~8~

536 57 8
                                    

— Ele está fugindo! – Avril grita se debruçando no parapeito da escadaria do velho galpão em péssimas condições.

     Seu lábio está cortado e sangrando. Henry surge do outro extremo da escadaria  também vendo o homem fugir. Avril rosna, colocando o pé no parapeito e impulsionado o corpo para pular. Ela salta, caindo sobre os tornozelos e pegando a pistola que só tinha uma única bala. Ela mira e atira.

     Henry do andar de cima arfa um pouco cansado, vendo o corpo do homem cair no chão e o sangue começar a se espalhar.

    Ele olha ao redor os outros corpos dos homens que tiveram que lidar antes de chegar ao seu foco. Estava surpreso com o que uma única garota podia fazer, confirmando suas expectativas sobre ela.

    Avril abaixa a arma e olha por cima do ombro para o rapaz escorado no parapeito.

— Onde você estava com a cabeça? Seu imbecil! – Rosna irritada guardando a arma no cós da calça.

— A onde EU estava com a cabeça? Você que entra em uma luta corporal com um cara o dobro do seu tamanho e o quádruplo da sua força, e eu que sou o imbecil? Você é burra ou o quê?

— Eu lidei com ele tranquilamente! – Avril responde claramente irritada indo até o corpo do homem que já estava em volto de uma poça de sangue perto de sua cabeça.

— Claro! Deu para perceber! – Henry aponta para o lábio dela.

  Avril toca e rosna ao ver o sangue.

— Isso não é nada de mais.. . – Avril agarra a camiseta do morto e o arrasta para o centro do galpão. Henry a ajuda a juntar os corpos. – Eu vi gasolina lá nos fundos.

Avril vai calma para os fundos do velho galpão. Henry a observa se afastar, olha para a pilha de corpos e suspira.

— Só achei que você ia tomar uma bela surra do grandão. – Ele murmura. – Mas você deu conta...

  Avril olha para as portas, procurando onde havia visto os galões.  Ela os acha, entrando na sala, se abaixa abrindo os mesmo, cheira conferindo se o líquido é realmente gasolina. Fecha a tampa e suspira pesadamente.

    De repente, seu corpo é trazido para trás, ela agarra-se ao objeto que adornou seu pescoço e ficou cada vez mais apertado, a enforcando.

O meliante se afasta a vendo ficar cada vez mais vermelha. Ela tentava enfiar as unhas entre o enforca-gato e seu pescoço, enquanto a outra mão tentava ir para seu coturno.

Henry desconfia da demora da garota, olhando para a direção que ela foi, consegue escutar o barulho de algo se debatendo.

   Ele apressa os passos, sacando a arma mesmo sem balas, ao entrar na sala a encontra no chão já tão vermelha com os olhos arregalados, ela olha para o lado. Ele olha em silêncio, vendo o homem no canto a observando morrer.

Henry entra no cômodo, apontando sua arma vazia para o homem. Avril alcança por fim a adaga. Enfia a lâmina entre seu pescoço e o objeto, arranhando sua pele por consequência. O sangue escorre, mas o ar volta ao seus pulmões.

Henry se lança no homem, acertando o cabo da pistola no nariz do mesmo, o agarra pela camiseta e o da um soco no rosto forte o suficiente para piorar o sangramento no nariz. A adaga de Avril acerta um galão de gasolina, o líquido escorre pela fissura recém aberta. Henry pega a adaga e corta o pescoço do homem o soltando morto no chão enquanto o mesmo jorra sangue.

Henry olha por cima do ombro para Avril, de cabeça baixa, sentada no chão ainda recobrando o fôlego.

Ela levanta a cabeça, fazendo seus cabelos irem para atrás do ombro, um risco de sangue em seu pescoço escorre,  e o hematoma visível que o enforcamento a causou. Ela levanta, pegando dois galões  e os levando. Henry a alcança, tomando os objetos das mãos dela e lhe lança um olhar frio.

