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O tempo também havia se passado para Henry, ela ja estava curado dos ferimentos, e suas memórias voltam lentamente a medida que ele se esforçava para lembrar. Quando sua cabeça doía, era obrigado a parar de pensar nisso.

Correndo sozinho naquele inicio de manhã, o sol ainda não havia nascido, mas o céu ja estava claro. A velha estrada de terra batida era seu lugar preferido desde que voltou. Era naquele horário, antes de todos os outros acordarem, que ele se sentia bem. Longe dos murmurios e conversas encostadas a seu respeito.

A dog tag balançava de um lado para outro, roçando na camiseta verde folha. O som metálico junto de seus passos era o único som que queria ouvir.

Assim como Avril, Henry havia se calado para o mundo, respondendo somente com o necessário. ' Sim', ' Não' ' Tudo bem'...

Suas feições também se tornaram frias, distantes e amarguradas.

Próximo a cozinha Ísis o observava em silêncio o vendo voltar. Jennie abriu a porta e também o olhou sem muita emoção.

— Já faz um mês que ele está assim... _ Isis sussurrou sem tirar o olhar do irmão caçula.

— Deixe-o em paz. Com o tempo isso vai passar. _ Jennie voltou para dentro da cozinha e tocou as trombetas para despertar toda a base. _ Foi um pé na bunda, não o fim do mundo!

— Ele está mais distante do que quando a vovó morreu..._ Ísis sussurrou  encarando Jennie com as mãos no quadril.

— Eu sei! E não tem graça provoca-lo quando ele está inerte no próprio mundinho.

— Eu não chamaria isso de inercia! É como se ele estivesse no mais profundo poço, bem ao fundo. Me pergunto o que se passou ...

— É melhor não nos intrometer! Ele não vai nos escutar. Se tornou ainda mais arrogante depois que voltou. Ele não parece querer olhar para nenhum de nós. _ Jennie disse calma e isso surpreendeu Isis.

— Se Avril falar com ele, talvez...

    As duas garotas se calaram ao ouvir a porta da cozinha se abrir. Elas se ocuparam em silêncio de tomar um rápido café e observar Henry se servindo de um copo d'água e saindo da cozinha da mesma forma que entrou,  silencioso e olhar vago.

— Ele não quer nossa ajuda! E muito menos parece querer a ajuda dela! _ Jennie tocou no ombro de Ísis e a arrastou para fora, para cumprir com seus deveres.

***

Quatro anos depois...

O grupo estava de folga, então resolveram ir para Nova York aproveitar os dias de descanso.

Jennie estava indo se encontrar em um bar com um velho amigo. Ele era da marinha e de vez em quando saiam juntos para se divertir. Ele era sério como ela, e por isso Jennie se sentia mais confiante para se divertir do que ao lado dos amigos e irmãos.

Ela chamou o táxi, e foi em direção ao bar que haviam marcado de se encontrar. No caminho, observando pelo reflexo da janela, ela viu o grande prédio com um B dourado. O taxista diminuiu a velocidade por causa do tráfego, fazendo o taxi parar quase na porta do prédio. Pela janela do passageiro,ela viu uma mulher ainda jovem conhecida, em seus braços, um pequeno garotinho que fez Jennie aplumar o corpo com o olhar estagnado.

A jovem era Avril, e a criança em seus braços parecia ser filho dela, ele não parecia ter mais do que cinco anos, segurando um carrinho nas mãos.

Ela olhou com atenção, e não pode deixae de pensar em alguém que realmente se parecia com aquele pequeno quando também tinha a mesma idade.

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