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Prestando atenção nas ruas, sentiu as pernas de Avril apertarem contra seu quadril, ela tremia tanto que estava o deixando preocupado. Naquela mesma rua encontrou uma loja de conveniência aberta naquele horário, estacionou, e usou seu corpo como protetivo para que Avril pudesse descer sem que o vestido subisse mais. Ela ajeitou o vestido.

— Fica aqui! _ Disse sério tirando o capacete, entrou na loja e minutos depois voltou com um conjunto de moletom de segunda mão, costura fraca, mas que parecia aquecer bem.

Ao olhar para a moto, encontrando apenas o veículo estacionado, olhou para   sua direita abruptamente onde viu Avril correndo com os sapatos de salto na mão e cabelos esvoaçados contra o vento frio do início de madrugada.

Ele revirou os olhos com resignação e começo a correr atrás da mafiosa

— Volta aqui sua louca!

***

   Ajudou Avril a vestir o moletom, e encarou a cara fechada e cheia de desgosto da garota.

— Não me olhe assim!

— Como você pode ser mais rápido que eu?

— Eu corro todas as manhãs em treinamento na base. É melhor começar a correr também se quiser fugir de mim de verdade!

— Eu te odeio!

Henry bufou sarcástico e subiu na moto, a esperou subir também e se segurar com firmeza antes de acelerar. Agora aquecida, ela tremia menos, e parecia mais confortável sem seu vestido quase revelando o que não devia.

  Quando chegaram no lugar, Henry  parou a moto no acostamento da estrada de terra e olhou para a escuridão.

— O que há de tão bom aqui?

— O silêncio. _ Avril respondeu tirando o capacete. Ela parecia mais calma. Aspirou o ar com força e soltou devagar.

   Henry escorou na moto ainda olhando ao redor.

— Acho que podemos conversar agora ...

— Se você não o fizer, não vai me deixar em paz... Então diga logo!

— Eu sei que te magoei, Avril, mas não era minha intenção. Eu  estava com medo. Sempre tive uma vida livre, pegando as garotas que eu quiser. A farda faz sucesso com a mulherada... E de repente me vi pensando em uma só. Mas você não era qualquer garota,  é inacessível para mim.

" A garota de uma missão que eu deveria ter matado meses atrás, que acabou roubando meu coração e agora estou ferrado ao ter que apertar o gatilho!"

   Avril caminha pela estrada de terra, seus saltos não combinavam com o moletom rosa bebê largo. Ela suspira pesadamente e olha as estrelas.

— Você não entende... Não entende o que é a máfia! Não entende o que ela significa para mim! Não entende como eu me senti naquela noite, e como você me quebrou com aquelas palavras! Eu nunca deixei alguém se aproximar tanto de mim como te deixei!  Você viu como eu vivo, como sou... E  brincou com os meus sentimentos e depois foi embora! Eu nunca me entreguei, nunca deixei que me tocassem como você fez...Quebrou a muralha da confiança que você mesmo havia construído comigo!

   Avril diz sem humor, voltando a olhar para Henry, mas seus olhos azuis estavam cintilantes em uma raiva perigosa.

O militar fecha o cenho e abaixa a cabeça, olhando para os pés, ele cruza os braços frente ao peitoral.

— Avril...alguém tinha que lembra-la da realidade.

— E agora que você me lembrou quer voltar a trás!  Não disfarce com a desculpa do perdão! _ a garota diz com um toque de rispidez. 

— Não é isso! 

— Então o que é? _ Avril rosna entre os dentes,  abrindo os braços e encara Henry. _ Diga de uma vez o quê! Eu não tenho tempo, Henry, para ficar ouvindo suas desculpas de como foi "difícil" para você me rejeitar na cama! O quanto você pensou em mim futuramente sofrendo por você e eu não podermos ficarmos juntos!  Você quer saber a verdade? Esse sofrimento não durou mais que alguns minutos, o que foi tempo suficiente para me lembrar de quem eu sou! Eu tenho o que quero, e quando quero!  Eu não ia ficar me lamentando por um militarzinho água com açúcar, que se acha o irresistível!_  Avril bate o indicador no peito de Henry com força. _ Você que não quis! Então problema seu! Não existe segunda chance! Eu não sou um jogo que você perde e reinicia! _ Avril aumentou seu tom de voz e a força no seu dedo. _ Eu sou Avril Bradson! Eu sou chefe da máfia Dragão Azul! Eu sou empresaria! Modelo! Falo mais idiomas que os dedos em suas mãos podem contar! E eu_ rosnou mais baixo e bem perto do rosto de Henry o fulminando com o olhar _ Não serei feita de trouxa por homem nenhum!

Avril termina acertando um tapa estralado no rosto de Henry, a respiração estava pesada e suas mãos trêmulas.

Henry mantinha estagnado olhando enfurecido Avril dentro dos olhos.

— Não bata na minha cara, Avril! _ ele rosna entre os dentes e desvia o olhar. _ Eu sei que mereço esse tapa, mas nunca mais bata no rosto de um homem! Eles não podem ser passivos como eu...

Avril se inclina pegando a pistola no cós da calça de Henry, mas ele a segura pelo pulso com firmeza. Lágrimas rolavam pelo rosto da garota, e seus lábios tremiam.

Henry a encarou, abaixou o olhar e tomou a arma com calma, guardou, e puxou Avril a abraçando.

— Você está certa! Eu fui um idiota de um covarde!  _ alisa os cabelos de Avril com carinho sussurrando contra a testa da mesma. _ Eu queria poder ficar com você sem obstáculos. Eu gosto de você Avril. Por favor, perdoe-me...

Avril funga o dando um soco seco no peitoral.

— Te odeio, militarzinho metido a gostosão!

Henry ri, pegando o rosto de Avril e a faz encara-lo. Ele limpa as lágrimas dela com o polegar enquanto a olhava com carinho nos olhos.

— Eu preciso desesperadamente da sua boca na minha!_ sussurra baixo e Avril o encara sem expressão, mapeando os olhos castanhos esverdeados que a olhavam com intensidade e fogo. Henry se inclina, a beijando sem pressa, a mantendo bem perto de seu corpo, deslizando sua mão da bochecha ao cabelo atrás da orelha e a outra vai para a cintura a puxando contra seu corpo, diminuindo qualquer espaço que poderia existir.

Um galho se quebra e ambos param, abrem os olhos arregalados, encarando o nada.

— Você ouviu? _ Henry pergunta em um sussurro quase inaudível.

— Ouvi!_ Avril sussurra de volta. _ Eu esqueci de te avisar... Por aqui tem lobos.

Henry a encara sério, vira-se abruptamente subindo na moto e Avril logo em seguida.

— Você devia ter dito isso antes!

— E eu lá ia lembrar? Eu venho aqui de carro!  Meus pais fizeram desse lugar um  santuário!

   Henry e Avril saem de lá iniciando uma nova discussão.

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*Suspiro do autor *
Eu amo esses dois...

Boa leitura!
❤️

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