MORDE E ASSOPRA

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Aquela talvez tenha sido uma das cenas mais marcantes da vida de Benício. Dois brutamontes se abraçavam e choravam acompanhados de telespectadores tão comovidos com aquela visão como os próprios protagonistas.

Nos instantes seguintes o babá, viu Fatinha e Allan se juntarem a Adriano e Alex num abraço pra lá de emocionado. Viu somente até aí, seus próprios olhos haviam o sabotado e como num romper de uma represa sua visão ficou turva após ser invadida por poças de lágrimas que vieram tão logo ele percebeu que o seu doloroso esforço havia dado certo.

Ele não sabia o que aconteceria dali por diante, talvez as coisas não voltariam a ser como vinte anos atrás, mas um passo foi dado para um tempo de paz entre os Falconi.

Benício voltou a si quando viu Markus observar tudo aquilo um tanto quanto perdido, talvez para um europeu ainda era muito difícil entender todo esse lado emocional dos brasileiros.

Logo terminaram o abraço e um silêncio invadiu novamente a sala, Allan percebendo o climão resolveu intervir tirando um sarro da cara de Tubarão.

- Quer dizer que o todo poderoso Tubarão Falconi sabe o que é chorar? eu vivi para ver que você tem algo dentro desse peito além de leite.
- Vá se foder moleque, vou te mostrar de onde é que sai leite aqui.
- Opa- Falou aos berros o caçula- Que pervertido você hein Tubarão, em pensar que esse drama todo era porque o Adriano era ator pornô.
- Basta isso é assunto que se fale seus depravados. Vocês me respeitem, eu ainda sou a mãe de vocês.
- E continuará sendo, nossa mãe e a rainha da depravação- Falou Allan tirando um sarro da matriarca dos Falconi.
- Pelo que vejo o Tubarão e o Allan continuam nessa briga de cão e gato né? - Adriano interviu na conversa.
- Você foi embora e me deixou com a responsabilidade de ensinar alguma coisa a esse encosto. Pelo que você vê mano a missão frustrou- Tubarão decidiu seguir provocando Allan.
- Tenho certeza do contrário, tanto você como o Allan se tornaram grandes homens, me orgulho muito de vocês, sempre ficava imaginando como vocês estavam quando minha mãe contava as novidades daqui. Eu senti muita falta de vocês.
- Nós também- Falou Fatinha- Mas agora já chega, está tudo muito lindo, mas estou desidratada de tanto chorar. Preciso comer, vamos almoçar meninos, antes que a comida esfrie.

Foi uma correria até a cozinha, até que Fatinha se deu conta que faltava alguém ali.

- Filho cadê o Julinho? Por que ele não está com vocês?
- Está na casa de um amigo, vou buscar daqui a pouco.
- Só está faltando ele, e a Débora é claro. Se bem que a Débora nem tanto- Fatinha falou cochichando e torcendo a boca.
- Não vamos falar da Débora agora mãe, por favor, se não corre o risco de perdermos o apetite.

Benício não pode deixar de ouvir a conversa de mãe e filho, se lembrou que tinha outros problemas a solucionar, como dar um basta nos planos de Débora. Ao mesmo tempo que pensava em articular algo, se detestava por dar vida a algo em sua personalidade que sempre tentou abafar, o seu lado herói, não foram poucas as vezes em que ele se meteu em roubada para tentar ajudar alguém, e agora essa era mais uma delas.

Foi interrompido dos seus pensamentos com um beijo estalado que Allan deu na sua boca sem se importar com as demais pessoas a volta, Benício por sua vez ficou constrangido ao perceber que agora o foco das atenções eram os dois.

O brutamontes entendendo o climão que havia criado puxou Ben pelo braço até o corredor onde ficavam os quartos.

- Pronto, pode respirar agora.
- Por que você me beijou daquele jeito cara?
- Porque me deu vontade porra, é assim que acontece com os namorados esqueceu? Ou eu agora tenho que te mandar uma mensagem de texto avisando "querido roceiro, nos próximo vinte segundos vou beijar os seus lábios sensuais na frente de toda a minha família reunida".
- Não é isso, é que você me pegou de surpresa.
- Exatamente, e é assim que é bom. Te vi ali paradão feito uma planta e decidi te dar um beijão.
- Seu louco.
- Louco por você seu roceiro filho da puta. Agora me diz, no que tanto pensava? - Falou isso pressionando o próprio corpo junto ao do babá na parede. O brutamontes estava sem camisa, vestia apenas uma bermuda rasgada com tons militares.
- Coisa minha Allan.
- Coisa nossa, tudo que vem de você me interessa.
- Você hoje acordou animado, cheio de romantismo.
- Você acha? - Falou com um semblante safado- Eu acho que esse lance todo do Adriano mexeu comigo, tô cheio de amor pra dar.
- Eu tô sentindo a protuberância desse amor crescendo nas minhas coxas.
- E você quer o meu amor? - Allan sequer esperou Benício responder, invadiu os lábios do namorado, num misto de fome e desejo, Ben acabou sendo seduzido e não esboçou reação contrária.

QUERIDO BABÁ (ROMANCE GAY)Onde histórias criam vida. Descubra agora