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Após o café da manhã, todos se reuniram na sala em um intensivo de leitura. Henry tira seus olhos das anotações em suas mãos e encara Abril que está concentrada, ela massageia suavemente a têmpora.

— Eu vou buscar mais alguns...— Jhon anuncia e encara Tiana que também se juntou a leitura. _ Você me ajuda Mathew?

— Claro! _ Mathew fecha a caderneta. _ Me sinto um grande intelectual lendo todos esses livros...

   O grupo riu e o gangster avaliou Avril de baixo a cima antes de seguir Jhon. A mulher acenou para ele ir logo enquanto trocava de página.

   Jhon e Saimon haviam providenciado uma escada, e também usaram a corda e uma cesta de piquenique para colocar os livros, facilitando o trabalho de os levar para o andar de cima.

Jhon e Mathew selecionaram os escritos, em grandes pilhas. Mathew espirrou pela poeira e o médico avaliou o andar de cima das prateleiras. Puxou um livro de capa azul, e entre as capas, um envelope veio junto e caiu no chão.

Mathew o pegou curioso, entre tantos cadernos e livros, o que parecia uma carta singela chamou a atenção de ambos os homens.

— É uma carta!_ o gangster anunciou, virando o envelope para ver para quem era o destinatário. Ele arqueou a sobrancelha e encarou Jhon espantado. _ E para a tia Ashy! 

— Então porque não foi enviada? _ Jhon se aproximou Intrigado. _ Devemos abrir?

— Não. Vamos deixar que Avril faça isso. Tia Ashy confiaria isso apenas a ela.

   Pegaram as anotações e a carta e voltaram para a mansão. O grupo não deu muita atenção a eles ao chegarem na sala, mas Avril tirou seus olhos quando Mathew estendeu a carta velha ainda lacrada.

— Isso é para sua mãe...

Avril pegou intrigada, deixando o caderno de lado. Avaliou a carta velha e voltou a encarar Mathew.

— Então porque ainda está aqui?

— Acho melhor você ler, vocês tem mais intimidade para fazer isso do que qualquer um de nós.

Avril quebrou o selo de cera vermelha e todos se aquietaram a encarando. Ela retirou a folha dobrada, que estava amarelada, mas ainda intacta. Abriu a folha, observando rapidamente as letras a mão, das mãos de um homem que parecia trêmulas. Era um detalhe sutil, mas que com certeza apenas alguém como Ashy poderia saber de que datação seria.

Avril então se pôs a ler em silêncio.

" Querida Ashley,

     sei que um dia lhe contei que nunca escrevi nada a seu respeito. Nenhuma nota se quer, mas diante de minha situação atual, temo que precise lhe contar algumas coisas. Coisas que serei capaz de contar a você, e a mais ninguém.

  Você ja foi libertada dessa cela imunda e agora eu temo pela sua vida fora daqui... Se algum dia você encontrar esses escritos, espero que seja em uma situação menos catastrófica do que imagino.

Ainda me lembro do dia em que eu olhei nos seus olhos sedentos por morte após fazer seu último treinamento na sua cela. Você estava tremendo, suando, provavelmente ardendo em febre, mas nem sequer por um segundo você mostrou fraqueza... Você era o melhor cod-X, sem dúvidas, mas acho que a influência de coisas que provavelmente você não se lembra de sua infância a ajudou a ser o que é hoje.

Eu confiaria uma guerra a suas mãos, e tenho a convicção de que você me traria a vitória. Diante de tudo isso, vendo tudo o que passou, todo seu sofrimento, me sentia em dívida com você.

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