Decodificação

~ 84 ~

— Estão atrasados! _ Mathew anuncia olhando para seu relógio de punho e suspira pesadamente encarando a chefe.

— Eu odeio isso! Pensam que eu tenho a noite inteira para espera-los!

— Vocês crianças são muito impacientes! _ Maick estava escorado na parede, ele acende um cigarro, o da uma tragada e solta a fumaça no ar sem pressa.

— Velho, se minha mãe te ver fumando ela vai cortar sua traqueia! _ Avril abana as mãos espalhando a fumaça para longe.

— Sua mãe não manda em mim!

Avril arqueia a sobrancelha pigarrateia, ajeita o tom de voz e espera que Maick olhe para o telhado distraído.

— O que quer perder primeiro? _ Ela imita a mãe perfeitamente.

Maick engasga com a fumaça e apaga o cigarro, ao procurar por Ashy, vê Mathew vermelho, curvado, segurando a barriga dolorida tentando não rir e Avril com um olhar debochado

Maick aponta o indicador para Avril, ainda com o cigarro apagado nas mãos.

— Engraçadinha!

***

— Senhor, estamos quase chegando!

   Edgar bufa pelo atraso, ele pega o isqueiro banhado a ouro e acende um charuto. Abre a janela traseira do carro, da uma tragada profunda e solta a fumaça pelo nariz.

— Chega de brincar com essas crianças! Quatro anos e nem mesmo há sinais dos arquivos! Terei que arrancar as informações que quero deles! Nem que eu tenha que matar, um por um... 

   Mais uma tragada, seus olhos estão distantes no céu da madrugada.

~ memória on ~

— Olhe como ele é bonito, Magda..._ O homem sussurrou rouco alisando o rosto da criança. _ Que belos olhos azuis ele tem! Quem você acha que ele puxou?

A mulher de cabelos negros brilhosos e olhos azuis para na entrada da sala, aflita com o olhar escurecido do marido.

— Com você! Ele se parece com você, querido!

— Comigo? Mas eu não sou o pai dele!

Magda sente as pernas tremerem bambas e a alma abandonar o corpo. Ela ja esperava que ele descobrisse de sua infidelidade.

— Não faça nada com ele, por favor..._ sussurra trêmula se aproximando e trazendo o garotinho para perto de si.  _ Por favor! Ele é só uma criança! Ele não tem culpa!

O homem sorri debochado olhando para a janela na sala com visão para o jardim.

— Onde você a escondeu?

— Não! _ Magda negou com os lábios trêmulos, ja soluçando em um pranto desesperado.

— mamãe, porque você está chorando? Onde está minha irmã?

— Faça o que quiser comigo! Mas por favor, deixe as crianças fora disso...

O homem deu uma tragada forte em seu cigarro, soltando o ar com força.

— Eu sei o que vou fazer com você! E sei o que vou fazer com eles também!

— Não!_ Magda se jogou aos pés do marido implorando com as cabeças sobre os pés dele. _ Eu imploro! Eu imploro!

***

— Feche os olhos querido! _ A mulher sussurrou com o rosto banhado em lágrimas. 

— Não o deixe fechar os olhos! Agora você, Magda... Sua puta imunda, olhe para a câmera!