Marco chutou a porta com força, Henry ao seu lado, juntos fizeram as dobradiças se soltarem e a porta ir chão.
A imagem fez Marco perder a cor e Brayan o socorreu antes que o homem precisasse dizer.
Henry entrou no cômodo, ao mesmo instante, Avril e Ashley chegaram a porta do quarto. Logo atrás Sarah e Victor.
Mathew que também estava na mansão, não subiu as escadas como os outros, se encarregou do pequeno Jason que não fazia ideia do motivo do tiro. Mas Mathew ja imaginava, e levou o menino para a casa da árvore. O capo tinha os olhos marejados e um nó na garganta.
Na cama, a figura ruiva esticada na cama, a arma caída ao lado, e sangue manchando os lençóis brancos. Ashley puxou Avril para fora. A garota gritava inconformada pela irmã. Mas nem mesmo Ashy conseguia a tirar do cômodo.
Henry que estava encarando também inconformado, fechou as pálpebras de Charlotte, havia um bilhete em cima do criado mudo que ele não deu importância no momento, então, voltando a realidade, se aproximou em passos pesados, tomando Avril de Ashley e jogou a garota nos ombros.
Avril se debatia, gritava, e chorava. A dor mais profunda que sentiu em muito tempo. Nem mesmo a morte de Maick foi tão dolorosa quanto ao suicídio de Charlotte.
— Eu matei minha irmã..._ O choro desesperado quase abafou as palavras. Henry a abraçou com força, sem palavras, ele também estava chocado com todo o desenrolar da situação.
Afagou com força os cabelos de Avril, só pôde fechar os olhos e a aconchegar em seus braços, enquanto ela quase gritava a todo pulmão a sua culpa em meio ao seu pranto.
Avril se agarrou a camiseta de Henry, com tanta força que seus dedos doeram sem circulação. Ele a abraçou com mais força, não havia nada para fazer para mudar a situação.
***
O médico se retirou do quarto, olhou para Ashy com pesar e acenou um adeus. Na cama, Avril estava sedada por tempo indeterminado, Henry estava sentado ao seu lado na cama, alisando os cabelos com carinho.
— Eu sei que a dor dela era grande...mas se matar?
— Não se deixe levar pelo que vê. _ Ashley sussurrou escorada na porta. Henry a encarou interessado na conversa.
Marco também teve que ser sedado.
— Por que ela faria isso?
— Avril ja contou que apenas ela é filha biológica?
— Sim!
Ashy entrou no quarto e puxou o puff da penteadeira para sentar, ela suspirou encarando a filha adormecida na cama.
— Isso foi a 29 anos atrás... Eu estava grávida e ainda não sabia. Pieter Savah, queria informações sobre o experimento, ele era um maldito psicopata tentando a todo custo trazer isso de volta. Então, antes que ele machucasse o Marco, eu me deixei levar por vontade própria. Eu vi o que essas pessoas são capazes. Eu me achava um monstro antes disso, mas depois... Depois de ver corpos de crianças em uma sala... crianças entregues a pior das escórias do mundo por apenas um maldito experimento... Bom, aprendi que eu não era o que pensava. Eu conheci algumas crianças, quatro delas, são meus filhos hoje. Eu os protegi naquela época, passei por muitas coisas por eles, fui torturada por informações, e eu nem sabia que estava grávida! Eu não perdi Avril, adotei aquelas crianças ao lado de Marco... Na época a gente meio que estava brigado..._ Ashy coçou a cabeça. _ Tipo, você e Avril...
— Mas por qual motivo, sendo salva quando criança, ganhando um lar, tendo uma família que a amava... Por que isso a levou a algo tão...
— Os traumas do passado nunca os deixaram. Eles eram crianças, dias sem comer, apanhavam, ficando no escuro como ratos, apenas esperando sua vez de morrer... Eles odeiam o experimento 'X'! E além de culpar Avril por causar a raiva de Edgar, ela perdeu a pessoa que queria passar o resto da vida. A pessoa que a fazia esquecer dos fantasmas do passado... . Só que, a culpa não é de Avril, Henry. Charlotte apenas voltou a ser a criança amedrontada em um porão escuro, com medo de Pieter Savah, que ela viu em Edgar!
Henry ficou em silêncio e abaixou o olhar para o chão.
— Eu não fazia ideia...
— Foi nesse dia em que sua mãe e eu nos conhecemos. Bom, uma situação bem inusitada, mas acredito que você entenda os motivos dela estar lá naquele momento em que a casa foi a baixo...
— Era o trabalho dela recuperar aquelas crianças desaparecidas.
— Era... Eu vou ver como Marco está... _ Ashy se colou de pé para sair.
— Você não parece triste...
— Eu estou! Mas esse é meu maior defeito, eu não consigo transparecer isso. Foi assim que me ensinaram a ser, nem tristeza e nem dor... Mas eu estou sangrando por dentro! Eu aprendi a ama-los... Ao longo dos anos..._ Ashy sussurrou _ Você me parece mais confiável agora, Henry. Então, não me deixe perder outro filho. Eu cuido dos outros, mas... Vou deixar você cuidar da Avril por mim.
Henry concordou e Ashy saiu. Ele a olhou por cima do ombro e acariciou as bochechas pálidas.
— Nada vai acontecer a você. Eu prometo!
Ashy afastou a porta do quarto, onde viu Marco acordado encarando o teto.
— Oi...
— Perdemos mais um... nossa garotinha ruiva... _ Marco sussurrou rouco.
— Temo em perder outra se isso continuar dessa forma. Avril ja está com um peso de culpa muito grande em seus ombros.
— Por que Ashley? Por que ela fez isso conosco?
— Se eu te perdesse, faria o mesmo..._ Ashy sussurrou e Marco a olhou cético. _ Você trouxe luz onde apenas havia trevas. Eu estava afogada em amargura, e ódio. Você me fez esquecer quem eu era. Eu não julgo Charlotte, Marco. Estou triste também, mas... Não podemos a trazer de volta. Temos que cuidar daqueles que ficaram...
— Eu quero fazer isso parar! Essa dor no meu peito...sinto que fui rasgado ao meio... _ Marco chorou em silêncio, cobrindo os olhos com o antebraço. _ É isso que ele quer, nos matar um por um...
— Ele quer descodificar a cada um de nós, Marco! E para isso, ele vai matar cada um de nós...
Marco encarou Ashy, a mesma estava séria.
— Por trás de todo cod-X...
— Tem uma história ainda mais obscura que o próprio! _ Ashy completou e ambos cairam no silencio, pensativos.
Eles precisavam achar o ponto fraco de Edgar e pressionar a ferida até que ela sangresse novamente.
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Pobre Charlotte...
Boa leitura!
❤️
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Decodificação
RandomLivro 4 - Assumindo por fim sua responsabilidade com a máfia, Avril, filha de Marco e Ashley, terá que lidar com assuntos de "gente grande". Ela foi treinada para ser uma mulher forte e inteligente, capacitada para lidar com a máfia e com qualquer s...