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Sem escolha, Henry passou os últimos três dias de baixo de sol e sereno, observando a distância o filho.

Jason era uma criança saudável e alegre, energético e temperamental. Uma fina garoa caía no meio da tarde, mas nem mesmo isso fez Henry deixar o portão da mansão.

   De repente, Jason saiu usando botas de cano alto para dia chuvoso, ele estava rindo, pulando nas poças e se molhando na garoa. A baba nao conseguia o deter. Ele corria por todo jardim, brincando sem preocupações. Sua gargalhada fez Henry sorrir enquanto tinha os olhos brilhantes a seguir a imagem do pequeno sapeca.

Quando ele voltou para dentro, estava ensopado assim como o pai.

Naquele dia não houve sinal de Avril. Henry pensou que ela poderia estar viajando a negócios. Quando a noite caiu, pensou em voltar para casa, mas o que veio a seguir o impediu

Desesperada, a baba saiu pela porta com o menino nos braços. Ela tinha o semblante muito preocupado e os guardas vieram ver o que estava acontecendo. Um deles abriu o portão enquanto outro colocava o menino dentro do carro. Henry não perdeu tempo e o seguiu.

Ficou aflito ao ver o filho ser levado para a ala de urgência do hospital.  Estacionou a moto e seguiu mantendo distância.

Os guardas não o impediram, haviam recebido ordens de Avril que Henry poderia estar por perto desde que não falasse e apenas se mantivesse dentro da distância determinada.

Sem escolha, ele sentou no banco no corredor e esperou por notícias de Jason. De repente, o som de passos femininos em cima de seu salto alto ecoaram. Eram passos apressados e logo atrás mais alguns. Ao levantar a cabeça viu Avril passar e entrar no leito. Mathew ficou do lado de fora com mais alguns gangsters.

— O que aconteceu com você? Está ensopado! _ Mathew perguntou vendo a situação de Henry.

— Isso não importa! Por favor, me traga notícias do meu filho. _ Henry pediu educadamente

Mathew então entrou no quarto de hospital na área vip, onde viu Avril com Jason nos braços aferindo a temperatura.

— O médico disse que é um resfriado. _ a baba disse._  A febre abaixou um pouco depois de ser medicado.

— Mathew. Eu vou levar Jason para casa. Avise o médico! _ Avril sussurrou mais calma.

— Sim!  _ Mathew a deu as costas e saiu fechando a porta. _ É só um resfriado. A febre ja baixou. Vamos leva-lo para casa.

— Certo! _ Henry ficou mais calmo.

Depois de uns minutos o médico entrou no quarto, e deu alta ao menino. Avril saiu com ele nos braços, as bochechas fofas ainda estavam coradas pela temperatura febril. Seus olhinhos estavam sem ânimo.

Quando chegaram ao portão, ela notou a moto estacionar na rua, ainda chovia, mas Henry não se importava. Um segurança estendeu um guarda-chuva e levou Avril para dentro com Jason.

Na porta da mansão, ela olhou por cima do ombro, sussurrou para o segurança que acenou positivamente.

Ela sentou no luxuoso sofá alisou as bochechas do filho frágil, ele havia cochilando no meio do caminho.

O segurança abriu o portão e encarou Henry sem emoção.

— A senhorita permitiu que entrasse. Ela o aguarda na sala.

Henry assentiu e guardou a moto do lado de dentro. Bateu na porta e Mathew abriu em silêncio e deixou que ele entrasse.

Henry admirou a gigantesca mansão, seu espaço interno tinha uma decoração que lembrava muito da elegância e conforto que Avril sempre gostou. Seus olhos cairam então em mãe e filho no sofá.

Desconfortável, sem saber o que dizer, colocou as mãos no bolso da calça jeans molhada.

— Mathew, leve o major H. Willians Evans  para o quarto de hóspedes e o mostre onde fica o banheiro. _ Avril ordenou continuando a olhar o rosto do filho.

— Não é necessário.

— Venha ..._ Mathew o chamou em direção  ao interior da mansão. O gangster abriu a porta do quarto e apontou para o interior. _ Se ela está sendo gentil, então não há motivos para ser rude em dispersar tal gentileza. Tome um banho morno. Vou trazer roupas limpas e secas.

— Obrigado...

— Não agradeça a mim. Eu nunca poderia mandar abrir as portas dessa casa para você!

Mathew se retirou e Henry olhou para o quarto e tomou um banho morno. Ao sair do banho, roupas limpas e secas estavam dobradas em cima da cama.  Uma camiseta preta e uma calça de moletom cinza.

Ao voltar para a sala, uma lareira estava acendida, enchendo o cômodo de calor, Avril e Jason sentados no sofá aproveitando para se aquecerem.

— Ele não devia ter brincado na chuva. Estava frio..._ Henry sussurrou e Avril o olhou de relance.

— Ele ama chuva.

— Eu sei que não tenho o direito, mas... Você poderia me contar sobre esses quatro anos de Jason?

— O que quer saber?

— Qual foi a primeira palavra? Com quantos meses começou a engatinhar? O primeiro passo... A cor preferida..

— Rafaella.

— Sim, senhorita! _ A moça se aproximou atenta.

— Traga o álbum!

A baba saiu apressada e não demorou a voltar com um álbum de fotos grosso. Ela entregou para Henry que pegou ansioso.

Ao folear devagar, notando a expressão do filho e das pessoas ao seu redor, não consegui deixar de sorrir. Ele olhava com tanta ternura para cada foto, que se perdeu no tempo enquanto passava as páginas.

O estralar da madeira era o único ruído do cômodo que estava a meia luz. A maior parte provida pelo fogo na lareira. Henry fechou o álbum e ao levantar o olhar, encontrou Avril adormecida na poltrona com Jason em seu colo. Ela estava em uma posição desconfortável, encolhida, com a manta embrulhando apenas o pequeno.

Henry deixou o álbum de lado e se levantou. Caminhou como um fantasma até a dupla, aferiu a temperatura de Jason constando que a febre ja havia passado.  Ele o pegou com cuidado e procurou pelo quarto dele na casa. Ao achar viu a decoração azul clara, com nuvens, aviões, carrinhos, e vários outros brinquedos. O colocou na cama com uma grade protetiva baixa para que ele não rolasse e chegasse a cair. O cobriu e escutou o suspiro da criança. Deixou a porta escorada e voltou para sala.

Então, diante de Avril adormecida, ela tinha uma expressão exausta, seu sono era pesado o que indicava que ela sempre estava ocupada de mais para dormir.

Henry a pegou nos braços com cuidado e a levou para o quarto. Reconheceu que o cômodo era dela pelo perfume que ela sempre usou. O quarto tinha o cheiro dela. Ele a colocou na cama, tirou os sapatos de salto e a cobriu.

Se Henry pudesse voltar no tempo, ele teria concertado tudo. Achava que não era digno de perdão, mas estava grato por ela ter deixado que ele ao menos pudesse ter ficado um pouco mais perto e ainda visto as fotos cronológicas de Jason. Desde o primeiro ultrassom até o recente aniversário de quatro anos.

Olhando para o rosto de Avril por alguns minutos, saiu do quarto e foi ficar no quarto do filho o vigiando caso o menino voltasse a ter febre.

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Boa leitura!

❤️

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