QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)

MUITA AGITAÇÃO

Ben tinha 13 anos quando contou para sua mãe e irmã sobre a sua condição sexual, foram muitos meses até conseguir falar. Estudava num colégio com orientação católica e se sentia extremamente culpado pelos desejos que tinha por um certo professor.

A revelação foi difícil, mas a recepção foi da forma mais doce e inesperada possível, todo o constrangimento que sentia daquela inevitável conversa foi substituído pela certeza de estar amparado por duas pessoas incríveis, Ben tinha sorte de ter nascido naquela família.

O rapaz pediu perdão por frustrar as espectativas que elas pudessem ter criado nele. Sua mãe disse que ela não criou espectativa nenhuma porque ele não tinha a responsabilidade de agradar os seus desejos e sim viver plenamente sentindo a brisa da liberdade que ela e o pai tinham dado a ambos os filhos desde que nasceram.

As duas disseram que sempre souberam, mas que estavam esperando ele se abrir, não apenas para uma conversa com a família, mas se abrir para si mesmo.

Essa também foi a fase que Benício mais sentiu falta de seu pai, segundo a mãe ele foi a primeira pessoa a tocar no assunto e disse que a família deveria se unir no momento que o menino se sentisse bem para falar isso.

Greg também esperava que quando Benício crescesse tivesse a oportunidade de viver num mundo sem preconceitos, onde os homens pudessem se amar sem precisar se esconder, e que a sua família deveria agir diferente das famílias que rejeitam os seus filhos, os levando a viver oprimidos e muitas vezes frustrados.

O garoto não conteve as lágrimas aos saber disso, sentia muita falta do pai, falta de conhecer um homem com tamanha sensibilidade, de ter alguém assim pra conversar, ele certamente era um homem muito raro para a sua geração. Infelizmente Greg não veria o mundo tão mudado se estivesse ainda vivo, mesmo com alguns avanços ainda existiam muitas situações envolvendo os homossexuais que precisam de mudança no mundo.

Um problema para Benício é que mesmo com esse amparo familiar, acabou não se sentindo nenhum pouco a vontade com os relacionamentos que teve. E mesmo entendendo sua própria condição, se via incomodado ao ser observado com outros caras em público, no julgamento que as pessoas poderiam ter.

Com o tempo percebeu que o preconceito estava na sua própria cabeça, que não precisava de ninguém o apontando, pois ele mesmo já se condenava tentando se moldar numa nova personalidade ou um esteriótipo perfeito.

Demorou a entender que quando observava outros gays com certo desdém, muitas vezes os ridicularizando estava sendo tão mesquinho como aqueles que o olhavam diferente.

Após essa reflexão acabou se sentindo muito melhor, por saber que estava muito mais próximo daquilo que ele, seu pai gostaria que fosse.

Ainda no período do namoro com Berê, o Fred ficou sabendo disso tudo e apesar de achar que era muito cedo para o menino ter tamanha certeza quanto a sua sexualidade, preferiu não se intrometer. Com a convivência ele entendeu que independente das escolhas de Ben, ele deveria ser seu amigo, e se empenhou, se empenhou muito com a irmã tentando fornecer um ambiente familiar e acolhedor para o garoto. Ainda assim tentou interferir apresentando algumas meninas, umas da sua própria família, situação que deixou tanto Ben quanto Berê bastante constrangidos. O próprio Fred não deu o braço a torcer, mas também ficou envergonhado da situação que criara.

Quando Ben ficou com o primeiro garoto, contou no mesmo dia para Berê, ela fez festa com a situação. Depois disso vieram mais alguns rapazes e todas as vezes ela ficava muito mais empolgada que o próprio Benício, esperando o grande momento que lhe contaria sobre a primeira vez. Depois ela percebeu que não seria tão rápido assim, os ficantes de Benício não passavam de um os dois beijos e nada mais, como o próprio rapaz pouco se importava ela também não ligava, as cobranças diminuíram, ela entendeu que ele não estava pronto para isso, que sonhava com algo especial.