para Henry e trocam um olhar sem emoção. O militar se mexe um pouco e a sua dog tag faz um pequeno ruído. A garota arregala os olhos e Henry a encara da mesma forma.

— O que foi isso?

Passos se aproximaram do contêiner. Avril e Henry levaram silenciosamente as mãos as suas próprias armas, prontos para terem que sair em meio ao confronto.

Acenaram positivamente juntos cientes da situação.

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Boa leitura!

❤️

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