— Deixa que eu cuido disso, princesa. – Ele sussurra baixo a deixando para trás. Joga gasolina nos corpos e deixa os galões junto dos corpos. Enquanto observa Avril trazer outro corpo e na outra mão sua adaga banhada em sangue.

— Esse é o último...– ela diz um pouco rouca.

— Vai para casa, Avril! Eu cuido do resto.

— Eu esto legal. – Ela responde sem muita emoção retirando um esqueiro do bolso de um dos mortos, se afasta puxando Henry pela jaqueta. Acende o objeto e o lança junto aos corpos que pegam instantaneamente fogo, gerando uma onda de calor. – Valeu pela ajuda!

    Ela diz o dando as costas e indo em direção a saída.  Henry fica parado olhando para  os corpos sendo queimados por mais alguns instantes. Ele então a segue, a vendo alisar o pescoço mais uma vez.

" O que estou fazendo? Era para mata-la e voltar..."

— Isso vai ficar roxo. – ele comenta puxando assunto.

— Vai sim. Te dou uma carona para seu hotel.

— Valeu!

    Eles entram no carro. Avril dirige em silêncio, ela não parecia de bom humor, já Henry, se sentia aliviado temporariamente de seu tédio. A sequência de fatos que se desenrolaram durante sua missão a tornou mais intrigante, e a companhia da garota também ajudou para tornar tudo mais interessante.

  Ela estaciona a Ferrari e desliga o motor, relaxa no banco e estende a mão.

Henry a olha de relance e pega na mão da garota e aperta.

— As minhas chaves...– ela diz com desgosto e Henry sorri, enfiando a mão na jaqueta e tateando.

Avril o olha quase a agarrar o pescoço do rapaz e mata-lo ali mesmo.

— Elas sumiram... – Ele sussurra e sorri forçadamente. Avril revira os olhos e deposita a testa no volante, murmurando algo.

— Eu não acredito...

O silêncio se instala por alguns segundos, Henry sorri ladino e olha para o hotel de relance.

— Eu ainda tenho uma garrafa de whisky lacrada lá em cima.

Avril arqueia a sobrancelha com a insinuação.

— E?

— Bastante gelo... Eu vou achar suas chaves, Avril. Se for preciso refarei todo o caminho. Então porque não espera no meu quarto até que eu ache.

Ela inspira fundo e solta o ar devagar.

— Pode ser.

Henry sai do carro primeiro e Avril logo em seguida. Ela tranca o automóvel e o segue. O rapaz chama o elevador e entram juntos.

No corredor, ele retira as chaves do bolso traseiro e destrava a porta, indicando para que a garota entre primeiro.

Avril olha para o quarto, era simples mas confortável, trabalhado em tons cinza e branco.

O rapaz vai até o frigobar, traz gelo e a garrafa e serve em dois copos.

Avril senta na poltrona e novamente massageia o pescoço. Henry olha brevemente o desconforto da garota e leva o copo para ela.

— Nunca esteve no quarto de um homem, não é?

— De um maníaco perseguidor, nunca. – Ela da um sorriso sem graça pegando o copo e bebericando com calma. – Obrigada...

    Henry senta na cama, puxa a mochila e retira um estojo, ele abre, colocando no criado mudo antissépticos e curativos. Prepara uma compressa e senta de frente para Avril, empurra o rosto dela levemente para o lado e limpa o lugar do corte no pescoço e o ferimento no lábio. Coloca um pequeno curativo em cima do corte e se afasta voltando a beber seu whisky.

Avril toca o curativo, sem graça e encara o copo nas suas mãos.

— Ja teve o que queria. Poderia agora devolver as minhas chaves que estão no seu outro bolso da sua jaqueta? – Avril diz tranquila, arqueado a sobrancelha e Henry sorri, retirando a chave do bolso e jogando para a garota no ar.

— Espertinha! – Ele sussurra humorado, senta na cama e bebe mais um gole a olhando nos olhos.

— Talvez você que não seja tão  esperto como imagina... – Avril diz tranquila sorrindo próximo ao copo.

_________________________________________

Boa leitura!

DecodificaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora